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Provavelmente, antes do vosso bebé ter nascido prematuro, já tinham ouvido falar de algum caso ou de alguém que já passou pela experiência de ter um bebé que nasceu prematuro.

Trata-se, sem dúvida, de uma situação delicada e que, na maior parte das vezes, é inesperada. Além disso, as informações disponíveis sobre o assunto podem acabar por gerar nos pais preocupações desnecessárias, ansiedade e insegurança. Por isso, é muito importante conhecer esta realidade e as práticas que fazem com que a vida do vosso bebé prematuro e da vossa família seja muito melhor que há algum tempo atrás.

Nos capítulos seguintes, podem encontrar detalhes sobre a definição de bebé prematuro, as causas do nascimento prematuro, as estatísticas sobre esta realidade em Portugal e no mundo, o que vai acontecer ao vosso bebé durante os próximos meses, a importância do aleitamento materno, as principais complicações que podem surgir, como vai ser o crescimento e o desenvolvimento do vosso bebé, como se pode prevenir a prematuridade e um glossário de alguns dos termos técnicos utilizados.

O que é um bebé prematuro?

A duração normal de uma gravidez é de 37 a 42 semanas. Quando os bebés nascem antes das 37 semanas de idade gestacional, então estamos perante um bebé prematuro ou pré-termo.

Se procurarmos no dicionário, podemos verificar que a palavra prematuro tem origem no termo latino praematurus, de prae (antes) + maturus (maduro).

O bebé prematuro nasce com uma imaturidade dos seus órgãos e sistemas (respiração, controlo da temperatura, digestão, metabolismo, etc.), o que o torna mais vulnerável a determinadas enfermidades e, também, mais sensível a determinados factores externos (como sejam a luz e o ruído).

É possível que um bebé nasça às 40 semanas com um peso igual ao de um bebé prematuro de 32 semanas, neste caso, trata-se de um bebé pequeno para a sua idade gestacional.

Apesar de serem uma "versão pequena" de um bebé de termo, os bebés prematuros, principalmente os que nascem antes das 35 semanas de gestação ou que são muito pequeninos, necessitam de uma atenção especial e de cuidados extraordinários para conseguirem amadurecer biologicamente e sobreviver fora do ambiente protector que é o útero da mãe.

O vosso bebé poderá ter que permanecer na enfermaria da maternidade ou ser admitido na Unidade de Cuidados Intermédios ou na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN). Presentemente, os recursos tecnológicos destas unidades permitem dar assistência e possibilitar a sobrevivência dos bebés prematuros.

Os cuidados proporcionados por estas unidades neonatais são estruturados para ajudar os bebés a levarem a cabo 3 funções essenciais que, muitas vezes, estes bebés têm dificuldade em controlar: a temperatura corporal, a respiração e a alimentação. A colocação dos bebés numa incubadora, ou num berço aquecido, ajudará a manter a sua temperatura corporal, um ventilador ou um respirador ajudá-los-á a respirar e receberão a alimentação necessária através de um tubo que é colocado no narizinho, no estômago ou numa veia.

O bebé prematuro pode classificar-se, segundo a idade gestacional, em:
• Pré-Termo Limiar: Aquele que nasce entre as 33 e as 36 semanas de idade gestacional e/ou tem um peso à nascença entre 1500g e 2500g.
• Prematuro Moderado: Aquele que nasce entre as 28 e as 32 semanas de idade gestacional e/ou tem um peso à nascença entre 1000g e 2500g.
• Prematuro Extremo: Aquele que nasce antes de ter completado as 28 semanas de idade gestacional e/ou pesa menos de 1000g. Como consequência desta maior imaturidade, é classificado como grande prematuro e apresenta problemas mais frequentes e mais graves.

No que se refere ao seu aspecto físico, destacam-se como principais características as seguintes:
• Tamanho pequeno
• Baixo peso ao nascer
• Pele fina, brilhante e rosada, por vezes coberta por lanugo (penugem fina)
• Veias visíveis sob a pele
• Pouca gordura sob a pele
• Cabelo escasso
• Orelhas finas e moles
• Cabeça grande e desproporcional em relação ao resto do corpo
• Músculos fracos e actividade física reduzida (ao contrário de um lactente de termo, um lactente prematuro tende a não elevar os membros superiores e inferiores)
• Reflexos de sucção e de deglutição fracos ou inexistentes
• Respiração irregular

As possibilidades de sobrevivência de um bebé prematuro estão condicionadas pela sua idade gestacional, o seu peso ao nascer e pela presença de problemas de saúde significativos quando do seu nascimento (respiratórios, cardíacos, infecciosos, malformativos, etc.). De todos, o mais importante é, sem dúvida, a idade gestacional, uma vez que esta determina a maturidade dos órgãos do vosso bebé. O limite da idade gestacional tem vindo a aumentar cada vez mais, de tal forma que, actualmente, pode considerar-se viável um recém-nascido a partir das 23/24 semanas.

Em geral, ao início, as incapacidades/sequelas são difíceis de prever. Existem factores que aumentam o risco, bem como outros que só se manifestam após alguns dias/semanas de internamento.

De acordo com a evolução do vosso filho e os problemas que este apresente, o médico ir-vos-á informando acerca das possibilidades de sequelas futuras, se bem que algumas delas só poderão ser diagnosticadas em etapas posteriores da vida do vosso filho.

Fonte: www.prematuros.info; “Guia dos Pais do Bebé Prematuro”, Abbott Laboratórios Lda.; www.aboutkidshealth.ca

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Porque é que o vosso bebé nasceu prematuro?

Raramente se está preparado(a) para um bebé prematuro. Apenas na gravidez gemelar se espera uma gravidez mais curta.

Apesar da intensa investigação e dos enormes progressos na Medicina, ainda hoje não são completamente conhecidos os mecanismos causadores do parto pretermo.

A incidência de parto pretermo varia de país para país, de raça para raça e nos países mais industrializados aumentou até ligeiramente. Uma das razões para que tal aconteça é o avanço da tecnologia médica, permitindo que actualmente possam nascer e sobreviver bebés que, há alguns anos atrás, não teriam tido essa capacidade. Por outro lado, o melhor domínio e compreensão de algumas doenças crónicas permitiu que hoje possam ser mães mulheres que anteriormente, pela patologia que têm, não teriam tido possibilidade de levar a cabo uma gravidez até à viabilidade do feto.

O parto pretermo é um sindroma complexo em cuja génese são conhecidos múltiplos factores de risco, há já evidência de que estão implicados factores bioquímicos, imunológicos, histopatológicos e anatómicos.

O início do parto pretermo é:
• Espontâneo em 20 a 30 % dos casos
• Ocorre após ruptura de membranas (bolsa de águas) em 30 a 40% dos casos
• Medicamente indicado em 35 a 40% dos casos por razões que envolvem riscos para a mãe e para o bebé

Normalmente, a prematuridade induzida é resultado de um contexto de hipertensão arterial severa, de um atraso de crescimento grave ou de hemorragias da mãe.


Factores de risco

É bem conhecida a associação de alguns factores de risco ao parto pretermo:

1) Antecedentes maternos
• Problemas ginecológicos, tais como malformações uterinas, fibromiomas ou Insuficiência cervical (fraqueza do colo do útero)
• Antecedentes de partos pretermo anteriores ou abortos de repetição
• Idade da mãe (menor de 18 anos e maior de 35 anos)

2) Causas relacionadas com a gravidez
• Hipertensão arterial e suas complicações
• Hemorragias vaginais
• Ruptura prematura de membranas (rebentamento das águas)
• Trabalho prematuro espontâneo
• Atraso de crescimento intra-uterino
• Infecções urogenitais ou sistémicas (pneumonia, pielonefrite ou apendicite aguda)
• Diabetes
• Malformações do feto
• Técnicas de reprodução assistida que resultam em gravidez múltipla
• Acompanhamento pré-natal inexistente ou tardio

3) Outros factores
• Stress materno crónico
• Má nutrição por parte da mãe
• Hábitos pouco saudáveis e consumo de tabaco, álcool e drogas
• Violência doméstica e acidente por impacto
• Carências sociais e económicas

Principais patologias de partos muito prematuros

Existem 5 grandes situações clínicas que dão origem a um parto prematuro antes das 33 semanas de gestação:
• Hipertensão arterial e suas complicações, em 20% dos casos.
• Hemorragias, em 20% dos casos.
• Ruptura prematura de membranas, em 25 a 35% dos casos.
• Trabalho de parto espontâneo, em 25 a 30% dos casos.
• Atraso de crescimento intra-uterino.

Falamos de hipertensão quando a pressão arterial sistólica é >= 140 mmHg e/ou a pressão arterial distólica é >= 90 mmHg. É habitual distinguir entre as mulheres que têm uma hipertensão que já existia antes da gravidez daquelas que desenvolvem uma hipertensão pela primeira vez durante a gravidez.

A hipertensão arterial pode complicar-se noutras patologias, entre as quais as mais conhecidas são as seguintes:
• Pré-eclampsia: a hipertensão arterial está associada à presença de proteínas na urina que revelam anomalias ao nível renal.
• Eclampsia: trata-se de uma complicação mais grave da hipertensão arterial durante a gravidez e manifesta-se por convulsões que revelam sofrimento ao nível cerebral.
• Sindroma HELLP: representa também uma complicação grave da hipertensão arterial durante a gravidez e manifesta-se por alterações hepáticas, uma destruição de glóbulos vermelhas e de plaquetas sanguíneas.
• Hematoma retro-plancetar: trata-se do descolamento prematuro da placenta acompanhado de um hematoma.

São sangramentos abundantes que colocam em risco a mãe e o bebé. Incluem normalmente:
• Placenta prévia: trata-se de uma placenta mal inserida (a placenta está totalmente alojada sobre o colo do útero) que pode complicar-se numa hemorragia.
• Hematoma retro-plancetar: pode resultar duma associação com hipertensão mas manifestar-se também em mulheres que não sofrem de qualquer doença hipertensiva.
• Outras hemorragias do 3º trimestre de gravidez em que a sua origem não é identificada.

Trata-se de um rebentamento das águas antes do termo da gravidez e do ínício do trabalho de parto. Uma das explicações para este rebentamento antecipado pode ser uma infecção. Cerca de 1/3 das rupturas prematuras de membranas estão associadas a infecções intra-uterinas. Outros factores como as condições sócio-económicas desfavoráveis ou o consumo de tabaco podem estar também implicados.

Corresponde ao início do trabalho de parto antes do termo normal de uma gravidez (37 semanas de gestação) e em que as membranas ainda se encontram intactas. O papel das infecções é fortemente suspeito. Pelo menos 15% das mulheres que dão à luz na sequência de um trabalho de parto espontâneo são portadoras de um infecção uterina. Outros eventos ligados a condições de vida difíceis e o stress poderão estar também implicados.

Corresponde a um peso à nascença demasiado baixo para a idade gestacional. O atraso de crescimento é geralmente diagnosticado através das ecografias efectuadas durante a gravidez e está, em parte, relacionado a anomalias de vasculatização entre o útero e a placenta. As trocas entre a mãe e o feto não se dão em boas condições e os aportes nutricionais e o oxigénio tornam-se insuficientes, o que faz com que os riscos para o feto sejam significativos.

É neste contexto que as equipas médicas são levadas a provocar um parto prematuro, normalmente por cesariana.

É frequente ver a hipertensão arterial associada a um atraso de crescimento intra-uterino. Outras causas podem estar relacionadas com doenças do feto (malformações ou doenças genéticas). No entanto, em grande parte dos casos não é possível identificar as causas.

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O que dizem as estatísticas?

PREMATURIDADE EM PORTUGAL

Em Portugal, o nº de nascimentos tem vindo a diminuir durante os últimos anos. Em 2007, nasceram 102’567 nados-vivos, o que representa uma quebra de -14,6% quando comparado com o ano de 2000.

Por sua vez, a taxa de prematuridade (calculada para bebés nascidos antes das 37 semanas de idade gestacional) tem vindo a aumentar e, em 2007, cifrava-se em 9,1%. Nesse ano, nasceram 9’296 bebés prematuros, o que representa um crescimento de +31,5% quando comparado com o ano de 2000.

Em 2007, fazendo uma classificação por tipo de prematuridade, constata-se que 87,8% dos nascimentos prematuros corresponderam a pré-termos limiares (8’160 nascimentos entre as 33 e as 36 semanas de idade gestacional), 9,3% a prematuros moderados (866 nascimentos entre as 28 e as 32 semanas de idade gestacional) e 2,9% a prematuros extremos (270 nascimentos antes das 28 semanas de idade gestacional).

A taxa de prematuridade tem aumentado ao longo dos últimos anos e está intimamente ligada à incidência de gravidez gemelar que é o factor de risco principal tanto da prematuridade como de baixo peso ao nascer. As grávidas abaixo dos 19 e acima dos 40 anos, com comportamentos de risco, fumadoras, com má vigilância da gravidez têm também riscos acrescidos.

Os avanços médicos na área da prematuridade têm sido enormes e as taxas de sobrevida dos bebés com peso ao nascer inferior a 1’500g têm aumentado gradualmente para mais de 85%. Actualmente, pode dizer-se que um bebé com um peso à nascença superior a 1’000g tem uma probabilidade de sobreviver superior a 95%.

Em relação às sequelas, a percentagem é significativa mas, avaliados após a alta, podemos dizer que 70% ficarão sem qualquer problema. A probabilidade de ocorrência de problemas é inversa à idade gestacional.

Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística; “Nascer prematuro – Um manual para os pais dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007)

Abaixo, podem encontrar alguma informação estatística sobre a natureza dos nascimentos prematuros. Na maioria dos casos, os resultados apresentados dizem respeito ao ano de 2004 e cobrem mais de 30 países ao nível Europeu. Para efeitos de simplificação, os gráficos apenas dizem respeito aos valores de 8 países: Alemanha, Espanha, França, Itália, Holanda, Portugal e Reino Unido (Inglaterra e País de Gales).

• Idade Materna: Em geral, as mães estão a ter filhos cada vez mais tarde. O risco de um parto prematuro é maior nas mães com idade superior a 35 anos e inferior a 20 anos. Em 2004, a % de mães Europeias com idade superior a 35 anos variou entre 7,5% e 24,3%, dependendo dos países. A % de mães com idade inferior a 20 anos variou entre 1,3% e 9,3%.

• Prematuridade: Desde a década de 80, e apesar dos esforços de prevenção, as taxas de prematuridade têm vindo a aumentar em muitos dos países da Europa Ocidental. Em 2004, a taxa de prematuridade (calculada para bebés nascidos antes das 37 semanas de idade gestacional) variou significativamente entre 5,5% e 11,4%. Os bebés nascidos antes das 32 semanas de idade gestacional variaram entre 0,9% e 1,1%.

• Idade Gestacional: Em geral, quanto menor fôr a idade gestacional à nascença, maiores serão as probabilidades de complicações e de sequelas. Os bebés nascidos antes das 32 semanas de idade gestacional representaram cerca de 1% dos nascimentos efectuados na Europa durante o ano de 2004.

• Prematuros de Extremo Baixo Peso: Para estes efeitos, os bebés de extremo baixo peso (EBP) são aqueles que pesam menos de 1500g à nascença. Estima-se que, todos os anos, nasçam cerca de 2 milhões de bebés de EBP em todo o mundo. Em 2006, na Europa, o peso médio de prematuros nascidos com EBP era de 1157g para uma idade gestacional correspondente a 28,6 semanas. As principais complicações a que estes bebés se encontraram sujeitos quando da sua estada junto da Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN) foram as seguintes:

• Mortalidade: A maioria das mortes neonatais estão associadas com partos prematuros e anomalias congénitas. O risco de mortalidade é tanto maior quanto menor fôr a idade gestacional do bebé à nascença. As taxas de mortalidade mais elevadas ocorrem em bebés nascidos antes das 28 semanas de idade gestacional, principalmente naqueles nascidos antes das 26 semanas. A maioria das mortes neonatais ocorrem durante os 7 primeiros dias de vida após o nascimento. Em 2004, as taxas de mortalidade variaram entre 2 e 5 por cada 1000 nascimentos.

• Gravidezes múltiplas: O risco de um parto prematuro é maior nas gravidezes múltiplas. As taxas de gravidezes múltiplas na Europa variam entre 12 e 20 por cada 1000 mulheres. As taxas de prematuridade em gravidezes múltiplas são cerca de 7 a 10 vezes mais elevadas do que em gravidezes individuais.

• Procriação Medicamente Assistida: Em 2004, os bebés nascidos com recurso à procriação medicamente assistida representaram cerca de 5% na Europa.

Em relação aos Estados Unidos da América (EUA), a taxa de prematuridade é superior à taxa que vigora actualmente em Portugal (em 2006, 12,8% nos EUA contra 7,9% em Portugal).

Nos EUA, entre 1996 e 2006, a taxa de prematuridade subiu mais de +16%. Em 2006, 1 em cada 8 bebés (12,8%) nascia prematuramente (antes das 37 semanas de idade gestacional) e 1 em cada 12 bebés (8,3%) nascia com peso entre as 1’500g e as 2’500g.

Em média, todas as semanas nascem nos EUA:

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O que vai acontecer ao vosso bebé durante os próximos tempos?

O nascimento de um bebé será sempre um acontecimento sublime e um momento de celebração e de festa! Quando a chegada do bebé ocorre cedo demais e os pais se confrontam com um nascimento prematuro, essas emoções podem ser verdadeiramente dolorosas, acarretando um turbilhão de sentimentos e pensamentos confusos e intensos.

Durante a gravidez, os pais idealizam o bebé. Aquando do seu nascimento, surge o confronto entre o bebé que foi idealizado e o bebé agora real. Esta adaptação ao bebé real torna-se mais difícil com o nascimento de um bebé em risco: perde-se o bebé idealizado e surge o bebé que era temido, conduzindo a sentimentos de elevado sofrimento.

O nascimento é, sem dúvida, o primeiro momento de tomada de consciência dos numerosos desafios e dos dias, muitas vezes difíceis, que se avizinham. Provavelmente, no momento do nascimento só poderão ver o vosso bebé durante breves segundos, pois ele necessitará de cuidados médicos.

Nos capítulos seguintes irão encontrar informações acerca de diferentes temáticas relacionadas com a prematuridade. Notem que estes conteúdos são apenas indicativos e que deverão sempre colocar as vossas questões e dúvidas à equipa clínica da UCIN (Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais) e/ou da Unidade de Cuidados Intermédios.

Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007)

Os recém-nascidos que precisam de cuidados médicos ou cirúrgicos são internados numa área
especial do hospital chamada "Neonatologia" ou Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN). Os recursos tecnológicos de uma UCIN permitem, presentemente, dar assistência e possibilitar a sobrevivência dos bebés prematuros.

Entrar numa UCIN pela primeira vez é, na maioria dos casos, extremamente stressante e um choque para os pais. Não só pela circunstância do vosso bebé ser muito prematuro ou estar doente e toda a ansiedade natural que isso acarreta, mas pelo ambiente um pouco estranho, desconhecido e por vezes até assustador que vos rodeia !

As unidades são frequentemente muito movimentadas, com muitas pessoas a desempenharem diferentes funções e com aspecto "muito ocupado", alarmes a tocar e por vezes com luzes estranhas! Peçam ao enfermeiro que vos explique qual a função de cada uma das máquinas, pois a compreensão do que envolve o vosso bebé ajudar-vos-à a ficarem mais tranquilos. Os pais são sempre incentivados a perguntar tudo o que desconheçam, a expor as suas dúvidas e angústias e os profissionais tentam sempre mantê-los a par de tudo o que se vai passando com o vosso bebé.


Visitas

Geralmente, o médico ou o enfermeiro vem mostrar o bebé, dar informações clínicas e dizer quais as normas com que a UCIN se rege nomeadamente quanto a visitas. Normalmente, os pais podem ver o seu bebé a qualquer altura e as visitas do pai e da mãe são encorajadas durante todo o dia. Mas, sendo um local com tantas crianças gravemente doentes, a grande maioria das unidades só permite uma visita curta dos avós ou irmãos, desde que estes não estejam doentes, por exemplo constipados. Esta regra foi criada para proteger o vosso pequenino bebé de germes durante um período em que este ainda tem muito pouca capacidade de combater eventuais infecções.


Toque

Em alguns casos, o pessoal de enfermagem poderá pedir-lhes que não toquem no bebé. A movimentação do bebé poderá sobreexcitá-lo, o que fará com que utilize energia preciosa de que necessita para respirar, absorver comida e crescer. À medida que o vosso bebé se torna mais estável e inicia o seu crescimento, são encorajados a pegar no bebé e a ajudar a cuidar dele.


Transferências entre hospitais

Há recém-nascidos que vão nascer em maternidades que não têm estas UCIN. Se a sua necessidade é prevista antes do nascimento, estes bebés são idealmente transferidos ainda dentro da barriga da mãe para locais onde possam ter todo o apoio de que irão necessitar. Se
não, têm de ser transferidos através de uma ambulância do INEM especialmente preparada para eles e ficam longe da mãe. É mais uma dura prova para os pais. Ao pai que deverá vir ver
logo o bebé, costuma ser dada uma fotografia do seu filho para levar à mãe e ajudar a que a separação seja menos difícil.


Transferências entre unidades

Em alguns casos, o vosso bebé poderá ser transferido para uma unidade menos especializada, à medida que fôr fazendo progressos. Provavelmente, irão ter sentimentos contraditórios relativamente a esta transferência, preocupando-se se o pessoal deste hospital está igualmente qualificado para dar ao vosso bebé todos os cuidados necessários. A transferência é uma boa notícia, uma vez que significa que o vosso bebé está a fazer progressos.

As UCINs estão equipadas com máquinas sofisticadas, monitores e materiais especialmente adequados aos recém-nascidos. Toda a tecnologia que rodeia o vosso bebé tem de ser adaptada ao seu caso específico. O equipamento que o envolve pode parecer assustador mas trata-se de um precioso auxílio para que tudo corra bem com o vosso bebé.

Geralmente, a primeira visita ao bebé é feita pelo pai e só algumas horas ou dias mais tarde irá receber a visita da mãe, devido ao parto em si e ao facto de poder ter sido submetida a uma anestesia geral. Chegados à UCIN, é normal que se sintam impressionados pela quantidade de aparelhos, tubos, fios e cabos que o vosso bebé tem ligados.


Incubadora ou berço aquecido

Os bebés encontram-se dentro de uma incubadora ou de um berço aquecido, onde a temperatura e a humidade do ambiente é vigiada. Estes têm por função substituir o útero materno, mantendo um ambiente quente e regulando a temperatura consoante a temperatura do bebé. A incubadora proporciona a humidade necessária ao equilíbrio do bebé e protege-o das infecções e do barulho. Todos os cuidados e tratamentos são realizados dentro da própria incubadora.


Sensores e Monitores

Os bebés têm geralmente colocados sensores ligados por fios e cabos a monitores que servem para dar informações sobre o estado de saúde dos bebés e vigiam os batimentos do coração, a frequência respiratória, a tensão arterial, a temperatura, os níveis de oxigénio e de dióxido carbono e que alarmam se algum dos parâmetros sai fora do normal. Às vezes, apitam só por o vosso bebé se mexer ou por haver mau contacto, não quer dizer que haja uma situação complicada e são geralmente os enfermeiros que vêem o que se passa e avaliam a gravidade de cada alarme. É por isso que, frequentemente, as UCIN são tão barulhentas.

O monitor de frequência cardíaca e respiratória é ligado através de uns fios que terminam nuns pequenos autocolantes que são colocados no peito e na barriga do bebé e informa o estado do ritmo cardíaco e respiratório do bebé.
O oxímetro de pulso, através de uma pequena tira com uma luzinha vermelha que é colocada no braço ou no pé do bebé, mede continuamente a oxigenação do sangue e permite regular a quantidade de oxigénio que o bebé precisa.


Respiração

Os bebés que não conseguem respirar sozinhos têm de estar ligados a máquinas que são os ventiladores. Os ventiladores são aparelhos complexos e evoluídos, que de acordo com as necessidades do bebé, permitem fazer vários tipos de ventilação, que vão desde a ventilação completa até uma pequena ajuda quando o bebé se "esquece de respirar".

A ventilação faz-se através um tubo endotraqueal que sai pela boca ou pelo nariz do bebé e que, por um sistema de outros tubos, é ligado ao ventilador. O ventilador vai insuflar ar, com mais ou menos oxigénio, para os pulmões e permitir que se realizem as trocas gasosas fundamentais à vida.

Estes recém-nascidos necessitam também de aspiradores de secreções para a ventilação se processar da melhor maneira possível.

Outros bebés conseguem respirar sozinhos, embora necessitem de alguma ajuda, que muitas vezes é conseguida através de um sistema de tubos colocados no nariz e fixos a uma touca que os ajudam a respirar. Estes sistema que força o ar para os pulmões é o chamado CPAP nasal.


Alimentação e Medicamentação

Como os bebés agudamente doentes não podem ou não conseguem mamar, têm que ser administrados soros que os alimentem, para além das medicações que precisam. São várias as vias para essa administração. Poder-se-á colocar uns tubos dentro dos vasos, que se chamam cateteres, a nível do umbigo através da veia e artéria umbilical ou mesmo através de uma veia periférica.

Há bebés que não precisam destes cateteres e podem ter só um pequeno sistema colocado numa veia. Muitas vezes, o que administra os soros ou o leite para o bebé são umas máquinas chamadas perfusoras, e geralmente estão sempre várias junto de cada criança.

Há outros bebés que, embora não possam mamar, podem ser alimentados com leite, de preferência materno, através de sondas nasogátricas, uns tubos que entram pela boca ou nariz e vão directamente ao estômago. Estas sondas servem para alimentar o bebé e verificar o conteúdo do seu estômago. São utilizadas porque os prematuros cansam-se com muita facilidade, não conseguindo por isso mamar (só por volta das 34 semanas é que o reflexo de mamar surge). Assim, sem dispêndio de energia relevante, mais facilmente aumentarão de peso.

Salvo naqueles raros casos em que as mães não podem ou não devem amamentar, o seu leite é sempre o melhor para o bebé. Desde o início deve ser incentivada a recolha do leite da mãe para estimular a sua produção e se poder administrar a cada bebé o melhor leite do mundo, o da sua mãe.


Exames Médicos

Frequentemente, é necessário realizar análises ou exames, nomeadamente ao sangue, para verificar a evolução da doença e as atitudes a tomar. Estes nem sempre são desprovidas de incómodo e mesmo de dor para o bebé mas, cada vez mais, os profissionais da UCIN estão alerta para detectar precocemente os sinais de dor e administrar os medicamentos necessários.

Este é o principal equipamento que rodeia o vosso bebé. No entanto, podem encontrar outros equipamentos ou instrumentos necessários para uma situação específica. Se tal acontecer, peçam ao Enfermeiro ou ao Médico para vos explicar a sua finalidade.

A UCIN combina uma tecnologia muito avançada e diferenciada com profissionais de saúde treinados e especializados na prestação dos cuidados ao bebé prematuro ou doente. Fazem parte da equipa os neonatologistas (pediatras com treino especializado em recém -nascidos), ajudados por vezes por médicos internos de pediatria, as enfermeiras e auxiliares de acção médica.

Muitos outros profissionais são chamados à UCIN consoante os problemas específicos de cada recém-nascido, como por exemplo cardiologistas, cirurgiões, neurologistas pediátricos, fisiatras, fisioterapeutas, cinesiterapeutas, terapeutas ocupacionais, geneticistas, radiologistas, oftalmologistas, assistentes sociais ou psicólogos.

Os pais são também um elemento fundamental na equipa, a sua presença é sempre encorajada e apoiada e poderão ter uma actuação muito importante consoante cada bebé e a gravidade da sua doença.

Abaixo, podem encontrar uma lista de alguns dos profissionais de saúde relacionados convosco e com o vosso bebé prematuro.

• O Obstetra: O ostetra cuidou da mãe durante toda a gravidez e ajudou o vosso bebé a vir a este mundo. Mantenham-se em contacto com ele e participem-lhe que o vosso bebé está quase a ter alta. Uma vez que existiu um parto prematuro, a recuperação da mãe poderá ser um pouco diferente da de um parto de gestção completa, por esta razão não tenham receio de contactá-lo e de lhe dar conhecimento de quaisquer alterações ou questões relacionadas com a condição física da mãe.

• O Neonatologista: Um Neonatologista é um médico pediatra que se especializou no tratamento, nas doenças e no desenvolvimento dos recém-nascidos.

• O Pediatra: Se ainda não escolheram um pediatra para o vosso bebé, agora é uma boa altura para o fazer. Embora este não seja um médico directamente envolvido no tratamento do vosso bebé enquanto este se encontra na UCIN, poderá ser uma grande ajuda pedir ao vosso pediatra que visite o bebé antes deste receber alta. Ao fazer isto, este pode falar directamente com o pessoal da UCIN para ter um maior conhecimento da situação do vosso bebé quando o levarem pela primeira vez ao seu consultório.

• O Enfermeiro da área neonatal: O enfermeiro da área neonatal recebeu treino específico para os cuidados intensivos a um recém-nascido. Trabalha de forma muito directa com os médicos, de modo a garantir que o vosso bebé recebe todos os cuidados e tratamentos de que necessita e estará apto a responder a muitas das vossas perguntas acerca da UCIN e da condição do vosso bebé.

• O Enfermeiro de obstetrícia: O enfermeiro da área de obstetrícia pode ajudar as mães a amamentar os bebés internados na UCIN antes destes receberem alta. Muitas mães que têm bebés na UCIN têm que utilizar uma bomba para extraír o leite. Perguntem ao enfermeiro onde devem adquirir uma ou se o sistema de saúde de que são beneficiários comparticipa o custo de aquisição ou aluguer de uma bomba após a alta hospitalar.

• A Assistente Social: Uma assistente social da UCIN é um elo de ligação entre vós e o hospital. Ela estará disponível para fornecer quaisquer informações e apoio (quando necessário), como por exemplo serviços complementares. A assistente social da UCIN poderá ser igualmente coordenadora dos cuidados familiares (caso não o seja, perguntem ao vosso médico quem desempenha esse papel no hospital). Um coordenador dos cuidados familiares ajuda-os a compreenderem toda a extensão dos cuidados proporcionados ao vosso bebé e coordena as reuniões entre todas as pessoas envolvidas no cuidado do vosso bebé, como por exemplo proporcionar meios de se discutir assuntos importantes acerca da saúde do vosso bebé.

• O Psicólogo: Muitos hospitais possuem psicólogo de apoio aos pais e irmãos para famílias com bebés internados na UCIN. Estes grupos podem ajudar os membros da família a lidarem com os sentimentos relacionados com a recente experiência de nascimento. Mesmo que nunca se tenham interessado por um grupo de apoio, esta poderá ser a altura ideal para o fazerem.

• O Fisioterapeuta: O fisioterapeuta possui um treino especializado na avaliação e auxílio do tónus muscular e problemas do vosso bebé relacionados com o movimento. Recomendará quais as melhores posições em que o vosso bebé deve ser deitado e demonstrar-vos-á a melhor maneira de lidar com um bebé enquanto o seu tónus muscular e o seu sistema nervoso se desenvolvem.

• O Cardiologista: O cardiologista é um médico especializado em problemas do coração. Se o vosso bebé tem problemas cardíacos, o cardiologista irá recomendar uma monotorização especial, tratamentos ou, caso seja necessário, cirurgias para corrigir esses problemas.

• O Oftalmologista: O oftalmologista é um médico especializado na avaliação e tratamento de problemas oculares. Os bebés prematuros com problemas oculares, como a retinopatia por prematuridade, são tratados por um oftalmologista no que diz respeito a esta condição.

• O Nutricionista / Dietista: Trata-se de um profissional de saúde que se especializou na avaliação e prescrição das necessidades alimentares. Este especialista irá recomendar técnicas especiais de alimentação que irão assegurar que o vosso bebé recebe a nutrição correcta até que o seu aparelho digestivo esteja suficientemente maduro para poder ser alimentado directamente pelo peito ou através de um biberão.


Apesar do vosso bebé dormir a maior parte dp tempo, estão a acontecer muitas “actividades” no interior daquele minúsculo corpinho. Enquanto dome, o vosso bebé está a crescer e a desenvolver-se.

Os bebés muito pequeninos não conseguem mover-se sozinhos. Assim, para encorajar o crescimento e o desenvolvimento do vosso bebé, os enfermeiros irão colocá-lo em várias posições. Poderão encontrar o vosso bebé “aninhado”. O seu corpinho estará enroscado num “ninho”, como que enrolado em almofadas e em cobertores. Isto é feito para ajudá-lo a sentir-se seguro e protegido, à semelhança do que acontecia no ventre da mãe.

O fisioterapeuta pode auxiliar o pessoal de enfermagem da UCIN a decidir quando o bebé necessita de ser mudado e quais as posições mais adequadas para ele. Estes terapeutas observam a sua utilização muscular e decidem o modo como necessita de ser “exercitado”, de modo a beneficiar o seu desenvolvimento a longo prazo.

Espaço circundante

O vosso bebé ficará gradualmente mais e mais ciente do que o rodeia na UCIN. À medida que os sentidos do bebé se desenvolvem, o melhor ambiente deve ser silencioso e calmo, equilibrado pela quantia exacta de estimulação. Muita estimulação pode, no entanto, desperdiçar energia preciosa. O espaço circundante ideal, o calor, a energia, o oxigénio e a humidade são conservados de modo a proporcionar o melhor crescimento possível.

Os “cuidados agrupados” fazem parte de um método utilizado pelo pessoal de enfermagem para canalizar a energia do vosso bebé para o crescimento. Isto significa que os enfermeiros fazem todos os procedimentos necessários de uma só vez. Deste modo, o vosso bebé não será perturbado como seria se cada um dos procedimentos fôsse feito de cada vez.


A PELE E A APARÊNCIA DO VOSSO BEBÉ

A Pele

A pele é um dos maiores órgãos (cerca de 2500 cm2 no recém-nascido) e o maior órgão sensitivo do corpo humano. As suas principais funções são de protecção (barreira, percepção da dor) e de relação (tacto). É um órgão flexível, versátil, adaptável e “inteligente”, que faz a interface com o meio ambiente.

O vosso pequenino bebé é muito frágil. Uma vez que a sua pele ainda não está completamente desenvolvida, poderão facilmente ver as veias por baixo desta. Isto faz com que os bebé prematuros tenham uma coloração da pele vermelha arroxeada. A sua pele pode parecer “pegajosa” e pode ficar ferida com muita facilidade. Por esta razão, os enfermeiros untam o bebé com um gel ou um material protector para lhe proteger a pele.

Os bebés prematuros com menos de 30-32 semanas não têm ainda formadas as camadas de gordura que são armazenadas no final da gravidez. A pele é mais fina, deixando ver bem os vasos sanguíneos nela existentes.

Nos bebés ainda mais prematuros com menos de 28 semanas existe apenas uma fina camada de células à superfície da pele, em vez das múltiplas camadas dos bebés de termo. A perda de água por evaporação através desta fina camada de células é muito grande, sendo também muito frágil ao atrito e aos adesivos. Pode ser tocada pelos nossos dedos, mas não deve ser esfregada nem traccionada, devendo ser usados adesivos especiais para fixação dos sensores e cateteres conectados ao corpo do bebé. Os procedimentos em que é necessário colocar cateteres ou efectuar procedimentos cirúrgicos, que interrompem a fina barreira cutânea, além da preocupação em evitar a dor, são precedidos de desinfecção com produtos específicos.

Ao longo da formação da pele, há uma fase em que está coberta por uma “penugem” fina e macia chamada lanugo, que desaparece à medida que o bebé cresce. Já próximo do termo da gestação, a pele fica geralmente coberta por um “creme” natural, esbranquiçado, chamado vérnix, que é um excelente protector e hidratante, por vezes ainda visível nos bebés de termo.

A pele dos prematuros não tem ainda pigmento, sendo rosada, qualquer que seja a raça dos progenitores. A pigmentação vai-se dando gradualmente com o termo e depois.

O facto da pele dos prematuros ser tão fina, também torna muito fácil o arrefecimento do corpo, sendo necessário aquecer e tentar diminuir a perda de água, com películas de plástico especial e irradiadores em incubadoras “abertas” ou fechadas e aquecidas.

O sentido do tacto é um dos primeiros a amadurecer nos prematuros e, quando a situação clínica o permite, parece ser benéfico para o vosso bebé (ainda que prematuro) o contacto pele-pele com os pais ou outro adulto. Nos bebés maiores, a massagem da pele feita por pais ou outro pessoal treinado, tem um efeito calmante, reforça os laços afectivos com os progenitores e o sentimento de segurança do bebé, parecendo também possuir um efeito benéfico no seu estado clínico e desenvolvimento.

A Cabeça, as Pernas e os Braços

A cabecinha do vosso bebé poderá parecer muito grande relativamente ao tamanho do corpinho e os seus braços e pernas poderão parecer muito longos. Muitos dos bebés prematuros têm uma percentagem muito pequena de gordura a cobrir-lhe os ossos. À medida que o vosso bebé se desenvolve e cresce, as suas pernas, braços e cabeça parecerão mais proporcionais.

Os Olhos e as Orelhas

É comum que o bebé muito prematuro tenha os olhos ainda praticamente fechados na altura do nascimento. Com o tempo, estes abrir-se-ão. As suas orelhas ainda se estão a desenvolver. Estão muito perto da cabeça e têm pouca ou nenhuma cartilagem. Se as suas orelhinhas estiverem dobradas ou arqueadas, poderão ainda permancer nesta posição durante algum tempo. Não se preocupem. À medida que o bebé cresce, as suas orelhas irão desenvolver a cartilagem que fará com que estas voltem ao lugar quando são tocadas.

Os Órgãos Genitais

Um rapazinho prematuro tem um pénis muito pequenino e os seus testículos ainda não se deslocaram para o escroto. O clitóris de uma menina prematura estará muito protuberante, os lábios que o rodeiam ainda não estão completamente desenvolvidos.


OS MOVIMENTOS DO VOSSO BEBÉ

É comum que os bebés muito prematuros se mexam pouco e, quando o fazem, procedem de uma maneira “desajeitada” e “sobressaltada”. Isto acontece porque as suas respostas ainda não estão completamente desenvolvidas e a sua coordenação é ainda muito imatura.

Uma vez que estes bebés ainda têm pouco tónus muscular, terão que olhar com muita atenção para verem sinais de aumento de força e de capacidade. Poderão ver o bebé movimentar ou dobrar espontaneamente um bracinho ou uma perninha. Poderão ainda aperceber-se duma resposta de sucção se colocarem um dedo vosso perto da sua boquinha. À medida que o vosso bebé dorme, come e ganha peso, os seus músculos e tom de pele irão parecer-se mais com os dos bebés mais crescidos.


RESPIRAÇÃO ARTIFICIAL

Os pulmões dos bebés muito pequenos ainda não estão completamente desenvolvidos e os bebés prematuros sofrem, geralmente, de dificuldades respiratórias. À medida que os seus pulmões se desenvolvem, serão necessários muitos ajustamentos e cuidados extraordinários.

Uma vez que é nos pulmões que se verificam as trocas gasosas que permitem levar oxigénio a todos os órgãos do corpo, para compensar as dificuldades que sentem os bebés prematuros, torna-se indispensável dar artificialmente oxigénio ou ar misturado com oxigénio de vários modos, o que exige a prestação de cuidados por equipas de médicos e enfermeiros especializados, a realização de exames e análises várias (de sangue, radiografias, etc.), e a utilização de aparelhos, quer para compensar a dificuldade que os bebés apresentam, quer para vigiar a sua evolução, nas unidades de cuidados especiais e unidades de cuidados intensivos.

As medidas específicas a aplicar nos casos de dificuldade respiratória dizem respeito essencialmente a:

1) Administração de oxigénio (oxigenoterapia) – que depende do estado geral do bebé e da avaliação do grau de deficiência da oxigenação.

2) Compensação da dificuldade respiratória – assistência respiratória que pode culminar na
chamada ventilação mecânica.

Abaixo poderão encontrar a descrição de alguns métodos e dispositivos utilizados na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN) para auxiliar o vosso bebé a respirar. O vosso bebé possui condições especiais que irão determinar qual destes métodos será o mais adequado.

• Câmpanula de Oxigénio: As campânulas são utilizadas em bebés com dificuldades respiratórias moderadas. A campânula assemelha-se a uma caixa de plástico transparente que é colocada por cima da cabecinha do vosso bebé. Para este compartimento é bombeada uma quantidade suplementar de oxigénio, de acordo com as diferentes necessidades do bebé. A cabeça do bebé fica dentro deste “habitáculo” ligado a uma fonte de oxigénio cuja concentração em percentagem do ar é medida de modo contínuo com um sensor colocado perto da boca e do nariz (em forma de microfone). O ar tem cerca de 21% de oxigénio, portanto o suplemento de oxigénio (que deve ser humidificado) é regulado conforme a condição clínica, por vezes torna-se necessário 25-30%, por vezes mais.

• Cânula nasal: Trata-se de um tubo de plástico ligado a um dispositivo que pode fornecer uma quantidade suplementar controlada de oxigénio. O tubo é colocado por baixo do nariz do bebé e possui duas pontas que são inseridas nas suas narinas. Através do tubo circula ar com uma quantidade suplementar de oxigénio que aflui às suas vias respiratórias.

• Pressão respiratória positiva contínua (CPAP): Neste método utiliza-se um tubo que é colocado nas narinas do bebé, estando por vezes directamente ligado aos seus pulmões. Um fluxo constante de ar é forçado para os pulmões através do tubo o que proporciona uma quantidade suplementar de oxigénio e uma pressão moderada para manter as vias respiratórias abertas (pressão positiva contínua no fim da expiração). Com este método é o bebé que se encarrega de fazer toda a respiração.

• Intubação endotraqueal (ET): Com este método é colocado um tubo através da boca, que desce pela garganta até à traqueia para permitir a troca directa de ar e oxigénio para dentro e para fora dos pulmões.

• Ventilação mecânica (ventilador): Neste método, o tubo endotraqueal é ligado a um respirador. Esta máquina regula o fluxo de ar, o oxigénio e a pressão de ar à medida que entram e saem dos pulmões do bebé. A frequência respiratória do bebé, o fluxo de oxigénio, assim como a pressão são controlados por ajustamentos definidos pelos médicos, enfermeiras e terapeutas da respiração. Alguns bebés mais pequeninos poderão beneficiar da técnica de ventilação de alta frequência. Neste caso, em vez de distribuir um ritmo “normal” de respirações por minuto, este ventilador faz vibrar o peito do bebé até uma intensidade de 900 pequenos sopros de ar por minuto. Os pulmões permanecem constantemente cheios de ar. Os ventiladores permitem de modo muito eficaz e controlado compensar a alteração do funcionamento pulmonar. Em geral, utiliza-se uma mistura de oxigénio e de ar e, em situações especiais, óxido nítrico.

• Tubos torácicos: Por vezes, é inserido um tubo no peito do bebé quando o ar se aloja fora dos pulmões e impede que estes se expandam. O tubo é ligado a um dispositivo de sucção que extrai o ar e permite que os pulmões se expandam.

Outras medidas

• Administração de surfactante artificial: Hoje em dia, é possível administrar artificialmente surfactante através do tubo traqueal como modo de compensar a deficiência da referida substância que é fundamental para garantir a “abertura dos alvéolos pulmonares” e as trocas gasosas eficientes.

• Outras medidas: Dizem respeito à manutenção do funcionamento eficaz do coração e da circulação; ou seja, mesmo que a oxigenação pulmonar se processe eficazmente, torna-se necessário que o oxigénio chegue a todos os órgãos, que a “bomba cardíaca “ funcione e que as artérias e veias por onde circula o sangue com glóbulos que distribuem oxigénio aos órgãos e dele retiram o anidrido carbónico a eliminar pelos pulmões, também funcionem. A circulação deve também ser eficaz.

Daí a necessidade de medicação com vários fármacos e de vigilância contínua e quantificada dos batimentos cardíacos, dos movimentos respiratórios e da pressão arterial. Estas implicam a aplicação de muitos soros na veia com agulhas ou tubinhos especiais de vários comprimentos e calibres chamados cânulas ou cateteres.


ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO

Quando se encontra no útero, as necessidades nutricionais do feto são preenchidas pela mãe através da placenta e do cordão umbilical. Normalmente, a seguir ao nascimento, o bebé inicia imediatamente a sua alimentação através do peito da mãe ou de biberão. No entanto, para a maioria dos bebés prematuros, tal não é possível. Desta forma, têm de ser utilizados outros métodos de alimentação até que o bebé prematuro desenvolva adequadamente os seus reflexos de sucção e de deglutição.

Apesar do tracto gastrointestinal do feto se encontrar completamente formado por volta das 20 semanas de idade gestacional, ainda não se encontra verdadeiramente funcional. Os órgãos básicos como o estômago e o intestino delgado e grosso já estão formados, mas alguns mecanismos necessários para que o tracto gastrointestinal comece a funcionar ainda não se encontram desenvolvidos, como por exemplo:
• A peristalse, as contracções normais do intestino que fazem mover a alimentação através do sistema, só começa a funcionar adequadamente a partir das 29 semanas de idade gestacional.
• As enzimas necessárias à digestão do leite podem não ser ainda produzidas em quantidade suficiente por forma a serem eficientes.
• A coordenação dos movimentos de sucção e de deglutição não está presente antes das 34 semanas de idade gestacional.

Além disso, a alimentação através do peito da mãe ou de biberão pode não ser possível porque o bebé se encontra sujeito a determinadas intervenções que a tornam impraticável. Por exemplo, um bebé que respira com a ajuda de um ventilador não pode ser alimentado através do peito ou de biberão.

Felizmente, nos últimos 20 anos, assistiu-se a um notável progresso científico e tecnológico na área da Neonatologia que tem tornado possível a sobrevivência de bebés prematuros cada vez mais pequenos. Para esta situação, muito contribuiu o aparecimento de novas fórmulas de alimentação, o que constitui um factor determinante para uma boa sobrevivência em qualquer idade, em especial entre prematuros.

Dependendo da idade gestacional quando do nascimento, o bebé prematuro poderá vir a ser alimentado através das veias por soluções especialmente concebidas para o efeito e, logo que esteja livre dos problemas que afectam a sua estabilidade, irá ser alimentado através de sonda ou mesmo pela boca, com o próprio leite materno.

Os bebés muito prematuros não são inicialmente capazes de mamar ou de engolir suficientemente bem para satisfazerem as suas necessidades nutricionais e de líquidos. Muitos deles gastariam mais calorias durante o processo de sucção e de deglutição do que aquilo que conseguiriam assimilar. Por esta razão, o vosso bebé poderá receber as suas primeiras calorias por via intravenosa (via IV) e, mais tarde, através de uma sonda que conduz o alimento directamente ao estômago do vosso bebé. A alimentação por sonda inicia-se lentamente e com pequenas quantidades para ajudar a que o aparelho digestivo do vosso bebé comece a funcionar. O vosso bebé irá receber a nutrição que foi estabelecida para satisfazer as suas necessidades específicas. A nutrição, por via IV e/ou através de sondas, será equilibrada e ajustada ao que melhor se adapta ao vosso bebé.

Apesar de vos parecer que as sondas na traqueia ou os tubos nas veias possam causar dor ou desconforto ao vosso bebé, tal não acontece. A aflição que o bebé poderá sentir será muito ligeira e durará apenas 1 ou 2 segundos enquanto o tubo fôr colocado. À medida que o bebé se desenvolve, os seus reflexos de sucção e de deglutição também se desenvolvem. A partir dessa altura, está pronto a ser alimentado pelos métodos habituais, no peito ou pelo biberão.

A alimentação por via intravenosa (via IV) remete a nutrição directamente para o sistema sanguíneo do bebé, sem passar pelo sistema digestivo. Para a alimentação por via IV são utilizados um ou mais dos métodos que se seguem.

• Via Periférica: É colocada uma agulha fina (abocath) numa veia perto da superfície cutânea do braço, perna, pé, mão ou couro cabeludo do vosso bebé.

• Linha Umbilical: É colocado um tubo fino (catéter) numa artéria ou veia do cordão umbilical, permitindo um acesso fácil para a administração da alimentação, medicação e para se proceder a testes.

• Linha Central: Consiste em introduzir cirurgicamente um catéter num vaso sanguíneo principal através do peito ou da virilha. À semelhança da linha umbilical, permite um acesso fácil e torna a recolha de amostra para o laboratório mais fácil para todos. Outro sistema, mais utilizado do que o anterior, que não necessita de cirurgia e que é utilizado quando os vasos sanguíneos do bebé ainda não estão suficientemente desenvolvidos, é a colocação de um catéter comprido e muito fino dentro de uma veia do braço ou da perna e que vai até à veia cava superior. Este método pode ser utilizado durante um longo período de tempo.

Inicialmente, o vosso bebé será alimentado com uma mistura de açúcares e minerais, proteínas simples e vitaminas. A mistura será ajustada às necessidades do bebé, sendo alterada diariamente se fôr necessário. Gradualmente, serão adicionadas proteínas, minerais e vitaminas mais complexas. As gorduras ou lípidos poderão ser administrados separadamente, dependendo das necessidades do vosso bebé.

O método de administração de todas as suas necessidades energéticas por via IV é denominado Nutrição Parentérical Total ou NPT. A NPT ultrapassa o aparelho digestivo do vosso bebé devido ao facto de ser imaturo e, provavelmente, não poder ainda trabalhar de modo a ajudar o bebé a crescer.

Por vezes, o médico pode ordenar imediatamente a alimentação por tubo ou sonda de um bebé prematuro. Neste tipo de alimentação, administram-se quantidades cuidadosamente medidas de alimento (leite materno, o alimento ideal que preenche todas as necessidades do bebé ou, na ausência deste, uma fórmula especialmente concebida para bebés prematuros) que vão directamente para o estômago do bebé. A partir desta altura, os alimentos passam a ser processados pelo próprio aparelho digestivo do bebé.

A alimentação por sonda é iniciada lentamente e com pequenas quantidades de alimento, o que ajuda a desenvolver gradualmente o aparelho digestivo do vosso bebé. À medida que o vosso bebé vai tolerando cada vez melhor as quantidades de alimento, estas vão sendo progressivamente aumentadas.

Abaixo, podem encontrar a descrição dos vários métodos de distribuição da alimentação.

• Tubo nasogátrico (NG): É introduzido um tubo flexível no nariz do bebé, descendo pelo esófago até ao estômago.

• Tubo orogástrico: Com este método, um tubo flexível é introduzido na boca do bebé, descendo pelo esófago até ao estômago.

• Tubo nasojejunal (NJ): Este tubo é inserido no nariz do bebé, descendo pelo esófago, mas ao contrário dos dois métodos anteriores, passa através do estômago para distribuir a comida directamente na primeira parte do intestino.

• Tubo de gastrostomia: Nos bebés que necessitam de uma alimentação prolongada (a longo prazo) é utilizado ocasionalmente um tubo de gastrostomia. Estes tubos são inseridos cirurgicamente através da parede abdominal até ao estômago.

Gradualmente, o vosso bebé será habituado à alimentação através do peito ou do biberão. Entretanto, enquanto está a ser alimentado através de sonda, ser-lhe-á colocada uma tetina na boquinha para ir praticando a sucção e o acto de engolir. Deste modo, o bebé irá associar a sucção com a comida, preparando-se assim para conseguir mamar sozinho.

Assim que o vosso bebé tiver desenvolvido adequadamente a coordenação da sucção e da deglutição, os profissionais de saúde irão ajudar-vos a alimentar o vosso bebé através do peito da mãe ou de biberão.

Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007); “Guia dos Pais do Bebé Prematuro”, Abbott Laboratórios Lda.; www.aboutkidshealth.ca


Durante o internamento na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN), e tendo em conta a fragilidade da pele dos bebés muito prematuros e o seu estado clínico mais ou menos instável, nos primeiros dias de vida só se limpa o estritamente necessário, com água morna ou soro e algodão.

Após algumas semanas de vida, o vosso bebé poderá ser lavado com água morna, eventualmente com utilização de cremes ou óleos hidratantes depois do “banho”. Dependendo do tamanho do bebé, o primeiro banho poderá ser dado numa banheira particularmente pequena, semelhante às que são utilizadas nas brincadeiras de crianças. Se se utilizarem cremes ou óleos hidratantes depois do “banho”, tal deverá ser feito com o cuidado de usar produtos sem perfumes, sem conservantes, não detergentes e muito suaves, para evitar a absorção cutânea de substâncias químicas e manter a hidratação da pele.

Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007)


EXAMES DE ROTINA

As equipas de enfermagem e de médicos neonatologistas irão vigiar continuamente uma série de parâmetros acerca da condição do vosso bebé. Para além desta vigilância, existem muitos aparelhos com monitores electrónicos integrados que permitem avaliar, de modo contínuo e sem que seja necessário proceder a colheitas de sangue, entre outros, os seguintes parâmetros: o nº de movimentos respiratórios, de batimentos cardíacos, a temperatura cutânea, a pressão arterial e o grau de oxigenação do sangue.

Por vezes, é necessário efectuar exames e tratamentos específicos ao vosso bebé. Abaixo podem encontrar a descrição de alguns procedimentos e tratamentos que o pessoal da Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN) poderá utilizar ao cuidar do vosso bebé.

• Análises ao Sangue: Muitas das análises ao sangue são efectuadas com o objectivo de recolher dados acerca do estado de saúde do vosso bebé. Serão efectuadas análises aos gases no sangue para analisar os seus níveis de oxigénio e de dióxido de carbono, sendo ainda utilizados para vigiar a qualidade de funcionamento dos pulmões do vosso bebé. Poderão ser efectuadas culturas com o sangue recolhido para se saber quais os níveis de anemia (hemoglobina ou hematrócritos), os níveis de açúcar (glicose), o equilíbrio químico (electrólitos), os níveis de icterícia (bilirrubina), entre outros. Para estes testes é recolhida uma pequena amostra de sangue através de uma linha intravenosa central, de uma artéria, de uma veia ou do tecido cutâneo do calcanhar. Hoje em dia, com as novas tecnologias, é possível obter muitos resultados com uma quantidade mínima de sangue.

• Análises à urina: A urina irá ser testada para se obterem dados sobre bactérias e outros componentes. A sua recolha é feita através da colocação de um saco de plástico especial na área genital do vosso bebé. Poderá também ser inserido um catéter na bexiga a fim de recolher a urina.

• Ecografia e ultra-som cerebral (ou eco transfontanelar): A ecografia é uma técnica que utiliza ecos sonoros para produzir imagens bidimensionais. O médico irá servir-se da ecografia para avaliar, sem dor, as estruturas internas e o fluxo sanguíneo do vosso bebé. Os bebés muito prematuros estão em risco de hemorragia nos ventrículos do cérebro. Tal deve-se à fragilidade dos vasos sanguíneos que se podem romper e causar uma hemorragia (derrame de sangue). Para avaliar esta situação, deverá ser efectuado um ultra-som cerebral todas as semanas, especialmente nos bebés que foram submetidos a ventilação mecânica com parâmetros de pressão alta. Na maioria das vezes, o exame é efectuado no local onde o bebé se encontra internado (UCIN) com uma máquina que é para ali transportada para esse efeito.

• Exames auditivos: Normalmente, os testes auditivos, também designados por rastreio de audiometria, são efectuados antes do bebé ter alta. Caso surjam resultados questionáveis, serão efectuados testes adicionais.

• Exames oftalmológicos: Os bebés que pesam menos de 1’500 gramas à nascença (e mesmo os que têm mais de 1’500 gramas mas que são considerados em situação de elevado risco pelo neonatologista), serão examinados por um oftalmologista antes de atingirem as 6 a 8 semanas de idade. Normalmente, estes exames são repetidos com certa regularidade até ao crescimento dos vasos sangíneos dos olhos estar completo. Durante o exame, as pupilas do vosso bebé são dilatadas através da colocação de gotas nos olhinhos, o que permite ao médico examinar melhor a retina ou a parte inferior do olho.

• Fototerapia: A terapia com luz ou fototerapia é o método de tratamento da icterícia, um problema muito comum entre bebés prematuros. Normalmente, a icterícia surge devido ao estado de imaturidade do fígado do bebé, que é incapaz de processar completamente a bilirrubina (um produto de degradação dos glóbulos vermelhos). Um dos métodos para tratar a icterícia é colocar o bebé sob a incidência de lâmpadas fluorescentes especiais (“bililights”), que ajudam a quebrar a bilirrubina na pele de modo a que esta seja mais facilmente eliminada pelo organismo. Durante este procedimento, os olhos do vosso bebé serão tapados. Simultaneamente, são recolhidas amostras de sangue uma ou mais vezes por dia para verificar o grau de bilirrubina no sangue.

• Radiografia: Poderão ser efectuadas radiografias na UCIN para auxiliar os médicos a avaliar o desenvolvimento dos pulmões do bebé ou de outras estruturas internas.

• Ressonância magnética: A ressonância magnética é outro método disponível que auxilia o médico a avaliar a condição interna do vosso bebé. Esta técnica baseia-se na interacção entre um campo magnético e os átomos do corpo e não utiliza radiação. Pode produzir uma imagem nítida de um tecido mole que não pode ser facilmente estudado através de outros métodos.

• Tomografia axial computorizada (TAC): A TAC é uma técnica que utiliza um feixe de radiação restrito (raios-X) para avaliar as estruturas internas. O feixe é rodado à volta do corpo do bebé enquanto um computador processa uma imagem das estruturas internas do organismo. As TAC podem auxiliar no diagnóstico de hemorragia ou de excesso de líquido no cérebro.

• Transfusão: Os bebés prematuros pequenos são sujeitos a muitas análises ao sangue. As transfusões de sangue são muito comuns na UCIN porque estes bebés possuem uma capacidade limitada de produção de novas células sanguíneas e poderão não ser capazes de satisfazer necessidades de substituição. Numa transfusão é fornecido ao bebé sangue ou derivados de sangue por via intravenosa para ajudar o bebé a transferir o oxigénio para os seus tecidos corporais. Antes da transfusão, os derivados do sangue são cuidadosamente comparados aos do sistema sanguíneo do bebé, procedendo-se também à verificação de quaisquer infecções.

Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007); “Guia dos Pais do Bebé Prematuro”, Abbott Laboratórios Lda.


DOR, BARULHO E LUZ

À semelhança dos adultos e de outras crianças, os bebés prematuros podem sentir dor. No passado, defendia-se que os bebés prematuros não tinham capacidade para sentir dor porque os seus sistemas nervosos não se encontravam suficientemente desenvolvidos. Hoje, sabe-se que tal não é verdade.

Além de poderem sentir dor, os bebés prematuros também têm direito a que sejam efectuados todos os esforços possíveis para que sejam aliviados da dor.

Os bebés prematuros podem sentir dor porque estão doentes, encontram-se magoados ou estão sujeitos a procedimentos dolorosos de diagnóstico e/ou de terapêutica (por exemplo, ao serem picados para a realização de análises ao sangue). Sob um ponto de vista clínico, a dor por procedimentos dolorosos tem uma vantagem: os enfermeiros e médicos neonatologistas sabem antecipadamente que a dor vai ocorrer e irão tomar medidas de alívio da dor antes da realização dos procedimentos.

Os bebés prematuros sujeitos a dor manifestam o seu sentimento, por exemplo, através das suas expressões faciais, dos movimentos de braços e de pernas, do choro e da qualidade do sono. No entanto, os bebés muito prematuros podem também manter-se imóveis em resposta à dor. Reconhecem que o movimento os magoa e percebem que ao manterem-se imóveis irão minimizar a dor que sentem. Em geral, prematuros extremos tendem a ter uma reacção menor à dor do que outros bebés prematuros mais velhos. No entanto, tal não significa necessariamente que sintam uma dor menor.

O alívio da dor em bebés prematuros é tratado de forma semelhante à de outras crianças e adultos. É utilizada medicamentação e, muitas vezes, os próprios pais podem também participar para aliviar a dor que os seus bebés prematuros possam estar a sentir.

Alguma da medicamentação utilizada encontra-se descrita abaixo.

• Actuação ao nível geral: Dependendo da condição e do tipo de dor presente, aos bebés prematuros pode ser administrada medicamentação que actua no corpo ao nível geral. Pode até ter de se administrar medicamentação mais forte, como a morfina.

• Actuação ao nível local: Podem também ser administrados anestésicos locais que só actuam no local em que são aplicados (normalmente, cremes aplicados na pele).

• Sedativos: Apesar dos sedativos não serem tecnicamente medicamentos de alívio da dor, os bebés prematuros podem necessitar de ser sedados se tiverem de realizar procedimentos em que têm de permanecer imóveis ou, por exemplo, estiverem com dificuldades de ajustamento aos ritmos de um ventilador.

• Sacarose: Estudos têm demonstrado que a dor de um bebé prematuro pode ser aliviada quando chucham uma chupeta mergulhada em sacarose.

É natural que muitos pais se preocupem ao ser prescrita morfina e tenham receio de que os seus bebés se tornem dependentes da substância ou tenham uma overdose. No entanto, ao ser administrada sob supervisão de médicos e enfermeiros, a medicamentação é dada de uma forma segura, consistente e em quantidades devidamente controladas que não vão criar qualquer dependência. Se tiver que ser administrada ao longo de vários dias ou semanas, terá que ser feito um desmame gradual à medida que a dor fôr diminuindo, caso contrário, se a medicamentação fôr abruptamente interrompida, irá gerar um desconforto pela privação. Além disso, a morfina já é utilizada há vários séculos e os profissionais de saúde sabem como administrá-la com um elevado grau de confiança.

Os pais podem auxiliar no alívio da dor que pode estar a sentir o bebé prematuro. Na maioria dos casos, apesar de não ser fácil testemunhar que o bebé está a sofrer com dor, o auxílio pode começar por reparar em sinais que possam indiciar dor e por comunicá-lo atempadamente aos profissionais de saúde.

Se os pais se mantiverem calmos e estiverem ao corrente das estratégias que existem para aliviar a dor, podem ajudar a reduzir a dor que o bebé prematuro possa estar a sentir e acelerar o processo de cura. Devem sempre começar por perguntar aos profissionais de saúde que acompanham o bebé o que podem fazer para aliviar a dor e como é que podem intervir.

Além da medicamentação prescrita pelos profissionais de saúde, os pais podem ajudar o bebé a relaxar e a sentir-se o mais confortável possível e, desta forma, atenuar a dor que estes possam estar a sentir. Os bebés reagem bem ao sentirem-se quentes, aninhados e seguros. A massagem e o toque são terapias úteis para reduzir a ansiedade, a dor e melhorar o sentimento de bem-estar.

A posição de canguru ou contacto pele-a-pele entre a mãe ou o pai e o bebé, ao promover um ambiente calmo e uma ligação afectiva entre os pais e o bebé prematuro, também tem demonstrado ter um efeito de alívio da dor.

Apesar de não ser sempre possível fazê-lo na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN), a amamentação tem demonstrado reduzir a dor e o stress nos bebés, principalmente durante a realização de exames.

Nalguns casos, pode ser preferível os pais concentrarem os seus esforços na melhoria gradual do bebé do que focalizar apenas no alívio completo da dor que este possa estar a sentir.

O melhor ambiente para ajudar o vosso bebé a relaxar e a diminuir a dor deve ser silencioso e calmo. Os profissionais de saúde irão utilizar uma iluminação fraca e níveis de ruído reduzidos para ajudar os bebés prematuros a sentirem-se o mais confortáveis possível. É natural que as próprias incubadoras onde se encontram instalados os bebés estejam protegidas com uma espécie de capa por forma a filtrar a luz que entra para dentro das incubadoras.

Fonte: www.aboutkidshealth.ca


RISCOS DE INFECÇÃO

As infecções verificam-se quando bactérias, vírus ou fungos atacam o organismo e o sistema imunológico não é capaz de os combater (o sistema imunológico e os anti-corpos são as maiores defesas do organismo contra infecções).

Os recém-nascidos são mais susceptíveis a infecções do que as crianças mais crescidas e a possibilidade de adquirirem uma infecção é tanto maior quanto mais pequeno é o recém-nascido. O sistema imunológico dos bebés muito pequenos ainda não está bem desenvolvido, estes bebés têm pouca capacidade de combater infecções e estão sujeitos a contraírem doenças contagiosas.

As infecções dos bebés prematuros podem ter várias causas:

• O bebé já nasce infectado (bactérias e vírus são transmitidos pelo sangue da mãe através da placenta e cordão umbilical) ou fica infectado durante o nascimento. Tratam-se das infecções com origem na mãe, que já estava infectada, mesmo sem saber. Muitas vezes é a própria infecção que desencadeia o parto. Nalgumas situações, é possível saber com antecedência se a mãe é portadora de dada bactéria e tentar evitar que ela a passe ao seu bebé.

• A infecção é adquirida na unidade de recém-nascidos onde o bebé se encontra internado. Regra geral, um recém-nascido de termo saudável fica junto da mãe quando nasce e ao fim de 2 dias já está em casa junto da sua família. Quem lhe presta todos os cuidados é a mãe e o pai, o que permite que o bebé adquira as bactérias dos pais ao mesmo tempo que a mãe lhe transmite as defesas para essas bactérias através do próprio leite materno.
Pelo contrário, quando nasce pré-termo, o vosso bebé é transferido para uma unidade de cuidados intensivos ou intermédios, é colocado numa incubadora e tratado por médicos e enfermeiras. Muitas vezes, necessita de muitos tratamentos e de uma série de cuidados médicos incluindo a inserção de meios intravenosos, cateteres e tubos e de ser ligado a um ventilador. De cada vez que um procedimento é executado, existe a possibilidade de introduzir bactérias, vírus e fungos no sistema do vosso bebé.
Estas condições a que o vosso bebé se encontra sujeito condicionam que ele não adquira as bactérias “normais” da mãe e que esteja vulnerável a adquirir infecções provocadas por bactérias do próprio ambiente hospitalar. São situações tanto mais graves e frequentes quanto mais pré-termo e doente é o bebé e são uma preocupação constante dos médicos e enfermeiros.

A infecção pode afectar algumas ou todas as partes do corpo do bebé e pode ter diferentes graus de gravidade. Em geral, o organismo reage a infecções com inflamações e tenta destruír a sua origem com glóbulos brancos e anti-corpos. O bebé prematuro pode não ser capaz de produzir glóbulos brancos e anti-corpos suficientes para combater a infecção e acaba por contraír a doença.

A doença pode provocar, entre outros, dificuldade em manter a temperatura do corpo, problemas de alimentação, perda de tónus muscular, palidez, alterações ao nível respiratório, alterações nos batimentos cardíacos e apneia. Estes sinais irão depender da gravidade da infecção.

Assim que existirem suspeitas de que o vosso bebé pode estar infectado, os profissionais de saúde irão realizar análises ao sangue e/ou urina e enviar ao laboratório para análise. Pode demorar entre 24 a 48 horas até que os estudos laboratoriais demonstrem sinais de infecção. Caso exista uma infecção de origem bacteriana, o vosso bebé irá ser tratado com antibióticos. Poderá ser necessária outra medicamentação caso se trate de infecções por vírus ou fungos.

Apesar de algumas infecções serem bastante graves, a maioria delas reage bem ao tratamento com antibióticos. Quanto mais cedo o vosso bebé fôr tratado, maiores serão as probabilidades de sucesso no combate à infecção.

Todas as pessoas que se aproximam e rodeiam o vosso bebé, incluindo o pessoal de enfermagem, os pais e as pessoas que o visitam, são portadoras de alguns germes e colocam algum risco de exposição a infecções nesta fase tão sensível.

As mãos são o principal veículo de transmissão de bactérias. Por esta razão, é de extrema importância que lavem muito bem as vossas mãos com água e sabão antes de visitarem o vosso bebé, mesmo que não estejam a considerar tocar-lhe. Mesmo que durante o dia já tenham lavado as mãos muitas vezes, lavem-nas sempre antes de visitarem o vosso bebé. Rapidamente este gesto, que é tão importante para o bebé no que diz respeito a mantê-lo afastado de germes, irá tornar-se familiar e habitual.

Poderão pedir-vos que vistam uma bata por cima das vossas roupas quando pegam o vosso bebé ao colo. Se se fôrem aproximar dele e acharem que qualquer um dos dois está a ficar constipado ou com qualquer outro tipo de infecção respiratória, peçam ao pessoal de enfermagem que vos forneça máscaras.

Uma maneira de aumentar as defesas do bebé prematuro contra infecções é alimentá-lo com leite materno e, logo que possível, os cuidados devem ser prestados pelos próprios pais.

Todas estas medidas são essenciais para evitar que o bebé adquira algumas das infecções mais frequentes.

Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007); “Guia dos Pais do Bebé Prematuro”, Abbott Laboratórios Lda.; www.aboutkidshealth.ca

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Aleitamento materno

ALEITAMENTO MATERNO

O acto de amamentar é perfeitamente natural e constitui a melhor forma da mãe alimentar, proteger e amar o seu bebé.

O leite materno é muito diferente do leite adaptado (leite em pó) e contém todas as proteínas, açúcares, gorduras, vitaminas e água de que o bebé necessita para ser saudável.
Além disso, contém determinados elementos que o leite em pó não consegue incorporar,
tais como anticorpos e glóbulos brancos. É por isso que o leite materno protege o bebé de certas doenças e infecções.

O leite materno constitui o alimento ideal do vosso bebé prematuro. A melhor qualidade de vida alcançada em bebés prematuros muito pequenos tem sido possível ultrapassando a imaturidade de vários órgãos e aparelhos, entre os quais o gastrointestinal. Neste sentido, é um desafio garantir ao bebé nascido muito precocemente uma nutrição equivalente à que recebia no ambiente intra-uterino. O leite materno tem um papel primordial nesta adaptação, existindo porém alternativas muito satisfatórias quando o bebé se vê impedido de ser alimentado com o leite da sua mãe (fórmulas especialmente concebidas para bebés prematuros).

Nos capítulos seguintes irão encontrar informações acerca da importância do leito materno e das melhores formas para o conservar. Além disso, deverão sempre colocar as vossas questões e dúvidas à equipa clínica da UCIN (Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais) e/ou da Unidade de Cuidados Intermédios.

Fonte: www.leitematerno.org; “Nascer prematuro – Um manual para os pais dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007)


IMPORTÂNCIA DO LEITE MATERNO

O crescimento do sistema digestivo está dependente das hormonas intestinais e de outros factores cuja produção é estimulada pelo alimento que o vosso bebé irá receber, mesmo a partir de quantidades pequenas.

O leite materno, além da nutrição, exerce um efeito poderoso sobre o intestino, estimulando o seu crescimento e a sua maturação funcional, desenvolvendo uma flora saudável e tornando-o apto a iniciar a produção de anticorpos, hormonas e muitas outras substâncias necessárias que, além de outras acções, garantem uma boa absorção dos alimentos. Deste modo, a interacção entre a nutrição, a imunidade e a infecção tem profundas consequências na nutrição e no bem-estar das crianças.

O apoio nutricional ao desenvolvimento de um sistema digestivo imaturo deve merecer uma atenção especial. Valorizando o efeito protector do leite materno, as mães de prematuros muito pequenos com longas estadias no hospital, merecem redobrada atenção devendo ser apoiadas no processo de amamentação. O leite materno irá adaptar-se progressivamente às necessidades do vosso bebé de modo a que, chegado o dia da alta, não haja problemas no que se refere ao aumento de peso e tranquilidade dos pais.

O leite da mãe de um bebé prematuro é substancialmente diferente do leite de uma mãe que tenha tido um bebé no termo da sua gravidez. Porém, ambos são adequados às suas necessidades embora actualmente se pense que os prematuros tenham durante muito tempo uma maior necessidade de proteínas, cálcio e sais minerais. Para satisfazer esta exigência, foi criado um preparado rico em proteínas e outros nutrientes que muitas vezes é adicionado ao leite materno até o bebé atingir maior peso.

Nos casos particulares em que a secreção do leite materno se torna insuficiente é necessário recorrer a leites artificiais. Existem actualmente fórmulas lácteas especialmente concebidas para bebés prematuros, para serem usados quer durante o internamento, quer nos meses a seguir à alta. Estes leites especiais são reforçados com calorias e nutrientes para que correspondam às exigências nutricionais no período de crescimento rápido dos prematuros.

De um modo geral, após a alta, o prematuro cresce a um ritmo rápido até à idade corrigida mas apesar, deste facto, estes bebés serão mais pequenos e mais leves do que os recém-nascidos de termo da mesma idade. A fase mais rápida do crescimento que irá colocar o bebé a par de outros da mesma idade mas que nasceram de gravidezes de termo situa-se entre os 2 e 3 anos, embora o processo possa estender-se ao longo da adolescência.

O vosso bebé será observado com maior frequência nos primeiros meses, para se avaliar a evolução do peso, do perímetro cefálico e do comprimento e, também, para acompanhamento e apoio dos pais nas suas dificuldades de adaptação a um bebé tão especial. A avaliação do crescimento e do desenvolvimento motor e intelectual serão os instrumentos de medida de uma boa nutrição resultantes dos benefícios do aleitamento materno ou da alimentação artificial quando o leite materno se torna insuficiente.

Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007)


COMO CONSERVAR LEITE MATERNO?

Se está a pensar amamentar o seu bebé, assegure-se de que o pediatra do bebé, assim como as enfermeiras, estão informadas das suas intenções.

Necessitará de bombear o leite do seu peito pouco tempo após o nascimento do vosso bebé. Durante a 1ª semana após o nascimento, bombeie o seu leite pelo menos 8 vezes por dia (se possível, até 12 vezes).

O ideal seria dar o leite ao bebé fresco (não congelado) com a maior frequência possível de modo a que o vosso bebé receba as propriedades anti-infecciosas que poderão tornar-se menos eficazes com a congelação e descongelação.

Numa fase precoce da vida, o vosso bebé não tem maturidade que lhe permita digerir aquele que é o seu alimento por excelência: o leite materno (LM). A necessidade de guardar este leite, pelo menos por algum tempo, torna-se assim inevitável. O LM é um alimento vivo e os seus constituintes alteram-se de diferentes maneiras sob diferentes condições. Abaixo, podem encontrar algumas indicações gerais sobre como conservar leite materno. Além disso, os enfermeiros podem informá-los acerca da maneira mais adequada de bombear, guardar e transportar o leite materno.

Devido à actividade dos seus factores anti-microbianos, o LM pode ser mantido à temperatura ambiente durante 6-8 horas sem que haja um desenvolvimento anormal de bactérias. Contudo, durante esse tempo, vão sendo degradadas algumas substâncias que auxiliam a digestão do leite.

Um bebé prematuro que receba um leite nestas condições fará um esforço superior para o digerir, além de obter menor quantidade de células de defesa, utilizadas entretanto na destruição das bactérias.

A conservação do LM no frigorífico (4ºC) é referida como segura até 2 dias. Isto deve-se ao facto da maioria das bactérias ser inactiva aquela temperatura, enquanto os factores anti-microbianos do leite se mantêm activos.

Este método de conservação leva à perda de algumas células de defesa, sobretudo por aderirem às paredes dos recipientes. Também o teor de vitamina C vai diminuindo ao longo do tempo de refrigeração.

Para evitar variações de temperatura, os recipientes com o leite não devem ser colocados na porta do frigorífico, mas nas prateleiras e o mais atrás possível.

O LM pode manter-se congelado a -20ºC até 6 meses, apesar do perfil nutricional e imunológico do leite se alterar permanentemente durante o armazenamento. Alguns congeladores mantêm o leite, embora congelado, a uma temperatura mais elevada do que -20ºC. Se fôr o caso, o tempo de conservação não deve exceder as 2 ou 3 semanas.

Congeladores com função de auto-descongelação estão contra-indicados para a conservação do LM, que não pode ser sujeito a variações de temperatura que provoquem descongelação parcial.

Como a congelação separa a fase lipídica da fase aquosa do leite, as partículas de gordura aderem mais facilmente às paredes dos recipientes, o que leva a uma perda de gordura progressiva ao longo do tempo. Também vão diminuindo algumas vitaminas e células de defesa.

Não obstante, dentro das condições e dos prazos recomendados, o LM congelado continua a ser um alimento de qualidade superior para os bebés, sobretudo prematuros.

A descongelação deve ser feita dentro do frigorífico a 4ºC ou sob água quente corrente. Não deve ser utilizado o banho-maria (com água fervente), nem o microondas. Uma vez descongelado, o LM pode ser conservado no frigorífico durante 24 horas.

Além dos métodos de conservação, outros factores interferem na estabilidade das propriedades do leite, nomeadamente a higiene na manipulação, o tipo de recipiente e de bomba utilizada na colheita do leite e o aquecimento.

A colheita do leite impõe uma higiene rigorosa das mãos, mamas e roupas. O facto de o LM dispor de uma série de substâncias protectoras intrínsecas, não pode ser encarado como um factor de absoluta confiança. As barreiras bioquímicas não são inesgotáveis e a manipulação do leite feita em deficientes condições de higiene leva a um aumento da contaminação. Esta satura as defesas, diminuindo a capacidade imunológica do leite.

É fundamental que todos os materiais que contactam com o leite possam ser esterilizados.

Relativamente aos recipientes, os mais utilizados são os de vidro e de polipropileno. Em ambos há perda de uma parte de gordura por aderência às paredes e que aumenta com o tempo de armazenamento.

A extracção do LM pode ser feita manualmente, embora desta forma não seja possível extraí-lo na totalidade. Como o último leite extraído é o mais rico em gordura, perde-se uma parte importante de calorias e algumas vitaminas. Parece ser mais eficaz a extracção feita com uma bomba eléctrica. Esta executa movimentos rítmicos capazes de simular a sucção, criando uma pressão negativa e conseguindo extrair até ao ponto de obter a parte do leite rica em gordura.

O leite recentemente extraído não deve ser misturado com outro já guardado no frigorífico ou congelador, para evitar variações de temperatura daquele. As misturas, se necessárias, devem ser feitas pouco antes da toma.

À semelhança do que se recomenda para a descongelação, o LM pode ser ligeiramente aquecido sob água quente corrente. É desaconselhado o uso do microondas, que leva à diminuição franca de propriedades imunológicas e nutricionais.

Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007)

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Possíveis complicações

PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS

O bebé prematuro, em geral com peso inferior a 2’500 gramas, está mais propenso a problemas de saúde tendo em conta que a gravidez encurtada não permitiu o desenvolvimento suficiente dos órgãos, por isso, ele é mais vulnerável do que o recém-nascido que atinge o termo da gravidez (a partir das 37 semanas completas).

O aparelho respiratório é precisamente uma das partes do organismo afectada que pode levar a problemas de funcionamento do mesmo, de vários tipos, e que originam a chamada dificuldade respiratória ou sindroma de dificuldade respiratória.

Como se pode manifestar a dificuldade respiratória?

De vários modos:

• Apneia: Significa ausência de respiração. Frequentemente, um bebé muito pequenino respira irregularmente. Por exemplo, pode fazer várias respirações curtas, parar de respirar durante alguns segundos e, em seguida, começar a respirar outra vez numa cadência regular. Se uma pausa na respiração durar mais de 15 a 20 segundos, esta pausa é denominada apneia. Um caso apneico é normalmente remediado com uma fricção ligeira ou batimentos leves no braço ou na perna para “lembrar” ao bebé que tem de respirar. Se o bebé tiver vários episódios apneicos, poder-se-à administrar-lhe uma quantidade extra de oxigénio. A apneia verdadeira é acompanhada de algumas das manifestações descritas a seguir.

• Gemido

• Cianose: O bebé fica roxo, o que significa, em princípio, dificuldade nas trocas gasosas no pulmão e origina deficiência de oxigenação nos vários órgãos - cérebro, coração, etc.

• Taquipneia: Ou “respiração acelerada ou com número elevado de respirações” por minuto. É precisamente o contrário da apneia. Considera-se taquipneia se o nº de respirações por minuto é superior a 60.

• Adejo nasal: Ou movimento rítmico de abertura do rebordo do nariz, como se o bebé “tentasse” compensar o problema “facilitando” a entrada de ar nos pulmões;

• Retracções no peito (tórax): Como entra pouco ar nos pulmões ou o mesmo ar não é retido suficientemente, a cada movimento respiratório, verificam-se “covas“ a meio do peito (peito em “funil”), depressão entre as costelas, e na transição das costelas com a barriga que fica mais distendida. Por vezes, diz-se nestas circunstâncias, que o bebé parece respirar com a barriga dado que, quando o ar “tenta“ entrar nos pulmões, o peito não se expande ou expande-se pouco enquanto a barriga se expande a cada movimento respiratório.

Quais os problemas que podem originar estas manifestações?

O pulmão é um dos últimos órgãos a se formarem, por isso, quanto mais prematuro fôr o bebé, maior deverá ser o cuidado com doenças respiratórias. A seguir são descritos alguns problemas de respiração que são típicos do bebé prematuro.

• Doença das membranas hialinas ou sindroma de dificuldade respiratória da prematuridade (SDR): Esta condição é muito comum entre os bebés prematuros, cujos pulmões ainda não estão completamente desenvolvidos. Surge tanto mais frequentemente e com tanto maior duração quanto mais encurtada tiver sido a gravidez. Este problema manifesta-se logo após o nascimento e é explicado pelo facto dos pulmões não completamente desenvolvidos produzirem quantidade insuficiente duma substância (chamada surfactante) que forra interiormente os pequenos sacos aéreos chamados alvéolos; a insuficiência de surfactante não permite, assim, que os referidos sacos aéreos retenham certa quantidade de ar respirado. Por isso, há tendência para se fecharem e há fuga total de ar o que dificulta as trocas entre o oxigénio inspirado e o anidrido carbónico expirado. Os médicos dizem que os alvéolos “colapsam”, ou seja, fecham-se, esvaziam-se de ar. A muitos bebés prematuros é administrado directamente para os pulmões surfactante sob a forma de fármaco, pouco depois do nascimento. Este medicamento vai complementar o próprio surfactante do bebé, ajudando a aliviar os sintomas de SDR.

• Taquipneia transitória ou “pulmão húmido”: Durante o desenvolvimento do feto dentro do saco das “águas” (líquido amniótico) os pulmões que se vão desenvolvendo estão cheios de líquido que nos casos de parto vaginal é eliminado à medida que vai descendo do útero para a vagina. Ora, nas cesarianas ditas electivas (as realizadas antes do início do trabalho de parto), o bebé “chega ao mundo exterior” e é extraído de modo brusco, com os pulmões cheios do tal líquido e não com as vias respiratórias vazias e prontas para receber o ar para respirar. Em condições habituais, o líquido vai sendo expulso de modo progressivo à medida que o feto “desce”na direcção útero -> exterior. Daí a dificuldade em respirar enquanto o mesmo não é expulso na totalidade.

• Fugas de ar: Poderá ocorrer uma fuga de ar nos pulmões do bebé quando um ou vários alvéolos (sacos de respiração) rebentam e deixam que o ar se escape para as áreas circundantes do tecido pulmonar. A fuga de ar dá-se essencialmente em bebés prematuros ou em bebés cujos pulmões não se encontram completamente desenvolvidos. O ar pode alojar-se na zona entre os pulmões e a caixa torácica (uma situação denominada pneumotórax). O ar pode alojar-se também no centro do peito, onde se encontra o coração e os principais vasos sanguíneos (o que denomina pneumomediastino). Outra possível situação é conhecida por enfisema pulmonar intersticial (EPI). Esta situação ocorre quando o ar se aloja no tecido pulmonar.

• Displasia broncopulmonar: Trata-se dum problema dos bebés que foram submetidos a ventilação mecânica durante tempo prolongado e que se pode tornar crónico após o período de recém-nascido. A imaturidade dos pulmões, com efeito, torna-os muito mais vulneráveis às medidas salvadoras na fase crucial da doença respiratória (ventilação mecânica e de tratamento com oxigénio), as consequências são a formação de “cicatrizes” no pulmão que deformam as vias respiratórias dificultando as trocas gasosas e a chegada de oxigénio em quantidade suficiente aos vários órgãos do organismo.

Virá a propósito dizer que o oxigénio em excesso pode ser tóxico para vários órgãos.


PULMÕES

À medida que o feto cresce e se desenvolve no útero da mãe, os pulmões são os últimos órgãos a atingir a maturidade. Por esta razão, os problemas respiratórios são algumas das complicações mais comuns nos bebés prematuros. Na maioria dos casos, um bebé prematuro pode ter dificuldades em respirar normalmente, não porque haja algo de errado, mas simplesmente porque os seus pulmões ainda estão imaturos e não tiveram tempo de se desenvolver adequadamente.

O desenvolvimento dos alvéolos, os pequenos “sacos” que possibilitam as trocas de gases nos pulmões e fazem com que o sangue se oxigene convenientemente, começa na 37ª semana de gestação e continua após o nascimento, acompanhando o crescimento da criança. Por isso mesmo, quando o bebé nasce antes do termo, o quadro clínico pode tornar-se mais delicado. Além disso, os bebés prematuros carecem de uma proteína que se produz nos pulmões, o surfactante, que permite manter os alvéolos cheios de ar e evita que os pulmões “colapsem”. A sua carência irá dicultar a respiração, sendo necessária a administração de oxigénio adicional com o objectivo de manter dilatados os pulmões.

O aparelho respiratório é uma das partes do organismo afectada pela prematuridade e que origina a chamada dificuldade respiratória ou síndroma de dificuldade respiratória. A sua incidência e gravidade é inversamente proporcional à idade gestacional do vosso bebé.

Pode manifestar-se de vários modos:

• Apneia: Este termo significa ausência de respiração. Frequentemente, um bebé muito pequenino respira de uma forma irregular. Pode fazer várias respirações curtas, parar de respirar durante alguns segundos e, em seguida, começar a respirar outra vez de forma regular. Se uma pausa na respiração durar mais de 15 - 20 segundos, esta pausa é denominada apneia. A apneia também pode fazer com que o vosso bebé apresente uma coloração levemente arroxeada ou azulada. Um caso apneico é normalmente remediado com uma fricção ligeira ou batimentos leves no braço ou na perna para “lembrar” ao bebé que tem de respirar. Se o bebé tiver vários episódios apneicos, poder-se-à administrar-lhe uma quantidade extra de oxigénio ou um medicamento (derivado da cafeína) que promova a respiração regular. A apneia melhora e desaparece à medida que os bebés prematuros vão crescendo. A apneia verdadeira é acompanhada de algumas das manifestações descritas a seguir.

• Gemido expiratório: Nos casos mais graves, ao expirarem, os bebés emitem um som semelhante a um gemido.

• Cianose: As extremidades do bebé ficam arroxeadas, o que pode significar dificuldade nas trocas gasosas no pulmão e origina uma oxigenação fraca dos vários órgãos - cérebro, coração, etc.

• Taquipneia: É precisamente o contrário da apneia.Trata-se de um aumento da frequência respiratória, com uma respiração acelerada ou com um número elevado de respirações por minuto (superior a 60). Pode indicar que o bebé está a fazer um esforço adicional para eliminar o dióxido de carbono do sangue.

• Adejo nasal: Trata-se de um movimento rítmico de abertura do rebordo do nariz, como se o bebé “tentasse” compensar o problema “facilitando” a entrada de ar nos pulmões.

• Retracções no peito (tórax): Trata-se de uma retracção dos músculos situados entre as costelas durante a inspiração. Como entra pouco ar nos pulmões ou o mesmo ar não é suficientemente retido, a cada movimento respiratório, verificam-se “covas“ a meio do peito (peito em “funil”), depressão entre as costelas, e na transição das costelas com a barriga que fica mais distendida. Por vezes, diz-se que o bebé parece respirar com a barriga.

Todos os bebés prematuros com dificuldades respiratórias são cuidadosamente monitorizados por forma a identificar a gravidade do problema respiratório, detectar alterações e acompanhar os progressos.

Os “exames de gases” medem a quantidade de óxigénio, dióxido de carbono e ácido no sangue do vosso bebé e permitem identificar a gravidade dos seus problemas respiratórios.

O oxímetro de pulso mede a saturação de oxigénio no sangue e permite confirmar se o vosso bebé está a respirar uma quantidade de oxigénio adequada.

Também irão ser efectuados raios-X ao peito do vosso bebé para confirmar o diagnóstico.

Como tivemos oportunidade de referir, o pulmão é um dos últimos órgãos a formar-se, por isso, quanto mais prematuro fôr o bebé, maior deverá ser o cuidado com doenças respiratórias. Abaixo são descritos alguns problemas de respiração típicos do bebé prematuro.

• Doença das membranas hialinas ou de dificuldade respiratória da prematuridade (SDR): Este problema é muito comum entre os bebés prematuros, cujos pulmões ainda não estão completamente desenvolvidos. Surge tanto mais frequentemente e com tanto maior duração quanto mais encurtada tiver sido a gravidez. Manifesta-se logo após o nascimento e é explicado pelo facto dos pulmões (não completamente desenvolvidos) não produzirem quantidade suficiente de surfactante (a substância que lubrifica e reveste interiormente os pequenos sacos de ar nos pulmões, os alvéolos, permitindo que estes se abram e se fechem). A insuficiência de surfactante não permite que os alvéolos retenham certa quantidade de ar respirado (os médicos dizem que os alvéolos “colapsam”, ou seja, fecham-se, esvaziam-se de ar) e os pulmões não podem absorver o ar nem fornecer o oxigénio necessário à corrente sanguínea. A muitos bebés prematuros é administrado directamente para os pulmões surfactante sob a forma de fármaco, pouco depois do nascimento. Este medicamento vai complementar o próprio surfactante do bebé, ajudando a aliviar os sintomas de SDR. O SDR é igualmente tratado através da administração adicional de oxigénio com uma campânula de oxigénio, por pressão respiratória positiva contínua, com um ventilador ou um respirador.

• Taquipneia transitória ou “pulmão húmido”: Durante a gravidez e o desenvolvimento do feto no líquido amniótico, os pulmões que se vão desenvolvendo estão cheios de líquido que, nos casos de parto vaginal, é eliminado à medida que o bebé vai sendo expulso de modo progressivo e que vai descendo do útero para o exterior. Nas cesarianas electivas (realizadas antes do início do trabalho de parto), o bebé é extraído de modo brusco, com os pulmões cheios do tal líquido e não com as vias respiratórias vazias e prontas para receber o ar para respirar, o que faz com que o líquido pulmonar fetal não seja tão bem reabsorvido num bebé prematuro relativamente ao que acontece nos bebés com gestação completa. Daí a dificuldade em respirar enquanto o líquido não é expulso na totalidade. Os sintomas são semelhantes aos de dificuldade respiratória e o tratamento envolve a administração suplementar de oxigénio ao bebé.

• Fugas de ar, incluindo pneumotórax: Poderá ocorrer uma fuga de ar nos pulmões do bebé quando um ou vários alvéolos (sacos de respiração) rebentam e deixam que o ar se escape para as áreas circundantes do tecido pulmonar. A fuga de ar dá-se essencialmente em bebés prematuros ou em bebés cujos pulmões não se encontram completamente desenvolvidos. O ar pode alojar-se na zona entre os pulmões e a caixa torácica (pneumotórax). O ar pode alojar-se também no centro do peito, onde se encontra o coração e os principais vasos sanguíneos (pneumomediastino). Outra possível situação é conhecida por enfisema pulmonar intersticial (EPI). Esta situação ocorre quando o ar se aloja no tecido pulmonar.

• Doença pulmonar crónica ou displasia broncopulmonar: Trata-se de um dos problemas mais comuns dos bebés que foram submetidos a ventilação mecânica durante tempo prolongado e que se pode tornar crónico após o período de recém-nascido. Com efeito, a imaturidade dos pulmões torna-os muito mais vulneráveis às medidas utilizadas para salvar o bebé na fase crucial da doença respiratória (ventilação mecânica e de tratamento com oxigénio). As consequências são a formação de “cicatrizes” no pulmão que deformam as vias respiratórias dificultando as trocas gasosas e a chegada de oxigénio em quantidade suficiente aos vários órgãos do organismo. Normalmente, a doença pulmonar crónica é diagnosticada se o bebé ainda necessitar de oxigénio suplementar 1 mês depois da primeira ocorrência. Alguns bebés com doença pulmonar crónica poderão necessitar de oxigénio adicional durante um longo período após o nascimento, mesmo depois de irem para casa. Para além disso, poderá ser prescrita medicamentação para auxiliar a respiração.

O capítulo dedicado à Respiração Artificial contém informações adicionais sobre os métodos que existem para tratar a dificuldade respiratória e administrar oxigénio adicional.

Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007); “Guia dos Pais do Bebé Prematuro”, Abbott Laboratórios Lda.; www.aboutkidshealth.ca


CORAÇÃO

O facto de ser prematuro não significa que o vosso bebé tenha um maior risco de ter uma malformação cardíaca congénita. O coração do feto forma-se durante as primeiras 8 semanas da gravidez, portanto, mesmo que o parto seja prematuro, nessa altura o coração do vosso bebé já está completamente formado. No entanto, o coração e os pulmões de um bebé prematuro ainda não têm maturidade suficiente para se adaptar à vida fora do útero, pelo que podem surgir algumas complicações cardiovasculares.

Tendo em conta que o coração e os pulmões funcionam em conjunto para fornecer sangue devidamente oxigenado a todo o organismo, é frequente haver relacionamento entre problemas respiratórios e cardíacos. Os problemas cardíacos podem ter consequências ao nível pulmonar e vice-versa.

1) Após o nascimento

O sistema cardiovascular tem uma organização diferente antes e após o nascimento. Em todos nós, o coração e o pulmão funcionam de forma coordenada. O coração garante que o sangue passe pelas artérias pulmonares, enquanto que o pulmão assegura a oxigenação desse sangue, através da respiração. O sangue pobre em oxigénio entra no coração que tem capacidade de o ejectar às artérias pulmonares. Ao circular pelas artérias pulmonares, o sangue é enriquecido em oxigénio, regressando depois novamente ao coração que tem força suficiente para ejectar o sangue para a aorta, a artéria principal que sai do coração e que se ramifica em artérias progressivamente mais pequenas que distribuem esse sangue, rico em oxigénio, para todo o corpo.

2) Antes e durante o nascimento

Ao contrário do que acontece após o nascimento, o feto não respira, dependendo da placenta da mãe para realizar as trocas gasosas (receber oxigénio e eliminar dióxido de carbono). Por esse motivo, não é necessário que todo o sangue que chega ao coração passe para os pulmões. Assim, existe uma artéria que liga a artéria pulmonar à aorta, denominada canal arterial ou ductus, que faz com que o sangue não passe para os pulmões uma vez que feto recebe o oxigénio através da placenta.

Nomalmente, após o nascimento, quando o bebé respira, as artérias pulmonares abrem rapidamente e o sangue tem de passar pelos pulmões para ser oxigenado. A partir desse momento, o canal arterial deixa de ter utilidade e inicia-se o processo que leva ao seu encerramento, em algumas horas ou dias após o parto.

3) Nos bebés prematuros

Nos bebés prematuros o canal arterial poderá não se fechar sozinho, manter-se aberto e causar 2 tipos de problemas:

a) excesso de sangue dirigido aos pulmões, com dificuldades na função pulmonar;
b) roubo de sangue que deveria ser enviado a outros órgãos, como o rim ou o intestino, podendo provocar alterações do seu funcionamento.

Estes problemas podem provocar uma insuficiência cardio-respiratória, sobretudo nos bebés com menos de 32 semanas de gestação. A frequência e a gravidade destes problemas irá depender da idade gestacional do bebé (quanto mais imaturo fôr o bebé, maiores serão os riscos).

Quando o canal arterial não encerra atempadamente, diz-se que existe um canal arterial patente ou persistência do canal arterial (PCA).

A persistência do canal arterial (PCA) pode ser diagnosticada através do aparecimento de um sopro, mas a sua confirmação depende da realização de uma ecografia ao coração.

Quando o canal arterial necessita de ser encerrado, o médico do vosso bebé poderá prescrever medicação para auxiliar o seu encerramento. Recorre-se ao tratamento com um medicamento anti-inflamatório que vai facilitar o processo.

Geralmente, a administração de fármacos é suficiente. No entanto, se o medicamento não fôr eficaz, ou o bebé prematuro tiver outros problemas que impeçam a sua utilização, pode ser necessário realizar o encerramento por cirurgia.

Esta situação poderá parecer-vos muito alarmante, mas não é, pois é corrigida com relativa facilidade. Não se trata de cirurgia de “coração aberto”. O cirurgião, geralmente na própria Unidade de Cuidados Intensivos, realiza uma pequena incisão na porção lateral do tórax do bebé prematuro e procede ao encerramento do canal arterial. O bebé não sofre porque está anestesiado durante esta pequena cirurgia, que resolve, definitivamente, o seu problema cardíaco.

Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007); “Guia dos Pais do Bebé Prematuro”, Abbott Laboratórios Lda.; www.aboutkidshealth.ca; www.sosprema.com


CÉREBRO

Das complicações que podem afectar um bebé prematuro, os problemas ao nível cerebral são provavelmente os que mais preocupam os pais. No entanto, este tipo de complicações pode não ser catastrófico e alguns bebés prematuros são capazes de as ultrapassar em grande parte ou até completamente, dependendo da natureza e da extensão do problema.

O cérebro do bebé prematuro é consideravelmente frágil. Uma das complicações que pode surgir é a hemorragia intraventricular (HIV). Felizmente, esta hemorragia ocorre nos ventrículos e não no tecido nervoso. Os ventrículos são espaços localizados no meio do cérebro e preenchidos com liquido cefaloraquidiano. Não têm funções cerebrais, estão rodeados por tecido cerebral e vasos capilares que conduzem oxigénio ao cérebro.

Num bebé prematuro estes vasos capilares são finos, fracos e vulneráveis a ruptura. Em geral, uma pequena quantidade de sangue é reabsorvida espontaneamente pelo organismo, sem consequências graves. No entanto, uma hemorragia extensa pode levar ao alargamento dos ventrículos com aumento da pressão criando mesmo uma hidrocefalia.

Habitualmente, estas hemorragias ocorrem nas primeiras horas e, ultrapassada a primeira semana de vida, o risco diminui substancialmente.

A maioria das HIV são ligeiras a moderadas (graus 1 e 2) e resolvem-se espontaneamente sem deixar sequelas. As hemorragias mais graves (grau 3) podem causar dificuldades ao bebé, quer durante o internamento, quer no futuro.

Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007)

Cerca de 20-30% das crianças com peso ao nascer inferior a 1’500g têm algum tipo de hemorragia, mas só cerca de 5% têm HIV grau 3.

As HIV são diagnosticadas através da realização de ecografias transfontanelares. Se é diagnosticada uma HIV, não há tratamento específico, só se podem tratar as consequências da hemorragia, tais como convulsões, anemia e apneia. Importa referir que mesmo uma hemorragia grave pode regredir completamente.

As hemorragias mais graves podem provocar a dilatação dos ventrículos cerebrais e a compressão do tecido cerebral, danificando-o. Quando se produz uma dilatação (hidrocefalia), pode ser necessário colocar uma espécie de tubo para efectuar a drenagem dos ventrículos.

Se o fluxo sanguíneo e o oxigénio são insuficientes numa dada zona do cérebro, pode haver lesão do próprio tecido cerebral. Algumas semanas mais tarde, podem encontrar-se pequenos quistos através da ecografia transfontanelar. Este diagnóstico é um factor de preocupação, mas não se pode prever o que daí poderá resultar. Se estiverem localizados em dadas áreas do cérebro, podem não ter significado, noutras podem corresponder a leucomalácia com consequências de gravidade variável. No entanto, nalgumas vezes, a lesão pode ser difícil de diagnosticar e pode não ter nenhuma manifestação clínica.

A leucomalácia acontece em cerca de 5% dos prematuros, sendo maior nas idades gestacionais e no peso mais baixo. Cerca de 75% dos casos têm alguma sequela que pode ter gravidade muito variável.

A paralisia cerebral surge quando há uma lesão cerebral que provoca falência no controlo dos movimentos voluntários. Há várias formas de paralisia cerebral dependendo da localização da lesão. No bebé prematuro, os membros inferiores são os mais atingidos porque os nervos que os controlam passam junto aos ventrículos. As alterações cognitivas podem estar associadas à leucomalácia.

Embora não haja tratamento para este tipo de situações, importa referir que o cérebro do prematuro ainda se encontra em desenvolvimento e, se a lesão não fôr muito extensa e só de um lado, outras partes do cérebro podem reparar as funções das áreas lesadas. Muitas das crianças a quem foram diagnosticadas lesões no cérebro têm uma inteligência normal e a alteração motora não é impeditiva duma vida normal.

Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007)


OLHOS

À volta das 16 semanas de gestação, o feto começa a desenvolver na retina uma rede vascular que irá cobrir a sua superfície e fornecer oxigénio ao olho (normalmente, o processo está completo próximo das 40 semanas de gestação). Quando o bebé nasce prematuramente, os vasos sanguíneos no interior dos olhos ainda estão imaturos. Durante os primeiros 2 a 3 meses após o nascimento do bebé prematuro, estes vasos continuam a crescer. No entanto, este crescimento nem sempre se dá de acordo com o planeado e pode até tornar-se anormal. No bebé prematuro e mais instável, os vasos não crescem de forma apropriada, os vasos “sãos” param de crescer e vasos “aberrantes” começam a desenvolver-se no seu lugar, criando fibrose (cicatriz) no tecido nervoso. Trata-se da retinopatia da pematuridade (ROP). A doença afecta sempre os 2 olhos.

À semelhança de outras complicações, o risco de ROP aumenta com o grau de prematuridade. Por exemplo, cerca de 80% dos bebés com menos de 26 semanas de gestação podem ter ROP, enquanto apenas 15% dos bebés com mais de 30 semanas o têm. São os bebés mais prematuros os que têm maior risco, acima das 32 semanas de gestação é realmente invulgar esta situação.

O diagnóstico da ROP é sempre um factor de grande ansiedade nos pais. Felizmente, em cerca de 80% dos casos, há uma regressão espontânea. Alguns bebés podem necessitar de um tratamento para evitar uma lesão mas, presentemente, é raro haver uma perda de visão.

Não se sabe exactamente qual a causa da ROP. Diferentes agentes externos, principalmente as variações de oxigenação do ambiente “in útero” para meio extra-uterino rico em oxigénio, podem originar deficiências nos vasos sanguíneos do interior dos olhos.

A monitorização da saturação de oxigénio levou à diminuição da ROP, mas continua a ser um problema importante.

A ROP é classificada em:
• Estádios de gravidade: 1, 2, 3, 4, 5 (1 o mais leve e 5 o mais grave)
• Zonas da retina afectadas: 1, 2, 3 (na zona 1 é mais grave)

Cerca de 90% dos recém-nascidos com peso ao nascer inferior a 1’000g e idade gestacional inferior a 28 semanas têm algum grau de retinopatia. Felizmente, na maior parte dos casos, a ROP tem um grau ligeiro e resolve-se espontaneamente, do qual resulta uma visão normal. No entanto, quando a ROP é grave e não se resolve com a maturação do bebé, caso não seja tratada, os vasos “aberrantes” continuam a crescer à superfície da retina e criam fibrose no tecido nervoso, o que pode conduzir a um descolamento parcial ou total da retina, levar a problemas de visão e, em situações ainda mais graves, mesmo à cegueira.

A ROP é diagnosticada por um oftalmologista. Caso o vosso bebé tenha nascido com idade gestacional inferior a 32 semanas (sobretudo se necessitou de ventilação e / ou suplementação de oxigénio), a partir da 4ª – 6ª semana após o nascimento, o oftalmologista vai passar a examinar a retina e, se houver alterações, o exame será repetido com intervalos de 2 semanas. O oftalmologista irá utilizar gotas para dilatar as pupilas, o que vai permitir uma visão mais precisa do interior do olho do vosso bebé.

Na maior parte dos casos, há regressão espontânea. No entanto, uma % reduzida de bebés com ROP (aproximadamente 10%) irá evoluir para uma situação em que já não é seguro aguardar pela regressão espontânea. Se tal acontecer, pode ser necessário um tratamento com laser que fará parar a proliferação dos vasos “aberrantes” e a evolução para um descolamento da retina.

A vigilância oftalmológica é importante no decorrer do 1º ano de vida do vosso bebé e, a partir dessa data, deve ser efectuada anualmente de forma seriada porque a retinopatia condiciona um grau de distorção da retina que pode levar, no futuro, a problemas na refracção.

O estrabismo também é uma situação mais frequente nos prematuros do que nos bebés de termo. Ocorre quando um ou mais músculos que controlam a motilidade ocular estão fragilizados, impedindo que os olhos se movam de forma coordenada.

Nas primeiras semanas de vida, o estrabismo é normal. No entanto, caso persista e não seja tratado, pode levar à anulação da visão num dos olhos.

Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007); www.aboutkidshealth.ca


OUVIDOS

A linguagem desenvolve-se ao longo dos primeiros 3 anos de vida do vosso bebé. Uma audição normal é essencial para uma aquisição normal da linguagem. Mesmo pequenas perdas auditivas podem interferir com o normal desenvolvimento da fala.

Os bebés prematuros são bebés de risco para a surdez. Posto isso, a deficiência auditiva deve ser detectada o mais precocemente possível a fim de se iniciar a reabilitação adequada antes dos 6 meses de idade, permitindo um desenvolvimento mais harmonioso da criança.

Os primeiros exames que se realizam para avaliação da audição são testes de rastreio auditivo e designam-se por otoemissões acústicas. Este exame é indolor, inofensivo, executado com o bebé a dormir e leva alguns minutos a completar. É colocado um pequeno microfone no canal auditivo do vosso bebé. Este microfone está ligado a um computador e envia sons suaves que provocam uma resposta do ouvido interno. O aparelho analisa as características desta resposta.

Outros exames complementares são os potenciais evocados auditivos do tronco cerebral. Estes exames consistem em sons suaves que são enviados aos ouvidos através de uns auscultadores. São colocados uns sensores na cabeça do vosso bebé que, conectados a um computador, medem a actividade cerebral em resposta ao som.

As crianças com défice auditivo necessitam de acompanhamento por uma equipa interdisciplinar composta pelo pediatra, o médico otorrinolaringologista, o terapeuta da fala, o audiologista e a educadora que, juntamente com os pais, vão estabelecer um plano individualizado de acompanhamento em cuidados de saúde e educação a fim de permitir a integração plena da criança na sociedade.

Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007)


INTESTINOS

Alguns bebés desenvolvem uma inflamação numa parte dos intestinos, que origina a morte dos tecidos nessa área e pode ser potencialmente grave. Essa situação é conhecida por enterocolite necrotizante, também designada por ECN. Felizmente, este problema é raro e afecta apenas 5% dos bebés prematuros. Na maioria dos casos, a ECN é tratada com sucesso através de medicação ou, caso seja necessário, de uma intervenção cirúrgica (em cerca de 1/3 dos casos).

Os sintomas de enterocolite necrotisante incluem uma deterioração clínica geral, tolerância reduzida à alimentação, vomitado verde após a alimentação, aumento do volume do estômago com coloração avermelhada ou anormal e sangue nas fezes.

A radiografia abdominal, bem como análises ao sangue frequentes, são instrumentos preciosos na sua detecção.

Caso se suspeite desta doença, os médicos interromperão de imediato a alimentação regular (medida normalmente designada por “dieta zero” na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais) e passarão a administrá-la por via intravenosa (via IV). O bebé irá igualmente necessitar de medicação específica (antibióticos). A maior parte dos bebés com este problema recupera e não volta a apresentar dificuldades, mas, em alguns casos, poderá ser necessária uma intervenção cirúrgica para impedir a ocorrência de problemas intestinais futuros.

Fonte: “Guia dos Pais do Bebé Prematuro”, Abbott Laboratórios Lda.; www.aboutkidshealth.ca


OUTRAS COMPLICAÇÕES

• Anemia: Os bebés prematuros têm muitas vezes falta de glóbulos vermelhos (redução da hemoglobina no sangue ou anemia) que pode ser originada por vários factores:
- os glóbulos vermelhos do bebé têm uma duração de vida inferior à dos adultos,
- os bebés não produzem novos glóbulos vermelhos durante as primeiras semanas após o nascimento,
- as amostras de sangue recolhidas para serem utilizadas em análises laboratoriais essenciais.
O tratamento da anemia é feito de diversas formas, de acordo com a gravidade de cada caso. Em casos mais graves pode envolver uma transfusão de sangue ou medicação (eritropoietina) que estimule o aumento da produção de glóbulos vermelhos. A anemia persistente poderá ser tratada com gotas de ferro após a alta hospitalar.

• Bradicardia: A bradicardia verifica-se quando o bebé fica sem energia e existe uma diminuição da frequência cardíaca.

• Icterícia (cor amarelada da pele e mucosas): Grande parte dos bebés desenvolvem icterícia durante os primeiros dias de vida causada por níveis excessivos de bilirrubina. A bilirrubina é produzida quando os glóbulos vermelhos são quebrados, sendo normalmente processada pelo fígado antes de ser excretada. No entanto, o fígado dos bebés prematuros poderá não ser capaz de processar esta bilirrubina com a rapidez necessária. A icterícia grave pode ser tratada com fototerapia.

• Problemas de açúcar no sangue: É comum que os bebés prematuros apresentem uma variação considerável na quantidade de açúcar (glicose) no sangue: poderá estar muito elevada ou ser muito baixa. Na maioria dos casos, os níveis de açúcar no sangue são facilmente corrigidos através do aumento ou da diminuição da concentração de açúcar nos líquidos administrados ao bebé por via intravenosa (via IV). Nesta fase, os problemas de açúcar no sangue não significam necessariamente que, mais tarde, a criança possa vir a contraír diabetes.

• Tensão arterial baixa (hipotensão): Logo após o nascimento, os bebés prematuros podem apresentar uma tensão arterial baixa. Isto é causado pela perda de sangue durante o parto, pela perda de líquidos após o nascimento, por infecção ou por medicação administrada à mãe antes do parto. Geralmente, o tratamento da tensão arterial baixa inclui a administração extra de líquidos, de medicação para aumentar a tensão arterial ou de uma transfusão de sangue.

Fonte: “Guia dos Pais do Bebé Prematuro”, Abbott Laboratórios Lda.

TOPO

Crescimento e desenvolvimento do vosso bebé

Em geral, a seguir à alimentação, o crescimento e o desenvolvimento do bebé constituem a segunda maior preocupação dos pais. Caso o vosso bebé tenha nascido cedo demais, tenha enfrentado dificuldades durante a gravidez e/ou após o nascimento e tenha estado internado na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN), é normal que estejam ainda mais preocupados acerca do crescimento e desenvolvimento do vosso bebé.

Entre as vossas principais preocupações, é natural que se destaquem questões como:
• Será que o nosso bebé vai ser normal?
• Vai ser sempre pequeno?
• O que pode ser feito para melhorar a sua evolução?

Além disso, existem várias outras questões referentes ao prognóstico que necessitam de ser esclarecidas para que possam cuidar adequadamente e maximizar a qualidade de vida do vosso bebé, tais como:
• O que é e porquê utilizar a idade corrigida?
• Quais os factores que influenciam o prognóstico de crescimento e de desenvolvimento do nosso bebé?
• Quais são os problemas mais frequentes no crescimento e desenvolvimento destas crianças e a que sinais de alarme devemos estar atentos?
• Os distúrbios de crescimento e de desenvolvimento são transitórios ou persistem até à idade escolar e à vida adulta?
• Sob que forma é que se pode intervir precocemente?

São estas as questões a que procuraremos responder nos capítulos seguintes.

Muitas vezes, os pais de bebés prematuros que necessitaram de cuidados especiais e de estar internados, focalizam a sua atenção nos cuidados médicos a prestar ao bebé e esquecem-se das necessidades emocionais do bebé e dos membros do casal. Por isso, e apesar do que vai ser descrito nos próximos capítulos, quando o vosso bebé fôr para casa, desfrutem do novo membro da família! Aproveitem para abraçar, brincar e sorrir para o vosso bebé! Vejam a sua personalidade a desabrochar. Deliciem-se com os seus feitos: o primeiro sorriso, o gatinhar, o andar. O vosso bebé irá surpreender-vos a cada dia que passa ...

Fonte: www.marchofdimes.com; “Crescimento e desenvolvimento a longo prazo do prematuro extremo” – Lígia Rugolo, Jornal de Pediatria da Sociedade Brasileira de Pediatria (2005)


IDADE CORRIGIDA VERSUS IDADE REAL

O desenvolvimento do vosso bebé, incluindo o seu desenvolvimento físico, intelectual, social e a capacidade de comunicação, poderá ser diferente do padrão típico de um bebé de termo com o tempo de gestação completo. Por isso, não podemos exigir que o vosso bebé prematuro actue como se fôsse um bebé nascido a termo.

O parto prematuro do vosso filho poderá ter um efeito no seu desenvolvimento durante, pelo menos, o primeiro ano de vida. A maior parte dos bebés prematuros ultrapassam o seu atraso de desenvolvimento durante os 2 a 3 primeiros anos de vida, mas existem outros que sofrem de problemas a longo prazo. Estas crianças, que nasceram extraordinariamente cedo, necessitam de um apoio médico prolongado por sofrerem de complicações adicionais que poderão implicar atrasos mais prolongados. Alguns atrasos respeitantes ao desenvolvimento, como os que afectam as capacidades cognitivas (relativas à aprendizagem), poderão tornar-se evidentes apenas quando a criança atinge a idade escolar.

A “idade real” ou “idade cronológica” é o tempo de vida extra-uterino. A “idade corrigida” traduz o ajuste estabelecido face à idade cronológica, em função do grau de prematuridade.

Por ter nascido prematuramente, é muito provável que o vosso bebé não atinja os parâmetros típicos associados aos bebés de gestação completa. Por isso, é preferível pensar no desenvolvimento do vosso bebé tendo em conta a sua “idade corrigida”. Devem usar a “idade corrigida” subtraindo o número de meses de prematuridade à idade actual do bebé.

Por exemplo, se o bebé tem 7 meses de idade e se nasceu 3 meses antes do tempo, a sua “idade corrigida” será de 4 meses de idade. O bebé terá tendência para actuar como se fôsse um bebé de termo nascido há 4 meses atrás.

Embora não esteja totalmente esclarecido até quando se deve corrigir a idade do prematuro, a maioria dos autores recomenda utilizar a idade corrigida na avaliação do crescimento e do desenvolvimento até os 2 anos de idade, a fim de obter a expectativa real para cada criança, sem subestimar o prematuro ao confrontá-lo com os padrões de referência.

Para os prematuros de Extremo Baixo Peso e menores que 28 semanas, recomenda-se corrigir a idade até aos 3 anos.

Durante os 2 a 3 primeiros anos de vida do vosso bebé, a avaliação pelo pediatra e o especialista de desenvolvimento deverá ser feita de acordo com a sua “idade corrigida”. A correcção da idade real em função da prematuridade é fundamental para o correcto diagnóstico do desenvolvimento nos primeiros anos de vida. Tentem não comparar o vosso bebé com bebés de termo ou focalizar demasiado nos gráficos de desenvolvimento. O pediatra do vosso bebé irá acompanhar os seus progressos de desenvolvimento.

Fonte: “Guia dos Pais do Bebé Prematuro”, Abbott Laboratórios Lda; “Crescimento e desenvolvimento a longo prazo do prematuro extremo” – Lígia Rugolo, Jornal de Pediatria da Sociedade Brasileira de Pediatria (2005); “Premature Babies – Growth and Development”, American Academy of Pedriatics (2000)


CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DO PREMATURO

Na maioria dos casos, os bebés prematuros crescem de forma normal e saudável e, quando são maiores de idade, não se distinguem dos outros adultos. No entanto, alguns prematuros, especialmente os de Extremo Baixo Peso (EBP peso ao nascimento menor que 1000 gramas), apresentam um maior risco de alteração do crescimento e desenvolvimento. Tudo irá depender da idade gestacional e do peso do vosso bebé à nascença, bem como das principais complicações a que esteve sujeito. Em geral, são os bebés mais pequenos e com idade gestacional mais baixa que se encontram sujeitos a maior número de sequelas.

É difícil prever o crescimento do vosso bebé prematuro porque o crescimento é um processo complexo, contínuo e que resulta da interacção de factores genéticos, nutricionais, hormonais e ambientais. Caso se trate de prematuros de EBP, estes têm a agravante de serem privados de um período de crescimento intrauterino crítico e acelerado, o 3º trimestre de gestação.

Geralmente, são crianças pequenas em peso e estatura, mas que vão tentar recuperar o seu crescimento durante a infância e a adolescência.

Para os familiares, a preocupação inicial é o peso da criança e depois, na idade escolar, a estatura. Mas, para o médico, é sempre importante a harmonia do crescimento. O crescimento é mais acelerado entre as 36 e as 40 semanas de idade pós-concepcional. Depois desta fase, durante os primeiros 2 a 3 anos de vida, verifica-se um crescimento de recuperação (catch-up growth). Este catch-up ocorre primeiro para o perímetro cefálico e depois para a estatura e peso. No fim deste período, o crescimento encontra-se, habitualmente, dentro dos limites de normalidade das curvas de referência.

Apesar disso, o prematuro pode permanecer uma criança pequena até à adolescência. Depois da adolescência e até se tornar adulto, pode atingir uma estatura normal, havendo influência do potencial genético na estatura final do adulto.

Factores de risco do crescimento

As crianças afectadas por atraso de crescimento intra-uterino, displasia broncopulmonar, ou que apresentam um estado de nutrição inadequado após a alta hospitalar, vão apresentar um crescimento comprometido nos primeiros anos de vida, com repercussão na estatura final.

Também é difícil prever o desenvolvimento dos prematuros de EBP pois este depende de uma complexa interacção de factores biológicos (está mais relacionado com a idade gestacional do que com o peso à nascença) e ambientais, que actuam no cérebro imaturo e vulnerável destas crianças. Por outro lado, existem factores como a participação activa dos familiares e o temperamento da criança que podem modular o prognóstico e ajudar a criança a superar as suas dificuldades e a ter boa qualidade de vida.

Alguns problemas surgem precocemente e podem ser definitivos, enquanto outros só se tornam evidentes ao fim de vários meses ou anos. No entanto, a maioria dos distúrbios desaparece ou é atenuada com o tempo.

As sequelas neurosensoriais graves, incluindo paralisia cerebral, deficiência visual (cegueira) e deficiência auditiva (surdez) são identificadas nos 2 primeiros anos de vida e afectam sobretudo as crianças mais imaturas, nascidas com menos de 26 semanas de idade gestacional.

O atraso no desenvolvimento cognitivo é a perturbação mais frequente nos primeiros anos de vida. Na idade escolar predominam os problemas comportamentais e de aprendizagem. O comportamento da criança é um factor importante no seu desempenho global e precisa de ser avaliado em todas as etapas do neurodesenvolvimento.

A partir da adolescência, os problemas tendem a atenuar-se, permitindo uma boa integração social na vida adulta.

O meio sócio-económico, cultural e familiar tem grande influência no crescimento e desenvolvimento do ex-prematuro. A boa qualidade do lar, representada pela estabilidade emocional da família e a participação activa dos pais, pode melhorar o desempenho da criança e proporcionar-lhe uma boa qualidade de vida.

Os prematuros de EBP podem ter uma vida normal, mas necessitam de ser acompanhados em programas de seguimento multidisciplinar para rastreio e intervenção precoce, bem como para apoiar e orientar as famílias por forma a favorecer o crescimento e o desenvolvimento desde a infância até à vida adulta.

Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007);“Crescimento e desenvolvimento a longo prazo do prematuro extremo” – Lígia Rugolo, Jornal de Pediatria da Sociedade Brasileira de Pediatria (2005); www.aboutkidshealth.ca


PRIMEIROS ANOS DE VIDA E SINAIS DE ALARME

Os recém-nascidos prematuros são fetos que se desenvolvem no meio extra-uterino. Neste período, o seu cérebro e os outros órgãos estão a crescer a uma velocidade maior do que em qualquer outro período da sua vida. Contudo, ao nascerem prematuros, são retirados do ambiente natural que iria permitir o seu desenvolvimento adequado e colocados num ambiente médico, altamente tecnológico que, apesar de necessário para a sua sobrevivência, é de elevado risco para vários órgãos, nomeadamente o pulmão, o intestino, os olhos, os ouvidos e o cérebro.

Algumas vezes, existem doenças específicas que podem, nalguns casos, ser detectadas ainda durante o internamento, tais como: a hemorragia cerebral, a leucomalácia periventricular, a retinopatia e a displasia broncopulmonar. Algumas destas situações têm consequências sobre o crescimento e o desenvolvimento de diferentes órgãos. Ocorrem sobretudo em bebés com idade gestacional menor que 32 semanas. O peso também é importante e os bebés de Extremo Baixo Peso ao nascer (EBP, abaixo dos 1000 g) têm um risco aumentado de doença.

Outros problemas, como os de desenvolvimento, só se manifestam com o decorrer do tempo. Os pais encontram-se numa posição privilegiada para monitorizar o crescimento e o desenvolvimento da criança prematura. Ao se familiarizarem com os padrões do vosso bebé, e caso detectem atrasos, informem o pediatra o mais rapidamente possível.

Antecipar e identificar complicações que se podem tornar crónicas é muito importante para minimizar o impacto que a condição pode ter à medida que o vosso bebé cresce. Adicionalmente, caso as complicações identificadas possam beneficiar de terapia, então quanto mais cedo e precocemente a intervenção começar, maiores serão as probabilidades de sucesso e de minimização do impacto à medida que a criança cresce e se vai desenvolvendo.

Através da ajuda adequada por parte dos pais e dos profissionais de saúde, muitas crianças prematuras acabarão por gozar uma vida preenchida e feliz apesar de terem alguma espécie de sequelas da prematuridade.

A vigilância do crescimento é muito importante, pois uma alimentação adequada deve permitir um aumento regular do peso, comprimento e perímetro cefálico. A alimentação e o aporte calórico adaptados às necessidades específicas condicionam não só o crescimento mas também o desenvolvimento cerebral do vosso bebé prematuro.

Contudo, no caso da displasia broncopulmonar, uma recuperação demasiado rápida poderá ser prejudicial e ser percursora de obesidade e doenças cardiovasculares na idade adulta.

O desenvolvimento de uma criança é um processo complexo e contínuo. Duas crianças não se desenvolvem ao mesmo ritmo nem da mesma forma.

A vigilância do desenvolvimento também deve ser um processo contínuo e flexível de avaliação da criança, incluindo a observação durante a consulta médica, a valorização da opinião dos pais, o exame neurológico sistematizado, a avaliação dos marcos de desenvolvimento neuromotor e a realização de testes de triagem para identificar distúrbios no desenvolvimento.

No primeiro ano de vida, especial atenção deve ser dada à evolução motora do prematuro, com avaliação do tónus, postura, mobilidade e força muscular. Anormalidades neurológicas transitórias, envolvendo postura, motricidade global e fina, coordenação e equilíbrio, reflexos e principalmente alterações do tónus (hiper ou hipotonia), são detectadas em 40-80% dos casos e têm tendência a desaparecer ao longo do 2º ano de vida.

A par das alterações dos diferentes órgãos e sistemas, as alterações do neurodesenvolvimento são das mais importantes sequelas da prematuridade. As sequelas mais conhecidas e temidas são a paralisia cerebral, os défices visuais e os défices auditivos. Algumas destas sequelas podem ter implicações no desenvolvimento a longo prazo da criança prematura.

As aquisições do neurodesenvolvimento, como o sorrir, galrear, gatinhar, andar e falar, ocorrem, nas crianças que nasceram prematuras, de acordo com a idade corrigida (idade que estas crianças teriam se nascessem de uma gravidez de termo, de 40 semanas), devendo a sua avaliação ser feita desse modo até aos 2-3 anos.

As sequelas da prematuridade estão normalmente associadas à idade gestacional do vosso bebé quando do nascimento. Prematuros extremos são mais vulneráveis a atrasos de desenvolvimento do que prematuros moderados ou pré-termos limiares.

• Alterações do tónus (força dos músculos e articulações): São frequentes nos bebés prematuros e, muitas vezes, transitórias. Contudo, a hipertonia, um endurecimento muscular que oferece resistência à distensão (como o abrir e puxar para trás os braços por hipertonia a nível dos ombros, ou o ficar com as pernas demasiado esticadas parecendo que o bebé já quer ficar de pé antes dos 6 meses) pode indicar uma situação patológica. O pediatra que segue a criança na consulta de desenvolvimento irá dar indicações sobre o correcto posicionamento da criança e o eventual recurso ao tratamento de fisioterapia nos casos em que as alterações são mais graves ou persistentes.

• Assimetria dos movimentos: Os movimentos dos membros devem ser simétricos e, nos primeiros meses, as crianças não devem mostrar preferência pela utilização de um dos membros. A utilização preferencial de uma mão para agarrar os objectos, ou mover mais activamente uma das pernas pode ser sinal de lesão cerebral e pode necessitar de tratamento especial de fisioterapia.

• Problemas de visão: A existência de falta de contacto visual, ou de um desvio mantido dos olhos, pode ser a manifestação de diminuição da acuidade visual ou de estrabismo. Mais tarde, o aproximar demasiado os objectos da face, pode ser sinal de diminuição da visão.

• Problemas de audição: A reacção aos sons pode ser notada desde os primeiros meses quando o bebé reage à voz dos pais quando estes procuram acalmá-lo. Se o bebé não reage dessa forma, não parecendo interessar-se por estes sons, há que programar com urgência um rastreio auditivo, que tem de ser efectuado antes dos 6 meses.

• Perturbações da linguagem: A linguagem constitui um sistema simbólico que é aprendido e não herdado, as crianças aprendem através dos sons que ouvem dos seus pais e que procuram imitar. O desenvolvimento de capacidades de linguagem é particularmente importante para todas as crianças. Através da linguagem, todos os aspectos da nossa cultura são comunicados e os pais têm um papel fudamental em ensinar as crianças a desenvolverem as capacidades de linguagem adaptadas à sua idade.
Normalmente, as crianças prematuras aprendem a falar mais tarde e têm um maior risco de desenvolver problemas da linguagem, sobretudo expressiva. Assim, se a criança não atinge as etapas do desenvolvimento linguístico nas idades apropriadas (dizer 10 palavras ou sons com significado aos 18 meses, juntar 2 palavras aos 24 meses, fazer frases de 3 palavras aos 36 meses) ou se houver erros de articulação importantes depois dos 5 anos, deve ser efectuada uma reavaliação da audição, uma avaliação global do desenvolvimento (a fim de se verificar se a perturbação da linguagem surge de forma isolada) e uma avaliação específica da linguagem. Pode haver necessidade de terapia da fala. Quanto mais cedo a intervenção começar, maiores serão as probabilidades de sucesso.

• Perturbação global do desenvolvimento (défice cognitivo): Neste caso, as crianças não adquirem as competências nas diversas áreas do desenvolvimento nas idades esperadas. Por exemplo, a falta de interesse pelos objectos e a má coordenação entre a visão e a manipulação podem estar na base de uma má percepção do espaço e exigir uma intervenção.

Muitos bebés prematuros ultrapassam os seus atrasos de desenvolvimento à medida que crescem e acabam por viver felizes e de uma forma saudável. Caso os problemas persistam, fixar objectivos realistas com a sequela em causa e encorajar a criança a atingir esses objectivos poderá ser suficiente para contribuir para a sua felicidade.

Durante o internamento, na maioria das Unidades Neonatais existem programas de estimulação de acordo com as necessidades do bebé prematuro e da sua família que, com a ajuda de diferentes profissionais, irão optimizar o seu desenvolvimento.

Após a alta hospitalar e até à idade escolar (ou mesmo até à idade adulta), mantém-se a necessidade de um acompanhamento adequado destas crianças por forma a intervir atempadamente no sentido de minimizar os eventuais défices.

A avaliação multidisciplinar contínua destas crianças prematuras é importante. Por vezes, para além dos serviços hospitalares, são necessários outros serviços, nomeadamente da educação, de modo a contribuir para que estas crianças que nasceram “antecipadamente” possam ter um crescimento e desenvolvimento semelhante ao dos seus pares.

Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007); “Crescimento e desenvolvimento a longo prazo do prematuro extremo” – Lígia Rugolo, Jornal de Pediatria da Sociedade Brasileira de Pediatria (2005); www.aboutkidshealth.ca


IDADE ESCOLAR

Geralmente, os problemas de saúde dos bebés prematuros, principalmente os de Extremo Baixo Peso (EBP), diminuem após os primeiros anos de vida. Na idade pré-escolar, 5% a 30% apresentam alguma limitação funcional das suas actividades motoras, de comunicação ou de autocuidados. Por sua vez, na idade escolar, muitos ex-prematuros conseguem ter um desempenho perfeitamente normal.

No entanto, à medida que aumentam os desafios intelectuais na escola, podem surgir novos problemas neuropsicológicos, comportamentais e de aprendizagem. Entre estes, destacam-se:
- Problemas no desempenho cognitivo
- Dificuldades escolares
- Distúrbios do comportamento
- Outros problemas. Problemas de motricidade fina, distúrbios neurológicos, deficiência visual ou auditiva e alteração na percepção visual / espacial podem contribuir para um pior desempenho escolar, prejudicar a auto-estima e criar distúrbios comportamentais e sociais.

Felizmente, através da intervenção precoce e de educação especial, o risco de problemas cognitivos e de dificuldades escolares pode ser minimizado.

As dificuldades escolares são mais frequentes nas crianças que foram prematuras. Algumas crianças passam toda a vida sem problemas. Outras podem ter problemas, por exemplo, aos 8,10 anos de idade quando os pais percebem que têm dificuldades para acompanhar os colegas na escola.

Podem surgir perturbações específicas da aprendizagem, como a dislexia ou a discalculia. A dislexia surge muitas vezes associada a uma perturbação da linguagem que constitui um sinal de alarme para a dislexia.

Também podem surgir perturbações comportamentais que vão comprometer o desempenho escolar, como por exemplo a perturbação de défice de atenção, associada ou não à hiperactividade. A perturbação de défice de atenção exige uma intervenção terapêutica comportamental e, por vezes, medicamentosa.

Se existirem dificuldades ao nível da escrita, os problemas podem ser de natureza mecânica ou expressiva. O tipo de ajuda mais adequada depende da natureza desses problemas.

As dificuldades ao nível da matemática constituem os problemas educacionais mais comuns das crianças prematuras. A aprendizagem da matemática está dependente de uma série de aptidões: visuais-espaciais (importantes para a geometria, análise gráfica e cálculos matemáticos), memória (factos numéricos automáticos e procedimentos faseados) e linguagem (interpretação dos problemas). Dificuldades nalguma destas áreas podem criar dificuldades ao nível da aprendizagem da matemática. Quanto mais cedo fôrem identificados os problemas, mais cedo será possível começar a intervir e maiores serão as probabilidades de sucesso.

Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007); “Crescimento e desenvolvimento a longo prazo do prematuro extremo” – Lígia Rugolo, Jornal de Pediatria da Sociedade Brasileira de Pediatria (2005); www.aboutkidshealth.ca


ADOLESCÊNCIA

A adolescência é um período de transição que coloca o jovem e a família perante uma série de desafios. Ocorre entre os 10 e os 19 anos de idade e configura um período crítico para a formação de valores e padrões de conduta, caracterizando-se por maior rebeldia, procura de independência e visão diferenciada da vida.

Os pais de adolescentes que foram bebés prematuros, nomeadamente os de extremo baixo peso ao nascer, estão conscientes de que os seus filhos pertencem a um grupo de risco, o que vem aumentar ainda mais o seu leque das incertezas. “Será que vai ter dificuldades ...?”.

Em geral, a maioria dos adolescentes prematuros, incluindo os nascidos com menos de 29 semanas de gestação, frequenta escolas normais, tem boas condições de saúde, desempenha bem os seus desafios académicos e irão, muito provavelmente, ser adultos produtivos.

Apesar disso, ainda existem poucos estudos sobre a evolução enquanto adultos de adolescentes nascidos prematuros. Tal não constitui surpresa na medida em que, só durante os últimos 20 anos, é que as taxas de sobrevivência dos prematuros de Extremo Baixo Peso (EBP) têm vindo a aumentar. Pouco ainda se sabe para além da 1ª década de vida e, em particular, durante a progressão da adolescência para a idade adulta. Só agora os 1ºs sobreviventes de muito baixo peso estão a transitar para a fase adulta…

Mesmo as crianças que ultrapassaram a infância relativamente bem terão, nesta fase, alguma vulnerabilidade acrescida. O maior risco são perturbações do desenvolvimento nas áreas cognitivas e comportamentais. Em geral, as alterações cognitivas surgem mais tarde, afectam especialmente funções como a memória e/ou linguagem, envolvendo principalmente a função de processamento simultâneo e o processamento de informações complexas que requerem um raciocínio lógico e orientação espacial e que podem estar associadas a perturbações de défice de atenção.

As alterações do desenvolvimento, quando não são correctamente identificadas, podem ter implicações no rendimento escolar, até mesmo naquelas crianças que possuem bom desempenho intelectual. Os apoios educativos e orientação específica com o suporte adequado aos jovens e família poderão ter um papel decisivo na escolha da via educacional e até profissionalizante.

Os problemas respiratórios iniciais (ventilação, apneia, displasia broncopulmonar, bronquites recorrentes da infância, etc.) não são relevantes na adolescência.

No entanto, testes da função pulmonar efectuados em adolescentes ex-pretermos mostram que os adolescentes estão predispostos a um maior risco de doenças obstrutivas na vida adulta como a asma, a pieira e a tosse crónica. É fundamental o papel dos pais e da sociedade na promoção de formas de vida saudável, livre de fumo e de drogas, e onde a prática de actividade física adequada, como a natação, poderá vir a ter um papel preponderante.

Nesta fase, mantém-se o risco de maior incidência de problemas visuais, nomeadamente uma menor acuidade visual, astigmatismo, estrabismo e erros de refracção (miopia). Mais uma vez, um plano de vigilância cuidadoso permitirá minimizar os eventuais défices.

Desde o nascimento, peso e altura são indicadores importantes do desenvolvimento da criança. Quando os filhos se juntam a outras crianças, seja no pátio da escola ou nas festinhas de aniversário, é normal que os pais fiquem ávidos para se certificarem de que os seus filhos estão na média da estatura do grupo.

O processo de crescimento rápido em relação ao peso e altura ocorre nos primeiros 2 a 3 anos de vida, colocando estas crianças dentro dos limites da normalidade das curvas de referência no final desse período. No entanto, este processo pode prolongar-se ao longo da adolescência, principalmente nos de extremo baixo peso. Nestes casos, os rapazes adolescentes podem ser em média 4 cm mais baixos e 8 kg mais leves e as raparigas 8 cm mais baixas que os seus pares.

O desejo de serem mais altos, o considerarem-se menos atractivos e menos atléticos contribui para um défice de auto-estima neste período tão vulnerável do desenvolvimento: têm menos amigos, mais dificuldade nas relações interpessoais, crises de ansiedade e depressão e falta de motivação. Estes factores podem complicar a transição para a fase adulta. Nestes casos, os pais devem procurar ajuda profissional específica para uma correcta avaliação do ajustamento social e emocional do adolescente que permitirá delinear estratégias de intervenção atempadas, visando uma integração social adequada.

É natural que os pais (de crianças de termo ou não) tenham dificuldades em encorajar os seus filhos a se tornarem independentes à medida que estes vão crescendo. Os pais de bebés prematuros podem ter ainda mais dificuldades do que o habitual em fazê-lo porque imaginam a sua criança mais frágil que as outras e com necessidades acrescidas de protecção.

Para algumas crianças, esta necessidade de protecção adicional pode fazer sentido. No entanto, na maioria dos casos, os pais estão simplesmente a proteger em demasia a criança e a comprometer o seu desenvolvimento adequado. Uma criança que é demasiado protegida porque os seus pais estão desnecessariamente preocupados acerca da sua “fragilidade” terá menos oportunidades de se transformar num adulto responsável e independente. Uma criança que é encorajada a enfrentar desafios e a assumir responsabilidades à medida que vai crescendo estará numa posição mais favorável enquanto adulto.

Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007); “Crescimento e desenvolvimento a longo prazo do prematuro extremo” – Lígia Rugolo, Jornal de Pediatria da Sociedade Brasileira de Pediatria (2005); www.aboutkidshealth.ca


INTERVENÇÃO PRECOCE

A Intervenção Precoce (IP) é uma medida de apoio integrado, centrada na criança e na família, mediante acções no âmbito da educação, da saúde e da acção social, com o objectivo de reduzir os efeitos dos factores de risco ou da deficiência no desenvolvimento da criança. A IP pode ser melhorativa quando remedeia um problema de desenvolvimento, ou preventiva quando evita a sua ocorrência ou reduz os seus efeitos.

A IP destina-se a crianças até aos 6 anos de idade, especialmente dos 0 aos 3, que apresentem alterações no seu desenvolvimento psicomotor ou se encontrem em situações de alto risco para os vir a ter, e suas famílias. Uma criança está em risco, quando está exposta a situações de natureza biológica ou ambiental, que podem interferir com o normal desenvolvimento. Exemplos de factores de risco biológico são a prematuridade e o atraso de crescimento intra-uterino, a asfixia ou infecções que ocorrem especialmente durante o parto ou nos primeiros dias de nascimento.

Há várias razões para se intervir o mais cedo possível:

1. Sabe-se que o desenvolvimento e comportamento humanos podem ser modificados por influências ambientais, positivas e negativas. Daí a importância de um ambiente saudável e estimulante.

2. A investigação cientifica sugere uma base neurobiológica para a IP, relacionada com a “plasticidade do sistema nervoso”, em que o cérebro se comporta de forma mais “maleável” e é mais susceptível à aprendizagem quando estimulado. Existem períodos críticos de desenvolvimento em que a criança é mais susceptível à experiência ou à falta dela e as primeiras idades são fundamentais para as aquisições básicas do desenvolvimento. Quanto mais nova é uma criança, maior a possibilidade de responder positivamente à estimulação.

3. Factores de risco e deficiências, têm o potencial para agravar ou levar ao aparecimento de deficiências secundárias. A IP pretende criar as condições que facilitem o desenvolvimento global das crianças, minimizando as consequências das deficiências ou das situações de alto risco e prevenindo sequelas.

4. Os pais de crianças com problemas ou em risco, podem necessitar de apoio profissional para estabelecer as adequadas capacidades parentais. Ninguém está verdadeiramente preparado para ter um filho com problemas e, geralmente, nesta situação, é necessária ajuda. A IP procura optimizar a interacção criança / família, mediante a informação, a participação e o reforço das suas capacidades e competências. Pretende apoiar a família para a ajudar a ultrapassar a alteração da dinâmica familiar resultante da existência de uma criança com problemas de desenvolvimento ou em risco, e para a ajudar a lidar melhor com o seu filho no dia-a-dia.

A IP deve ser efectuada de acordo com os seguintes pressupostos:

• Centrada na Família. Os serviços de IP não devem ser exclusivamente dirigidos à criança e aos seus problemas. Em crianças pequenas, só faz sentido que o trabalho seja feito numa relação de confiança entre a família e os profissionais de saúde no sentido de a envolver e de melhorar as suas competências para lidar com o seu filho e, assim, optimizar as condições de interacção criança / família. A família deve participar em todo o processo de intervenção, cabendo-lhe as tomadas de decisão sobre as suas crianças.
• Base Comunitária. Sempre que possível, a IP deve ser prestada por equipas a funcionar na comunidade em oposição à IP a funcionar em grandes centros, onde os pais têm de se deslocar para obter serviços. Deve ser feita de forma articulada e contínua, optimizando recursos existentes e criando redes de interajuda.
• Em contextos naturais. Deve ser prestada nos locais onde as crianças habitualmente estão (creches, jardins de infância, amas ou domicílio) e não em Instituições de Ensino Especial. As crianças com necessidades especiais têm o direito a fazer a sua aprendizagem integradas em ambientes não segregados.

Os serviços de IP devem ser prestados por equipas interdisciplinares, com profissionais da área da educação, da saúde e do serviço social, de forma a poder dar resposta à gama de problemas que estas crianças e famílias apresentam.

O principal objectivo da equipa consiste na elaboração de programas e metodologias individualizadas, integradas na família, escola e comunidade. O tipo de apoio que uma criança necessita depende de cada caso e os profissionais da área da saúde que compõem a equipa podem incluir o pediatra do vosso bebé e outros profissionais de saúde como, por exemplo:

• Pediatra do desenvolvimento. Avalia o desenvolvimento nas áreas motora, congnitiva, comportamental, linguagem e sensorial. Sempre que se mostre necessário, é estipulada uma orientação terapêutica e e dada continuidade com a intervenção dos vários profissionais de saúde que podem compôr a equipa.

• Psicólogo. Avalia o desenvolvimento cognitivo e psicossocial da criança. Procura prevenir e trabalhar as perturbações disfuncionais que podem surgir ao longo do desenvolvimento com repercussões na vida adulta.

• Neuropsicólogo. Avalia e estabelece um plano de reabilitação e estimulação de funções neuropsicológicas que podem estar comprometidas por perturbações do desenvolvimento, incluindo a atenção, memória, linguagem oral e escrita, actividade construtiva, aptidões visuo-espaciais, raciocínio, controlo sobre comportamentos e emoções, etc.

• Fisioterapeuta. Actua na área da reabilitação psicomotora tendo em vista contribuir para superar problemas de maturação, desenvolvimento, aprendizagem e comportamento, através da intervenção por mediação corporal.

• Terapeuta da fala. Previne e trata a criança nas áreas relativas à comunicação e linguagem, principalmente no que diz respeito à linguagem verbal oral nas vertentes compreensiva e expressiva. A intervenção pretende promover o desenvolvimento da criança e procurar minimizar as suas dificuldades de comunicação por forma a proporcionar o seu bem-estar e facilitar as aprendizagens escolares.

Após décadas de investigação, há evidência quantitativa e qualitativa de que a IP não só acelera e reforça o desenvolvimento da criança mas também melhora o funcionamento da família e reduz os gastos da sociedade com educação especial e outros serviços reabilitativos. Os primeiros programas de IP apenas se preocupavam com o desenvolvimento da criança e actuavam numa perspectiva médico-terapêutica. Actualmente, têm uma abordagem mais social e os seus principais objectivos incluem a melhoria dos conhecimentos e da autonomia das famílias, para poderem lidar com os problemas dos seus filhos.

As entidades públicas que prestam este tipo de serviços resultam de uma co-responsabilidade entre os Ministérios da Saúde, da Educação e do Trabalho e da Solidariedade, e podem contactá-los através da Administração Regional de Saúde, da Direcção Regional de Educação e do Centro Distrital de Segurança Social da vossa área de residência.

Existem também instituições particulares de solidariedade social e outras instituições sem fins lucrativos vocacionadas para esta área.

Finalmente, podem existir também entidades privadas que prestam este tipo de serviços na vossa área de residência.

Em Portugal, a legislação que regulamenta a IP é o Despacho Conjunto 891/99 (Ministérios da Saúde, Segurança Social e Educação).

Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007); “Intervenção Precoce”, Ministérios do Trabalho e da Solidariedade, Educação e Saúde; “Conceitos e práticas em intervenção precoce”, Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento (2004); www.dgidc.min-edu.pt


MARCOS DO DESENVOLVIMENTO DO BEBÉ

O vosso bebé pode ter nascido com os órgãos, os músculos e o sistema nervoso imaturos. Se fôr este o caso, é natural que não apresente um controlo motor tão bom como o das crianças com o tempo de gestação completo. Quando conseguir executá-las, celebrem sempre as suas proezas, mas sejam pacientes e compreensivos à medida que o vosso bebé se desenvolve ao seu ritmo muito próprio.

A maioria dos bebés cresce de acordo com um padrão razoavelmente previsível. No entanto, cada bebé, incluindo um bebé que nasceu com o tempo de gestação completo, irá desenvolver-se ao seu próprio ritmo, que pode variar mesmo entre irmãos. Por exemplo, cerca de metade dos bebés já anda no seu primeiro aniversário. Mas começar a andar entre os 9 e os 16 meses é considerado perfeitamente normal.

Abaixo, podem encontrar uma tabela com os marcos típicos do desenvolvimento dos bebés. Se o vosso bebé tiver nascido prematuro, terão de utilizar a tabela de uma forma diferente, ou seja, têm de utilizar a idade corrigida e não a idade real ou cronológica do vosso bebé. Estes marcos funcionam como uma orientação para avaliar o desenvolvimento do vosso bebé. Ninguém melhor que vocês conhece o vosso bebé e informem prontamente o pediatra ou o especialista de desenvolvimento se identificarem áreas em que a vossa criança esteja atrasada.

Coordenação motora geral: Levanta a cabeça durante alguns segundos, quando está deitado de barriga para baixo.
Coordenação motora fina: Punhos fechados com abertura e encerramento aleatórios; leva as mãos à boca; fixa atentamente objectos e luzes.
Capacidade cognitiva: Começa a lidar com diferentes registos sensoriais (no entanto, a maior parte dos movimentos são aleatórios e reflexos relativamente ao meio).
Comunicação: Chora para dar a conhecer as suas necessidades, ouve e acalma-se com a voz; acompanha os olhos.
Sociabilidade: Foca as caras; gosta que lhe falem e lhe peguem.
Coordenação motora geral: Controlo razoável da cabeça quando está de barriga para cima e numa posição apoiada; levanta a cabeça e o peito quando está virado de barriga para baixo; estica os braços e as pernas simultaneamente e de modo simétrico.
Coordenação motora fina: Agarra numa roca, os olhos seguem objectos em movimento lento; junta as mãos ao nível do peito.
Capacidade cognitiva: Começa a aperceber-se de que os movimentos do corpo mexem o que o rodeia (bate no móbile, balança-se na cadeirinha); começa o esforço para repetir movimentos que dão origem a uma resposta.
Comunicação: Vocaliza e ri; tem choros diferentes para coisas diferentes (fome, dor, aborrecimentos).
Sociabilidade: Sorri com facilidade e espontaneamente.
Coordenação motora geral: Vira-se sozinho e começa a sentar-se com apoio; consegue sustentar-se sozinho sobre o braço enquanto está deitado de lado; puxa-se para a frente com os braços quando está deitado de lado; puxa-se para a frente com os braços quando está deitado de barriga para baixo.
Coordenação motora fina: Alcança e agarra-se com ambas as mãos; muda os brinquedos de uma mão para a outra.
Capacidade cognitiva: Abana a roca; começa a imitar gestos de que se apercebe e começa a sorrir franzindo as sobrancelhas; tem um interesse acrescido pelo que o rodeia e nos resultados das acções.
Comunicação: Balbucia, ri-se e vocaliza, volta-se para ver de onde vêm os novos sons.
Sociabilidade: Apercebe-se da presença de estranhos; sorri para a sua imagem reflectida no espelho.
Sinais de aviso: Consultem o vosso pediatra ou um especialista do desenvolvimento se o vosso bebé apresentar qualquer um destes sinais com esta idade:
• tem dificuldade em levantar a mão e a levantar-se nos bracinhos quando está de barriga para baixo.
• não consegue ficar deitado de lado para brincar com os brinquedos.
• não se consegue sentar, mesmo com apoio.
• não se consegue virar sozinho ou vira-se arqueando o pescoço e as costas.
• não faz qualquer esforço para alcançar ou bater nos objectos que o rodeiam.
• não volta a cabeça à procura de um som ou se não procura objectos com os seus olhos.
• agarra os objectos com muita fraqueza e mantém-nos na mão apenas por instantes.
• mantém os punhos fechados e/ou mantém o polegar dentro do punho.
• não consegue levar as mãos à boca.
• continua a ter problemas a beber pelo biberão ou a comer os primeiros sólidos.
• não vocaliza nem balbucia.
Coordenação motora geral: Senta-se e sai dessa posição sozinho com a ajuda independente dos quatro membros; gatinha (com as mãos e joelhos).
Coordenação motora fina: Aponta com o dedo indicador.
Capacidade cognitiva: Coloca os brinquedos e tira-os de dentro de recipientes.
Comunicação: Começa a utilizar sons com duas sílabas (“mamã” ou “papá”).
Sociabilidade: Respostas ansiosas a estranhos; grande ligação com os pais.

 

Coordenação motora geral: Anda sozinho (pode levar até aos 15 meses).
Coordenação motora fina: Utiliza o polegar e o indicador para levar com firmeza pedaços pequenos de comida à boca; coloca objectos dentro de um recipiente pequeno.
Capacidade cognitiva: Começa a utilizar objectos para funções específicas (escova para pentear o cabelo); começa a antecipar que um comportamento terá uma consequência.
Comunicação: Diz pelo menos duas palavras para além de “mamã” e “papá”, reconhece o seu próprio nome, imita palavras familiares.
Sociabilidade: Tímido, mas gosta de atenção e de brincar; dá afecto e faz carícias.
Sinais de aviso: Consultem o vosso pediatra ou um especialista do desenvolvimento se o vosso bebé apresentar qualquer um destes sinais com esta idade:
• senta-se mas não o consegue fazer sozinho.
• gatinha ou “saltita” movimentando ao mesmo tempo para a frente as duas pernas.
• não consegue apanhar com facilidade pequeno objectos como pedacinhos de comida.
• não procura um objecto escondido,
• não consegue vocalizar combinações de uma consoante com uma vogal (“da”).
• não olha para livros durante curtos períodos de tempo (lembrem-se de que está muito ocupado a aprender a gatinhar ou a andar, pode não se interessar muito por actividades paradas. Encorajem-no a interessar-se por actividades “sossegadas”, como olhar para livros com imagens).
• não responde a frases simples familiares, como papa-a-papa.
• utiliza um lado do corpo muito mais do que o outro.

 

Coordenação motora geral: Dá passos enquanto se agarra a um apoio; “corre”.
Coordenação motora fina: Constrói torres com 3-4 blocos.
Capacidade cognitiva: Inicia o método por tentativas em termos de raciocínio; começa a compreender a argumentação.
Comunicação: Aponta para três partes básicas do corpo; obedece a pedidos simples; conhece e identifica pelo menos 2-5 objectos familiares, utiliza 10-20 palavras, incluindo nomes, combina 2 palavras (“dá bebé” ou “tá-tá”).
Sociabilidade: Ajuda em tarefas simples; imita espontaneamente as acções dos outros.
Sinais de aviso: Consultem o vosso pediatra ou um especialista do desenvolvimento se o vosso bebé apresentar qualquer um destes sinais com esta idade:
• não anda ou anda constantemente só nos bicos dos pés.
• não imita sons ou não produz combinações de quaisquer sons que representem uma palavra (“aua” para água).
• não consegue construir uma torre com blocos.
• está mais interessado em colocar os brinquedos na boca, do que brincar propositadamente com eles com as mãos.
• compreende menos de oito palavras.

 

Coordenação motora geral: Ao subir escadas alterna os dois pés; dá pontapés numa bola.
Coordenação motora fina: Empilha 6 cubos; vira sozinho as páginas de um livro.
Capacidade cognitiva: Faz corresponder formas como o círculo, o triângulo e o quadrado; compreende para que servem muitos objectos.
Comunicação: Utiliza frases com duas palavras; compreende perguntas e ordens simples; pede para beber.
Sociabilidade: Lava e enxagua as mãos; ajuda a vestir-se.
Sinais de aviso: Consultem o vosso pediatra ou um especialista do desenvolvimento se o vosso bebé apresentar qualquer um destes sinais com esta idade:
• não consegue juntar duas palavras numa frase.
• não identifica objectos básicos ou imagens de objectos básicos.
• brinca de um modo essencialmente por imitação e não toma a iniciativa de brincar sozinho, tem algumas capacidades motoras que têm pouco equilíbrio e controlo (cai ou tropeça mais vezes do que as crianças da sua idade).
• não consegue completar um puzzle simples ou organizador de formas.
• não responde a ordens simples como “dá à mamã”.
• não consegue identificar partes básicas do corpo.
Coordenação motora geral: Salta com os dois pés.
Coordenação motora fina: Enfia contas; segura no lápis com a mão, não com o punho.
Capacidade cognitiva: Sabe canções simples acompanhadas com gestos; completa puzzles simples; começa a ter conhecimentos básicos.
Comunicação: Utiliza os pronomes “eu”, “tu” e “mim” correctamente, sabe o nome completo; pode dizer “não” quando quer dizer “sim”.
Sociabilidade: Joga ao jogo de gato e do rato; afirma a sua personalidade.

 

Coordenação motora geral: Balança num só pé durante cinco segundos; anda de triciclo.
Coordenação motora fina: Começa a brincar com “Legos”.
Capacidade cognitiva: Distingue pequeno de grande; compreende instruções básicas; acredita que todos os objectivos estão de algum modo relacionados com ele.
Comunicação: Reconhece as cores primárias; canta cantigas; coloca perguntas do género “o que”.
Sociabilidade: Brinca com outras crianças; reveza-se; faz gestos com as mãos.
Sinais de aviso: Consultem o vosso pediatra ou um especialista do desenvolvimento se o vosso bebé apresentar qualquer um destes sinais com esta idade:
• não utiliza preposições (”em”, “de” e “para”) no seu discurso.
• não consegue copiar um círculo (nem tenta).
• tem um discurso tão pobre que é impossível para os outros compreenderem o que diz.
• não segue ordens que utilizem “em”, “cima” e “debaixo”.
• não responde correctamente a questões de “sim” ou “não”.
• não consegue saltar com os dois pés.
• não consegue comer sozinho com uma colher.

Extraído de “Guia dos Pais do Bebé Prematuro”, Abbott Laboratórios Lda., páginas 77 a 83
Fonte: “Guia dos Pais do Bebé Prematuro”, Abbott Laboratórios Lda.; www.marchofdimes.com

TOPO

Prevenção da prematuridade

Conceptualmente, a prevenção do parto pretermo pode ser dividida em 2 áreas:

1) A primeira envolve a redução dos factores de risco presentes e a melhoria da qualidade de vida, incluindo repouso e nutrição, redução do stress físico e emocional. No entanto, esta estratégia, utilizada há alguns anos em países desenvolvidos, não se mostrou eficaz para a diminuição de incidência do parto pretermo.

2) Actualmente, o diagnóstico pré-natal revela-se num excelente instrumento que permite detectar não só problemas maternos mas, também, problemas do próprio feto. Este controlo permite identificar e solucionar, sempre que possível, eventuais anomalias detectadas. Outros programas focam-se na detecção precoce do início do parto: contracções e alterações do colo do útero. Para isso elaboraram-se programas educacionais dirigidos à grávida, vigilância médica dirigida às modificações do colo, ou vigilância das contracções no domicílio por meios tecnológicos. Nenhuma destas medidas teve o sucesso esperado, provavelmente porque os sintomas iniciais são muitas vezes ténues e as contracções podem não ser percebidas até uma fase relativamente avançada do processo.

Os meios tradicionais de predizer quais as mulheres em risco para parto pretermo baseados na história obstétrica, nos sintomas ou nos riscos epidemiológicos têm elevada probabilidade de falha. Actualmente a ecografia para medição do colo uterino e análises bioquímicas, podem aumentar a capacidade de detecção e ajudar a determinar a importância de cada patologia para o risco total de parto pretermo.

Uma das difíceis decisões de um obstetra é determinar se uma grávida com sinais iniciais de parto pretermo está realmente em trabalho de parto. Numerosos estudos confirmam que cerca de 50% das grávidas com uma situação de ameaça de parto pretermo irão ter o parto a termo. Por esta razão, é tradicionalmente feita uma observação durante várias horas (internamento de curta duração) e avaliada a necessidade de terapêutica ou possibilidade da grávida poder regressar a casa.

As estratégias recentes de prevenção apostam na detecção de competência do colo, da infecção em fase subclínica e de estudo e avaliação de efeitos hormonais. As terapêuticas actuais têm como objectivos:
• Corrigir precocemente as anomalias detectadas (tratamento das infecções, da incompetência cervico ístmica ou de malformações uterinas)
• Inibir ou reduzir a intensidade e frequência das contracções a fim de atrasar o parto
• Optimizar o estado geral do feto antes do nascimento

Embora o repouso seja tradicionalmente uma recomendação, até à data não foi cientificamente
comprovado o seu valor na prevenção do parto pretermo. Apesar da redução da actividade física ser apropriada para algumas grávidas com risco de parto pretermo ou para algumas situações clínicas, não há evidência que o repouso completo no leito resulte numa redução da incidência de prematuridade.

No futuro, um melhor conhecimento acerca dos mecanismos envolvidos nesta patologia conduzirão a novas condutas e terapêuticas.

Até que novas estratégias sejam encontradas, os esforços são concentrados na prevenção das complicações neonatais usando corticóides para acelerar a maturidade pulmonar fetal, antibióticos para prevenir determinadas infecções e na conduta criteriosa para um parto não
traumático. Parte fundamental desta estratégia de optimização do nascimento de um bebé prematuro é também que o parto se realize num Centro Hospitalar preparado com tecnologia adequada e equipas experientes nesta situação.

TOPO

Glossário

Muitos serão os termos pouco familiares ou desconhecidos que irá ouvir. Com o objectivo de melhor os compreender, são apresentados os termos médicos, doenças e siglas mais usados numa Unidade de Neonatologia. No entanto, recomenda-se que, sempre que considere necessário, não hesite em questionar o pessoal especializado que acompanha o seu bébé.

a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z

A
ACIU – Atraso de crescimento intra-uterino.
Açúcar no sangue – Concentração de glucose no sangue.
Alimentação / Nutrição Parentérica – Nutrição dada na veia em vez de ser no estômago.
Alimentação Trófica – Administração de uma pequena quantidade de leite materno durante o dia a um bébé prematuro. Este processo ajuda o tracto gastro intestinal a amadurecer e a produzir enzimas para as alimentação futura.
ALTE – Ver “Apparent Life Threatening Event”.
Apparent Life Threatening Event (ALTE) – Episódio assustador caracterizado por apneia, alteração da cor, alteração do tónus muscular, sufocação ou engasgamento.
Alvéolos – Pequenas estruturas nos pulmões onde o oxigénio é libertado para o sangue e o dióxido de carbono é removido.
Análise de Gases no Sangue – Uma análise ao sangue para determinar os níveis de oxigénio, dióxido de carbono e acidez do sangue.
Anemia – Menos glóbulos vermelhos que o normal. Nos bébés prematuros a anemia pode causar cansaço, problemas respiratórios, deficiente progressão de peso.
Anoxia - Redução do teor de oxigénio no sangue e nos tecidos orgânicos. É sinónimo de hipoxia ou asfixia.
Antibióticos Ototóxicos – Fármacos utilizados para tratar infecções e que têm como efeito secundário possiblidade de lesar o ouvido
Anticorpos – Substâncias proteicas no sangue que atacam as substâncias estranhas, como as bactérias, vírus e órgãos transplantados.
Aorta – A principal artéria que sai do coração.
Apgar (Índice de) – Teste que avalia o estado de saúde do recém-nascido através de uma pontuação atribuída duas vezes: a primeira, no primeiro minuto de nascido e a segunda, cinco minutos depois. Refere-se à frequência cardíaca, respiratória, reflexos, tónus muscular e cor. Quantifica-se de 1 a 10 e dá indicações acerca da vitalidade do bébé e evolução a longo prazo.
Apneia – Uma pausa na respiração com duração superior a 20 segundos. É frequente nos prematuros que não têm ainda completa a maturação do controlo respiratório.
Aquecedor Irradiador – Fonte de calor para uma cama aberta que permite o acesso ao bébé ao mesmo tempo que este se está a aquecer.
Artéria Pulmonar – A artéria que leva o sangue do coração aos pulmões.
Asfixia – Diminuição do oxigénio no organismo, acompanhada pelo aumento dos níveis de dióxido de carbono. Esta condição pode originar graves lesões dos sistemas orgânicos e mesmo a morte se não fôr corrigida a tempo.
Atraso de Desenvolvimento – Atraso em alcançar as etapas do desenvolvimento quando comparado com as crianças da mesma idade.
Audimetria – Exame que promove a determinação do grau de acuidade auditiva.
Audiologista – Um profissional clínico que diagnostica e trata problemas de audição.

B
Baixo Peso – Se o recém-nascido tem um peso ao nascer < 2500g.
Bililights (Fototerapia) – Um tratamento com luzes especiais para bébés com icterícia. O bébé afectado é colocado sob a incidência de luzes fluorescentes especiais que quebram a bilirrubina de modo a que esta possa ser eliminada do organismo.
Bilirrubina – Um produto de degradação dos glóbulos vermelhos. Quantias excessivas deste produto podem provocar a cor amarela da pele do bébé (icterícia).
Bomba de Perfusão – Um dispositivo ligado a uma linha intravenosa que regula cuidadosamente a quantidade de líquidos para a corrente sanguínea do bébé.
Bradicardia – Frequência cardíaca mais baixa que o normal, muitas vezes associada a apneia.
Broncopneumonia – Inflamação do tecido pulmonar causada por infecção microbiana que atinge brônquios, bronquíolos e alvéolos pulmonares.
Bronquiolite – Inflamação das vias aéreas mais estreitas dos pulmões.

C
Canal Arterial Patente – Uma situação em que um vaso sanguíneo que liga a aorta (principal artéria do corpo) à artéria pulmonar (a artéria que leva o sangue aos pulmões) não se fecha como deveria acontecer pouco depois do nascimento.
Catéter – Um tubo fino e flexível utilizado quer para administrar líquidos ao organismo, quer para drenar líquidos do organismo. Pode ser externo ou totalmente implantado sob a pele.
Catéter Arterial – Delicado tubo colocado numa artéria., que pode ser usado para avaliar a tensão arterial, colher sangue ou administrar soros , em geral usa-se a artéria umbilical.
Catéteres Percutâneos – Delicados tubos que são colocados através da pele numa veia mais central e pelos quais se podem administrar soros e alimentação parentérica a um bébé.
Catéter Umbilical – Um tubo fino e flexível que é inserido através de um vaso sanguíneo no cordão umbilical do bébé.
CDP (Continuous Distending Pressure) – Pressão de Distensão Contínua.
Choque Séptico – Uma descida brusca dos sinais vitais devido a uma infecção em todo o organismo, originando por uma diminuição da função cardíaca e de outros órgãos principais.
Cianose – Côr arroxeada da pele causada por insuficiente oxigenação.
CIUR – Crescimento intra-uterino retardado.
Colostomia – Uma abertura na parede abdominal (criada através de uma cirurgia) que permite que o cólon (a parte inferior do intestino grosso) se esvazie directamente para um saco de resíduos no exterior do corpo.
Colostro – Um líquido não espesso e amarelado segregado pelos seios antes do leite materno surgir, este líquido é particularmente rico em proteínas e anticorpos, que proporcionam protecção ao recém-nascido contra infecções.
Consultor de Lactação – Um profissional de saúde conhecedor dos conselhos práticos e processos de amamentação.
Contagioso – Capacidade de transferir a infecção de uma pessoa para outra.
Convulsão – Actividade eléctrica anormal do cérebro que resulta em movimentos musculares involuntários e espasmos.
CPAP (Continous Positive Airway Pressure) – Forma de administrar pressão positiva nas vias aéreas, mantendo os pulmões distendidos e evitando o colapso em cada respiração. É um tipo de ventilação não invasiva, não é necessário colocar nenhum tubo na traqueia porque se administra essa pressão com um dispositivo que se coloca no nariz . Ver “Pressão Respiratória Positiva Contínua”.

D
DBP – Ver “Displasia Bronco Pulmonar”.
Diabetes – Distúrbio do metabolismo dos açúcares.
Displasia Bronco Pulmonar (DBP) – Problemas respiratórios crónicos provocados por lesões do tecido pulmonar. Também conhecida por doença pulmonar crónica. Os bébés que sofrem de complicações como o SDR, os bébés que são muito pequenos e que necessitam de oxigénio, de um ventilador, podem estar sujeitos a contraír displasia bronco pulmonar. Como resultado, chega muito pouco oxigénio aos tecidos.
DMH – Ver “Doença da Membrana Hialina.
Doença da Membrana Hialina (DMH) – Ver “Sindroma da Dificuldade Respiratória”.
Doença originada pelo Vírus Sincicial Respiratório – Um a doença infecciosa causada por um vírus que é muito comum e que pode ter implicações graves nos bébés prematuros e em bébés com doença cardíaca congénita.
Doença Pulmonar Crónica – Problemas respiratórios crónicos causados por lesões do tecido pulmonar. Às crianças que necessitam de apoio respiratório e/ou suplemento de oxigénio durante mais de 28 dias é-lhes diagnosticada esta situação. Também conhecida por displasia pulmonar crónica.
DPC – Doença Pulmonar Crónica
Drenagem Vertebral (Punção Lombar): Um procedimento de diagnóstico no qual o líquido vertebral é extraído através de uma agulha inserida entre duas vértebras lombares na área que contém líquido cefalo raquidiano.

E
ECG – Ver “Electrocardiograma”.
Ecocardiograma – A utilização dos ultra-sons para avaliar a estrutura e o funcionamento do coração e das artérias.
Ecografia (Sonografia) – Uma técnica de diagnóstico não invasiva que produz imagens de órgãos através de ultra-sons (ondas sonoras de alta frequência).
EEG – Ver “Electroencefalograma”.
Electrocardiograma (ECG) – Um registo gráfico da actividade eléctrica do coração.
Electroencefalograma (EEG) – Um registo gráfico da actividade eléctrica do cérebro.
Elevado Risco – Um termo utilizado para descrever pessoas ou situações que requerem uma atenção especial e/ou intervenção para prevenir que um problema se agrave.
Enfermeiros dos Cuidados Intensivos Neonatais – Profissionais clínicos que estão treinados e possuem muita experiência das necessidades especiais dos bébés prematuros.
Enfisema Intersticial Pulmonar – Complicação na qual há pequenas rupturas no pulmão ou nas vias aéreas com saída de ar.
Enterocolite Necrosante (NEC) – Uma doença do tracto intestinal, causada por inflamação do tracto intestinal ou por diminuição do fornecimento de sangue ao intestino. Afecta principalmente os recém-nascidos prematuros e ainda não se identificaram completamente as causas que a produzem. Esta complicação nos bébés prematuros em geral melhora, mas pode levar à perfuração do intestino, sépsis ou morte.
Esfíncter Esofágico Inferior – O músculo entre a junção do esófago e do estômago. Normalmente, encontra-se fechado excepto durante o acto de engolir, vomitar e de arrotar.
Exantema – Doenças nas quais as erupções cutâneas são uma manifestação proeminente.
Exsanguínea, Transfusão – Método terapêutico para icterícias e anemias graves consistindo na troca lenta e sucessiva de pequenas fracções do sangue do recém-nascido por sangue compatível.

F
Febre – Um aumento da temperatura do organismo.
FIO2 – Fracção de oxigénio no ar inspirado.
Fisioterapeutas – Profissionais clínicos que trabalham com os bébés prematuros para os auxiliar no seu desenvolvimento neuromuscular. Normalmente estão também envolvidos no seguimento dos cuidados de desenvolvimento.
Fontanela – Espaços membranosos entre os ossos do crânio do recém-nascido.
Fototerapia – Ver “Bililights”.
FQ – Frequência Respiratória de Alta Frequência.
FR – Frequência Respiratória em IMV/IPPV.

G
Gestação Completa – Nascido entre a 37ª e a 42ª semanas de gravidez.
Gestação – O tempo passado no útero entre a concepção e o parto. A gestação média dos humanos é de 39 semanas.
Glóbulos vermelhos – As células do sangue que transportam o oxigénio.
Glucose ou Glicose – Uma forma simples de açúcar que fornece energia ao organismo.
Grande Prematuridade – Se nasceu antes das 28 semanas de gestação.

H
HELLP – Ver “Sindroma HELLP”.
Hemorragia Cerebral – Ver “Hemorragia Intraventricular”.
Hemorragia Intracraniana – Ver “Hemorragia Intraventricular”.
Hemorragia Intraventricular (Hemorragia Intracraniana, Hemorragia Cerebral ou IVH / HIV) – Hemorragia que ocorre no cérebro próximo dos ventrículos, onde existem vasos particularmente frágeis.
Hemorragia Subaracnoidal – Hemorragia na área que envolve o cérebro.
Hidrocefalia – Uma acumulação anormal de líquido nos compartimentos do cérebro, caracterizada por um aumento anormal da dimensão da cabeça e uma perda progressiva do tecido cerebral.
Hiperbilirrubinémia – Ver “Icterícia”.
Hipertensão – Tensão arterial alta.
Hipertonia – Tónus muscular aumentado.
Hipoglicémia – Baixa do nível de açúcar no sangue.
Hipotensão – Tensão arterial baixa.
Hipotonia – Tónus muscular deficiente.
Hipoxia – Uma carência de oxigénio no organismo.
HIPV – Hemorragia intraperiventricular.
HIV – Ver “Hemorragia Intraventricular”.

I
IC – Idade corrigida ou idade pós-concepcional.
Icterícia – Tonalidade amarela da pele causada pela deposição dum pigmento, a bilirrubina, produzido pela destruição dos glóbulos vermelhos.
Icterícia neo-natal – Acontece quando o fígado do bebé ainda está imaturo e não é capaz de processar a bilirrubina (pigmento), que se acumula no sangue, fazendo com que a pele e os olhos do bebé fiquem amarelados. O tratamento é feito através da fototerapia.
Idade Ajustada – Ver “Idade Corrigida”.
Idade Corrigida – A idade que um bébé prematuro teria se não tivesse nascido antes da data prevista. Calcula-se diminuindo a 40 semanas a idade gestacional do nascimento. Assim, se um prematuro nasce após 28 semanas de gestação, faltam 12 semanas para as 40 semanas, só quando tiver 3 meses atingirá as 40 semanas de idade corrigida.
Idade Gestacional (IG) – O número de semanas desde o primeiro dia do último período menstrual e a data de nascimento.
IG – Ver “Idade Gestacional”.
Ileostomia – Uma abertura cirurgicamente criada na parede abdominal que permite um desvio do intestino delgado para drenar as fezes para um saco de resíduos. Este procedimento pode ser necessário em casos de obstrução intestinal e enterocolite necrosante.
Imunização – Administração de uma vacina para induzir a produção de anticorpos e proteger o organismo contra a infecção.
IMV – Ventilação Mandatória Intermitente.
Incubadora – Caixa de plástico transparente onde são mantidos os bébés prematuros em condições controladas e para os proteger de infecções. Equipada com um sistema de aquecimento que permite manter o recém-nascido quente e evitar a desidratação (a atmosfera é bastante húmida).
Índice de Apgar – Ver “Apgar (Índice de)”.
INEM – Instituto Nacional de Emergência Médica, possui ambulâncias medicalizadas próprias para o transporte de recém-nascidos.
Infecção Nosocomial – Doença infecciosa contraída no meio hospitalar.
Infecções Estreptocócicas de Grupo B (SGB) - Um tipo de de infecção bacteriana com que os bébés podem ser infectados durante o parto.
Inflamação – A resposta do organismo a uma lesão. Pode incluir dor, calor, vermelhidão e inchaço.
Intervenção Precoce (IP) – Programas e serviços para crianças com risco de atrasos de desenvolvimento.
Intestino Perfurado – Uma bertura no intestino.
Intravenoso (IV) – Distribuição de líquidos, alimentos e/ou medicação directamente na veia.
Interno” ou “Estagiário” – Um médico licenciado que está a completar um período de treino de 2 a 3 anos antes de fazer o exame para se tornar um médico especializado. Intubação – A inserção de um tubo na traqueia através do nariz ou da boca para assistir a respiração.
IO – Índice de Oxigenação.
IP – Ver “Intervenção Precoce”.
IPPV – Ventilação Pressão Positiva Intermitente.
IV – Ver “Intravenoso”.
IVH –Ver “Hemorragia Intraventricular”.

K
Kernicterus – Impregnação por bilirrubina do encéfalo, com consequências neurológicas.

L
Lanugo – Uma penugem macia, fina e clara que cobre o corpo do feto e de alguns bébés prematuros.
Leucomalácia Periventricular (LPV) – Lesão no cérebro indicando áreas permanentemente lesadas.
Ligação Afectiva – O processo através do qual os pais e a criança se tornam emocionalmente ligados.
Linhas Percutâneas – Ver “Catéteres Percutâneos”.
Líquido Pulmonar Fetal – Líquido produzido pelos pulmões antes do nascimento.
LM – Leite materno.
LPV – Ver “Leucomalácia Periventricular”.

M
MAP – Pressão Média das Vias Aéreas (em Ventilação de Alta Frequência Oscilatória as siglas MAP e CDP são na prática utilizadas como sinónimos, apesar de siopatologicamente terem significados diferentes).
Mastite – Inflamação das glândulas mamárias.
Marcos do Desenvolvimento – Pontos importantes do desenvolvimento do bébé como gatinhar, andar e falar.
MBP – Ver “Muito Baixo Peso”.
Mecónio – Matéria fecal verde escura expulsa pelo feto logo após o nascimento.
Monitor – Um aparelho que regista informações como os batimentos cardíacos, a temperatura corporal, a frequência respiratória e a tensão arterial.
Monitor cardio respiratório – Aparelho que indica certos elementos de vigilância do bébé: frequência cardíaca, frequência respiratória, tensão arterial, nível de oxigénio. Ligado ao bébé através de fios em cujas extremidades se encontram eléctrodos colocados na pele (3 em geral para as frequências cardíaca e respiratória) ou através de um captador luminoso (para a oxigenação) ou um aparelho de medir a tensão arterial.
Muito Baixo Peso (MBP) – Se o peso ao nascer é inferior a 1500g. Se o peso é < 1000g, designa-se por extremo baixo peso.

N
Não Invasivo – Uma descrição de um procedimento que não requer injecção, incisão ou inserção num orifício do corpo.
NEC – Ver “Enterocolite Necrosante”
Neonatologista – Um médico especializado nos cuidados clínicos e desenvolvimento de bébés prematuros e de recém-nascidos doentes.
Neurologista – Um médico especializado no diagnóstico e tratamento de doenças do sistema nervoso.
Nutrição Parentérica (Hiperalimentação) – Distribuição de nutrição directamente na corrente sanguínea do bébé, fornecendo os nutrientes necessários como os hidratos de carbono, electrólitos, proteínas, minerais, vitaminas e gorduras sem se utilizar o aparelho digestivo.

O
OEA – Ver “Otoemissões Acústicas”.
Oftalmologista – Um médico especializado que pode diagnosticar e tratar lesões oculares, incluindo a prescrição de óculos, de medicação e realização de cirurgias.
OMS – Organização Mundial de Saúde.
OPT – Optimização do volume pulmonar.
Organismos Gram-Negativos: Um tipo de bactéria que pode causar infecções após a sua entrada no organismo do bébé através de um tubo de respiração ou durante o parto.
Otoemissões Acústicas (OEA) – Método de rastreio da audição. Óxido Nítrico – Gás distribuído para os pulmões para melhorar a oxigenação de bébés extremamente doentes.
Oxímetro – Aparelho que mede a quantidade de oxigénio transportada pelos glóbulos vermelhos. A medição faz-se através de um captador luminoso e indolor colocado na mão ou no pé. O resultado é expresso em percentagem de saturação da hemoglobina em oxigénio.

P
PaCO2 – Pressão Parcial de Dióxido de Carbono Arterial,
PaO2 – Pressão Parcial de Oxigénio Arterial,
Paralisia Cerebral (PC) – Doença motora com aspectos clínicos variáveis que se traduz por alteração da força muscular, por vezes acompanhada de movimentos involuntários.
PC – Ver “Paralisia Cerebral”.
PCA – Persistência do Canal Arterial.
PEATC – Ver “Potenciais Evocados Auditivos do Tronco Cerebral”.
Pediatra – Um médico especializado na assistência à criança e ao adolescentenos seus diversos aspectos, sejam eles preventivos ou curativos. Aspectos preventivos incluem acções como aleitamento materno, imunizações (vacinas), prevenção de acidentes, além do acompanhamento e das orientações necessárias a um crescimento e desenvolvimento saudáveis. Os curativos correspondem aos diversos procedimentos e tratamentos das mais diversas patologias exclusivas ou não da criança e adolescente.
Pequeno para a Idade Gestacional (PIG) – Diz-se do recém-nascido cujo peso ao nascer está abaixo do percentil 10 para a sua idade gestacional.
Período Perinatal – O momento que precede imediatamente, durante e após o nascimento, normalmente da 28ª semana de gestação até ao 7º dia após o parto.
Período Neonatal – Os primeiros 28 dias de vida.
Persistência ou Patência do Canal Arterial (PCA) – Canal que faz parte da circulação do feto e que não encerrou após o nascimento sendo necessário fazer tratamento.
PIG – Ver “Pequeno para a Idade Gestacional”.
PN – Peso de nascimento.
Pneumonia – Uma infecção dos pulmões que leva a dificuldades respiratórias, tosse, dor no peito e febre.
Pneumotórax – Ruptura nas vias aéreas com saída de ar para o espaço entre o pulmão e a parede torácica.
PNV – Plano Nacional de Vacinação.
Posição de Canguru – Uma técnica de colocação dos bébés no peito dos pais para permitir um contacto directo com a pele.
Potenciais Evocados Auditivos do Tronco Cerebral (PEATC) – Tal como os OEA, é um método de rastreio da audição.
Pré-Eclâmpsia – Situação da mãe que associa a hipertensão a alterações da função hepática e da coagulação e que determina muitas vezes a necessidade do nascimento antes do tempo.
Prematuro – Recém-nascido com menos de 37 semanas de gestação. Ver também “Grande Prematuridade”.
Pressão Respiratória Positiva Contínua (CPAP) – Distribuição de oxigénio sob pressão para ajudar a respirar e reduzir os episódios de apneia. Um método de apoio respiratório que distribui um fluxo constante de ar para os pulmões do bébé para manter os alvéolos (sacos de ar) abertos a cada respiração. Com este método é o bébé que se encarrega de fazer toda a respiração.
Problemas de Desenvolvimento – Insucesso no alcance das esperadas capacidades associadas à idade, podem incluir a coordenação motora bruta e delicada (como virar-se sozinho, sentar-se ou apanhar pequenos objectos com o polegar e outro dedo), sociabilidade, comunicação e incapacidade de aprendizagem.
Prognóstico – Uma previsão do curso provável e do fim da doença.
Punção Lombar – Ver “Drenagem Vertebral”.

R
Radiografia – Uma técnica de diagnóstico que utiliza a radiação para ver as estruturas internas do organismo.
RCIU – Restrição do Crescimento Intra-Uterino.
Reanimação – Ver “Ressuscitação Cardiopulmonar”.
Recém-nascido (RN) – Do nascimento até aos 28 dias de idade.
Refluxo Gastroesofágico – O afluxo do conteúdo do estômago até ao esófago, resultando ocasionalmente no vomitar.
Respiração Assistida – Um tipo de respiração apoiada no qual a máscara que cobre o nariz e a boca do bébé tem um saco ligado e que é utilizado para bombear ar e/ou oxigénio para os pulmões do bébé.
Ressuscitação Cardiopulmonar (Reanimação) – Um método de reanimar uma pessoa cujos batimentos cardíacos e a respiração pararam ou diminuíram de uma forma anormal.
Restrição do Crescimento Intra-Uterino (RCIU) – Aplica-se quando há um deficiente crescimento dentro do útero. (sinónimo de ACIU)
Retinopatia da Prematuridade (ROP) – Uma doença da retina do olho característica dos bébés prematuros e que se traduz no crescimento anormal dos vasos sanguíneos oculares.
Rigidez – Músculos muito tensos.
RN – Ver “Recém-nascido”.
RNMBP – Registo Nacional de Recém-nascido com peso nascimento inferior a 1500g.
ROP – Ver “Retinopatia da Prematuridade”.

S
SDR – Ver “Sindroma de Dificuldade Respiratória”.
Sépsis – A presença de uma bactéria e/ou respectivas toxinas na corrente sanguínea.
SGB – Ver “Infecções Estreptocócicas de Grupo B”.
Shunt – Uma passagem implantada cirurgicamente entre 2 áreas do corpo, como por exemplo um shunt ventriculoperitoneal que drena o líquido dos ventrículos cerebrais para a actividade abdominal de uma criança com hidrocefalia.
SIMV- Ventilação Mandatória Intermitente Sincronizada.
Sindroma de Dificuldade Respiratória (SDR) – Um distúrbio respiratório em pulmões imaturos causado pela ausência de surfactante.
Sindroma HELLP (HELLP): Trata-se de uma complicação obstétrica com risco de vida, sendo considerada por muitos uma variação da pré-eclâmpsia. Pode surgir na gravidez ou, por vezes, após o parto. HELLP é a abreviação dos três principais elementos do sindroma:
• H - Hemólise, do inglês: Hemolytic anemia;
• EL - Enzimas hepáticas elevadas, do inglês: Elevated Liver enzymes;
• LP - Baixa contagem de plaquetas, do inglês:Low Platelet count.
A morbilidade e mortalidade materno-fetal dependem da gravidade da apresentação clínico-laboratorial e da idade gestacional em que esta síndroma se instala. A causa exacta é desconhecida , a sintomatologia muito inespecífica e o tratamento mais eficaz é o parto.
Sonografia – Ver “Ecografia”.
Surfactante – Uma substância produzida pelo pulmão que ajuda a manter os pequenos alvéolos (sacos de ar) expandidos e previne que estes se danifiquem. Os prematuros não o produzem em quantidade suficiente pelo que muitas vezes tem que lhes ser administrado.
Surfactante Exógeno – Um líquido administrado directamente nos pulmões que corrige a ausência de surfactante endógeno, evitando deste modo significativos problemas respiratórios.

T
TAC – Tomografia axial computorizada.
Taquicardia – Frequência cardíaca mais elevada que o normal.
Taquipneia Transitória do Recém-nascido – Uma respiração rápida que melhora gradualmente nas primeiras horas ou dias após o nascimento.
Te – Tempo expiratório.
Tensão Arterial – A pressão que o sangue exerce sobre as paredes dos vasos sanguíneos. Esta tensão permite ao sangue fluir através dos vasos sanguíneos.
Terapeuta da Respiração – Um profissional clínico treinado no uso do equipamento respiratório.
Terapeuta Ocupacional – Um profissional clínico que se especializou no auxílio de tarefas relativas ao desenvolvimento e que incluem o uso dos braços, mãos, boca e língua.
Terapia com Oxigénio – Qualquer método de distribuição de um suplemento de oxigénio a um bébé.
Termo ou RN de Termo – Diz-se do recém-nascido cuja idade gestacional está entre 37 semanas e 41 semanas e 5 dias.
TET – Ver “Tubo Endotraqueal”.
Ti – Tempo Inspiratório.
Transfusão de sangue – Administração de sangue de um dador saudável para um doente.
Tratamento por Nebulizador – Um método de administração de medicação através da transformação do medicamento em pequenas gotículas para inalação.
Tubo Endotraqueal (TET) – Um tubo inserido através do nariz ou da boca até à traqueia, permitindo a ligação ao ventilador e que o ar e/ou oxigénio fluam para os pulmões sem passar pelo nariz.
Tubo Nasogátrico (Tubo NG) – Um tubo fino e flexível que é inserido através das narinas, passando pelo esófago até ao estômago, utilizado para distribuir alimentos no estômago ou para remover líquidos deste.
Tubo NG – Ver “Tubo Nasogátrico”.
Tubo OG – Ver “Tubo Orogástrico”.
Tubo Orogástrico (Tubo OG) – Um tubo fino e flexível que é inserido através da boca, pelo esófago, até ao estômago utilizado para distribuir alimentos no estômago ou para remover líquidos deste.
Tubo Traqueal – Um tubo flexível que é cirurgicamente inserido na traqueia para ajudar o bébé a respirar.

U
UCIN – Ver “Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais”.
UCF’s – Unidades Coordenadoras Funcionais , estruturas de ligação entre os centros de saúde e os hospitais.
Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN) – Departamento do hospital onde são tratados os recém-nascidos que necessitam de cuidados intensivos.

V
VAF – Ventilação de Alta Frequência,
VAFO – Ventilação de Alta Frequência Oscilatória.
VC – Ventilação convencional.
Vc (Vt) – Volume corrente (sinónimo de volume tidal).
Ventilador – Um aparelho que mantém o fluxo normal de ar para dentro e para fora dos pulmões. É um equipamento que leva ar ao pulmão e permite a contracção passiva dos pulmões e tórax depois de se terem dado as trocas de oxigénio(O2) por dióxido de carbono (CO2).
Há muitos modos de utilização dos ventiladores e vários tipos de equipamentos dependendo das situações clinicas e também das escolhas feitas nas unidades. O objectivo da ventilação é manter o pulmão expandido e permitir as trocas gasosas .
Hoje utiliza-se muito o CPAP nasal (Ver “CPAP”). No entanto, nalguns bebés que têm o pulmão mais colapsado e músculos menos desenvolvidos, é necessário fazer ventilação invasiva usando um tubo dentro da traqueia (Ver “Ventilação Invasiva”) .
Ventilação Invasiva – Esta ventilação pode ser feita de forma mais ajustada com o bebé com vários modos possíveis ou também pode ser feita usando frequências suprafisiológicas e menores volumes como com a Ventição de Alta frequência.
Vírus Sincicial Respiratório (VSR) – Um vírus comum, facilmente transmitido que causa doenças respiratórias. A infecção pode estar limitada ao tracto respiratório superior (nariz, garganta e seios nasais) ou pode alastrar-se ao tracto respiratório inferior (pulmões e bronquíolos), dando origem a pneumonia e a bronquiolite.
VSR – Ver “Vírus Sincicial Respiratório”.

X
XXS – Designação em Inglês para “Extra Extra Small / Extra Extra Strong”, extremamente pequeno / extremamente forte.

Fontes:
• “Nascer Prematuro – Um manual para os pais dos bébés prematuros” – Secção de Neonatologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria (Hercília Guimarães, Teresa Tomé, Daniel Virella, Gabriela Mimoso)
• “Guia dos Pais do Bébé Prematuro” – Abbott Laboratórios Limitada
• www.sosprema.com
• www.nascerprematuro.org

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