Provavelmente, antes do vosso bebé ter nascido prematuro,
já tinham ouvido falar de algum caso ou de alguém
que já passou pela experiência de ter um bebé
que nasceu prematuro.
Trata-se, sem dúvida, de uma situação delicada
e que, na maior parte das vezes, é inesperada. Além
disso, as informações disponíveis sobre o assunto
podem acabar por gerar nos pais preocupações desnecessárias,
ansiedade e insegurança. Por isso, é muito importante
conhecer esta realidade e as práticas que fazem com que a
vida do vosso bebé prematuro e da vossa família seja
muito melhor que há algum tempo atrás.
Nos capítulos seguintes, podem encontrar detalhes sobre
a definição de bebé prematuro, as causas do
nascimento prematuro, as estatísticas sobre esta realidade
em Portugal e no mundo, o que vai acontecer ao vosso bebé
durante os próximos meses, a importância do aleitamento
materno, as principais complicações que podem surgir,
como vai ser o crescimento e o desenvolvimento do vosso bebé,
como se pode prevenir a prematuridade e um glossário de alguns
dos termos técnicos utilizados.
O que é um bebé
prematuro?
A duração normal de uma gravidez é de 37 a
42 semanas. Quando os bebés nascem antes das 37 semanas de
idade gestacional, então estamos perante um bebé prematuro
ou pré-termo.
Se procurarmos no dicionário, podemos verificar que a palavra
prematuro tem origem no termo latino praematurus, de prae (antes)
+ maturus (maduro).
O bebé prematuro nasce com uma imaturidade dos seus órgãos
e sistemas (respiração, controlo da temperatura, digestão,
metabolismo, etc.), o que o torna mais vulnerável a determinadas
enfermidades e, também, mais sensível a determinados
factores externos (como sejam a luz e o ruído).
É possível que um bebé nasça às
40 semanas com um peso igual ao de um bebé prematuro de 32
semanas, neste caso, trata-se de um bebé pequeno para a sua
idade gestacional.
Apesar de serem uma "versão pequena" de um bebé
de termo, os bebés prematuros, principalmente os que nascem
antes das 35 semanas de gestação ou que são
muito pequeninos, necessitam de uma atenção especial
e de cuidados extraordinários para conseguirem amadurecer
biologicamente e sobreviver fora do ambiente protector que é
o útero da mãe.
O vosso bebé poderá ter que permanecer na enfermaria
da maternidade ou ser admitido na Unidade de Cuidados Intermédios
ou na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN). Presentemente,
os recursos tecnológicos destas unidades permitem dar assistência
e possibilitar a sobrevivência dos bebés prematuros.
Os cuidados proporcionados por estas unidades neonatais são
estruturados para ajudar os bebés a levarem a cabo 3 funções
essenciais que, muitas vezes, estes bebés têm dificuldade
em controlar: a temperatura corporal, a respiração
e a alimentação. A colocação dos bebés
numa incubadora, ou num berço aquecido, ajudará a
manter a sua temperatura corporal, um ventilador ou um respirador
ajudá-los-á a respirar e receberão a alimentação
necessária através de um tubo que é colocado
no narizinho, no estômago ou numa veia.
O bebé prematuro pode classificar-se, segundo a idade gestacional,
em:
• Pré-Termo Limiar: Aquele que nasce entre as 33 e
as 36 semanas de idade gestacional e/ou tem um peso à nascença
entre 1500g e 2500g.
• Prematuro Moderado: Aquele que nasce entre as 28 e as 32
semanas de idade gestacional e/ou tem um peso à nascença
entre 1000g e 2500g.
• Prematuro Extremo: Aquele que nasce antes de ter completado
as 28 semanas de idade gestacional e/ou pesa menos de 1000g. Como
consequência desta maior imaturidade, é classificado
como grande prematuro e apresenta problemas mais frequentes e mais
graves.
No que se refere ao seu aspecto físico, destacam-se como
principais características as seguintes:
• Tamanho pequeno
• Baixo peso ao nascer
• Pele fina, brilhante e rosada, por vezes coberta por lanugo
(penugem fina)
• Veias visíveis sob a pele
• Pouca gordura sob a pele
• Cabelo escasso
• Orelhas finas e moles
• Cabeça grande e desproporcional em relação
ao resto do corpo
• Músculos fracos e actividade física reduzida
(ao contrário de um lactente de termo, um lactente prematuro
tende a não elevar os membros superiores e inferiores)
• Reflexos de sucção e de deglutição
fracos ou inexistentes
• Respiração irregular
As possibilidades de sobrevivência de um bebé prematuro
estão condicionadas pela sua idade gestacional, o seu peso
ao nascer e pela presença de problemas de saúde significativos
quando do seu nascimento (respiratórios, cardíacos,
infecciosos, malformativos, etc.). De todos, o mais importante é,
sem dúvida, a idade gestacional, uma vez que esta determina
a maturidade dos órgãos do vosso bebé. O limite
da idade gestacional tem vindo a aumentar cada vez mais, de tal
forma que, actualmente, pode considerar-se viável um recém-nascido
a partir das 23/24 semanas.
Em geral, ao início, as incapacidades/sequelas são
difíceis de prever. Existem factores que aumentam o risco,
bem como outros que só se manifestam após alguns dias/semanas
de internamento.
De acordo com a evolução do vosso filho e os problemas
que este apresente, o médico ir-vos-á informando acerca
das possibilidades de sequelas futuras, se bem que algumas delas
só poderão ser diagnosticadas em etapas posteriores
da vida do vosso filho.
Fonte: www.prematuros.info; “Guia dos Pais do Bebé
Prematuro”, Abbott Laboratórios Lda.; www.aboutkidshealth.ca
TOPO
Porque é que o vosso
bebé nasceu prematuro?
Raramente se está preparado(a) para um bebé prematuro.
Apenas na gravidez gemelar se espera uma gravidez mais curta.
Apesar da intensa investigação e dos enormes progressos
na Medicina, ainda hoje não são completamente conhecidos
os mecanismos causadores do parto pretermo.
A incidência de parto pretermo varia de país para
país, de raça para raça e nos países
mais industrializados aumentou até ligeiramente. Uma das
razões para que tal aconteça é o avanço
da tecnologia médica, permitindo que actualmente possam nascer
e sobreviver bebés que, há alguns anos atrás,
não teriam tido essa capacidade. Por outro lado, o melhor
domínio e compreensão de algumas doenças crónicas
permitiu que hoje possam ser mães mulheres que anteriormente,
pela patologia que têm, não teriam tido possibilidade
de levar a cabo uma gravidez até à viabilidade do
feto.
O parto pretermo é um sindroma complexo em cuja génese
são conhecidos múltiplos factores de risco, há
já evidência de que estão implicados factores
bioquímicos, imunológicos, histopatológicos
e anatómicos.
O início do parto pretermo é:
• Espontâneo em 20 a 30 % dos casos
• Ocorre após ruptura de membranas (bolsa de águas)
em 30 a 40% dos casos
• Medicamente indicado em 35 a 40% dos casos por razões
que envolvem riscos para a mãe e para o bebé
Normalmente, a prematuridade induzida é resultado de um
contexto de hipertensão arterial severa, de um atraso de
crescimento grave ou de hemorragias da mãe.
É bem conhecida a associação de alguns factores
de risco ao parto pretermo:
• Problemas ginecológicos, tais como malformações
uterinas, fibromiomas ou Insuficiência cervical (fraqueza
do colo do útero)
• Antecedentes de partos pretermo anteriores ou abortos de
repetição
• Idade da mãe (menor de 18 anos e maior de 35 anos)
• Hipertensão arterial e suas complicações
• Hemorragias vaginais
• Ruptura prematura de membranas (rebentamento das águas)
• Trabalho prematuro espontâneo
• Atraso de crescimento intra-uterino
• Infecções urogenitais ou sistémicas
(pneumonia, pielonefrite ou apendicite aguda)
• Diabetes
• Malformações do feto
• Técnicas de reprodução assistida que
resultam em gravidez múltipla
• Acompanhamento pré-natal inexistente ou tardio
• Stress materno crónico
• Má nutrição por parte da mãe
• Hábitos pouco saudáveis e consumo de tabaco,
álcool e drogas
• Violência doméstica e acidente por impacto
• Carências sociais e económicas
Existem 5 grandes situações clínicas que dão
origem a um parto prematuro antes das 33 semanas de gestação:
• Hipertensão arterial e suas complicações,
em 20% dos casos.
• Hemorragias, em 20% dos casos.
• Ruptura prematura de membranas, em 25 a 35% dos casos.
• Trabalho de parto espontâneo, em 25 a 30% dos casos.
• Atraso de crescimento intra-uterino.
Falamos de hipertensão quando a pressão arterial
sistólica é >= 140 mmHg e/ou a pressão arterial
distólica é >= 90 mmHg. É habitual distinguir
entre as mulheres que têm uma hipertensão que já
existia antes da gravidez daquelas que desenvolvem uma hipertensão
pela primeira vez durante a gravidez.
A hipertensão arterial pode complicar-se noutras patologias,
entre as quais as mais conhecidas são as seguintes:
• Pré-eclampsia: a hipertensão arterial está
associada à presença de proteínas na urina
que revelam anomalias ao nível renal.
• Eclampsia: trata-se de uma complicação mais
grave da hipertensão arterial durante a gravidez e manifesta-se
por convulsões que revelam sofrimento ao nível cerebral.
• Sindroma HELLP: representa também uma complicação
grave da hipertensão arterial durante a gravidez e manifesta-se
por alterações hepáticas, uma destruição
de glóbulos vermelhas e de plaquetas sanguíneas.
• Hematoma retro-plancetar: trata-se do descolamento prematuro
da placenta acompanhado de um hematoma.
São sangramentos abundantes que colocam em risco a mãe
e o bebé. Incluem normalmente:
• Placenta prévia: trata-se de uma placenta mal inserida
(a placenta está totalmente alojada sobre o colo do útero)
que pode complicar-se numa hemorragia.
• Hematoma retro-plancetar: pode resultar duma associação
com hipertensão mas manifestar-se também em mulheres
que não sofrem de qualquer doença hipertensiva.
• Outras hemorragias do 3º trimestre de gravidez em que
a sua origem não é identificada.
Trata-se de um rebentamento das águas antes do termo da
gravidez e do ínício do trabalho de parto. Uma das
explicações para este rebentamento antecipado pode
ser uma infecção. Cerca de 1/3 das rupturas prematuras
de membranas estão associadas a infecções intra-uterinas.
Outros factores como as condições sócio-económicas
desfavoráveis ou o consumo de tabaco podem estar também
implicados.
Corresponde ao início do trabalho de parto antes do termo
normal de uma gravidez (37 semanas de gestação) e
em que as membranas ainda se encontram intactas. O papel das infecções
é fortemente suspeito. Pelo menos 15% das mulheres que dão
à luz na sequência de um trabalho de parto espontâneo
são portadoras de um infecção uterina. Outros
eventos ligados a condições de vida difíceis
e o stress poderão estar também implicados.
Corresponde a um peso à nascença demasiado baixo
para a idade gestacional. O atraso de crescimento é geralmente
diagnosticado através das ecografias efectuadas durante a
gravidez e está, em parte, relacionado a anomalias de vasculatização
entre o útero e a placenta. As trocas entre a mãe
e o feto não se dão em boas condições
e os aportes nutricionais e o oxigénio tornam-se insuficientes,
o que faz com que os riscos para o feto sejam significativos.
É neste contexto que as equipas médicas são
levadas a provocar um parto prematuro, normalmente por cesariana.
É frequente ver a hipertensão arterial associada
a um atraso de crescimento intra-uterino. Outras causas podem estar
relacionadas com doenças do feto (malformações
ou doenças genéticas). No entanto, em grande parte
dos casos não é possível identificar as causas.
TOPO
O que dizem as estatísticas?
PREMATURIDADE EM PORTUGAL
Em Portugal, o nº de nascimentos tem vindo a diminuir durante
os últimos anos. Em 2007, nasceram 102’567 nados-vivos,
o que representa uma quebra de -14,6% quando comparado com o ano
de 2000.
Por sua vez, a taxa de prematuridade (calculada para bebés
nascidos antes das 37 semanas de idade gestacional) tem vindo a
aumentar e, em 2007, cifrava-se em 9,1%. Nesse ano, nasceram 9’296
bebés prematuros, o que representa um crescimento de +31,5%
quando comparado com o ano de 2000.
Em 2007, fazendo uma classificação por tipo de prematuridade,
constata-se que 87,8% dos nascimentos prematuros corresponderam
a pré-termos limiares (8’160 nascimentos entre as 33
e as 36 semanas de idade gestacional), 9,3% a prematuros moderados
(866 nascimentos entre as 28 e as 32 semanas de idade gestacional)
e 2,9% a prematuros extremos (270 nascimentos antes das 28 semanas
de idade gestacional).
A taxa de prematuridade tem aumentado ao longo dos últimos
anos e está intimamente ligada à incidência
de gravidez gemelar que é o factor de risco principal tanto
da prematuridade como de baixo peso ao nascer. As grávidas
abaixo dos 19 e acima dos 40 anos, com comportamentos de risco,
fumadoras, com má vigilância da gravidez têm
também riscos acrescidos.
Os avanços médicos na área da prematuridade
têm sido enormes e as taxas de sobrevida dos bebés
com peso ao nascer inferior a 1’500g têm aumentado gradualmente
para mais de 85%. Actualmente, pode dizer-se que um bebé
com um peso à nascença superior a 1’000g tem
uma probabilidade de sobreviver superior a 95%.
Em relação às sequelas, a percentagem é
significativa mas, avaliados após a alta, podemos dizer que
70% ficarão sem qualquer problema. A probabilidade de ocorrência
de problemas é inversa à idade gestacional.
Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística;
“Nascer prematuro – Um manual para os pais dos bebés
prematuros”, Secção de Neonatologia da Sociedade
Portuguesa de Pediatria (2007)
Abaixo, podem encontrar alguma informação estatística
sobre a natureza dos nascimentos prematuros. Na maioria dos casos,
os resultados apresentados dizem respeito ao ano de 2004 e cobrem
mais de 30 países ao nível Europeu. Para efeitos de
simplificação, os gráficos apenas dizem respeito
aos valores de 8 países: Alemanha, Espanha, França,
Itália, Holanda, Portugal e Reino Unido (Inglaterra e País
de Gales).
• Idade Materna: Em geral, as mães estão a
ter filhos cada vez mais tarde. O risco de um parto prematuro é
maior nas mães com idade superior a 35 anos e inferior a
20 anos. Em 2004, a % de mães Europeias com idade superior
a 35 anos variou entre 7,5% e 24,3%, dependendo dos países.
A % de mães com idade inferior a 20 anos variou entre 1,3%
e 9,3%.
• Prematuridade: Desde a década de 80, e apesar dos
esforços de prevenção, as taxas de prematuridade
têm vindo a aumentar em muitos dos países da Europa
Ocidental. Em 2004, a taxa de prematuridade (calculada para bebés
nascidos antes das 37 semanas de idade gestacional) variou significativamente
entre 5,5% e 11,4%. Os bebés nascidos antes das 32 semanas
de idade gestacional variaram entre 0,9% e 1,1%.
• Idade Gestacional: Em geral, quanto menor fôr a idade
gestacional à nascença, maiores serão as probabilidades
de complicações e de sequelas. Os bebés nascidos
antes das 32 semanas de idade gestacional representaram cerca de
1% dos nascimentos efectuados na Europa durante o ano de 2004.
• Prematuros de Extremo Baixo
Peso: Para estes efeitos, os bebés de extremo baixo peso
(EBP) são aqueles que pesam menos de 1500g à nascença.
Estima-se que, todos os anos, nasçam cerca de 2 milhões
de bebés de EBP em todo o mundo. Em 2006, na Europa, o peso
médio de prematuros nascidos com EBP era de 1157g para uma
idade gestacional correspondente a 28,6 semanas. As principais complicações
a que estes bebés se encontraram sujeitos quando da sua estada
junto da Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN) foram as
seguintes:
• Mortalidade: A maioria das
mortes neonatais estão associadas com partos prematuros e
anomalias congénitas. O risco de mortalidade é tanto
maior quanto menor fôr a idade gestacional do bebé
à nascença. As taxas de mortalidade mais elevadas
ocorrem em bebés nascidos antes das 28 semanas de idade gestacional,
principalmente naqueles nascidos antes das 26 semanas. A maioria
das mortes neonatais ocorrem durante os 7 primeiros dias de vida
após o nascimento. Em 2004, as taxas de mortalidade variaram
entre 2 e 5 por cada 1000 nascimentos.
• Gravidezes múltiplas:
O risco de um parto prematuro é maior nas gravidezes múltiplas.
As taxas de gravidezes múltiplas na Europa variam entre 12
e 20 por cada 1000 mulheres. As taxas de prematuridade em gravidezes
múltiplas são cerca de 7 a 10 vezes mais elevadas
do que em gravidezes individuais.
• Procriação Medicamente Assistida: Em 2004,
os bebés nascidos com recurso à procriação
medicamente assistida representaram cerca de 5% na Europa.
Em relação aos Estados Unidos da América (EUA),
a taxa de prematuridade é superior à taxa que vigora
actualmente em Portugal (em 2006, 12,8% nos EUA contra 7,9% em Portugal).
Nos EUA, entre 1996 e 2006, a taxa de prematuridade subiu mais
de +16%. Em 2006, 1 em cada 8 bebés (12,8%) nascia prematuramente
(antes das 37 semanas de idade gestacional) e 1 em cada 12 bebés
(8,3%) nascia com peso entre as 1’500g e as 2’500g.
Em média, todas as semanas nascem nos EUA:
TOPO
O que vai acontecer
ao vosso bebé durante os próximos tempos?
O nascimento de um bebé será sempre um acontecimento
sublime e um momento de celebração e de festa! Quando
a chegada do bebé ocorre cedo demais e os pais se confrontam
com um nascimento prematuro, essas emoções podem ser
verdadeiramente dolorosas, acarretando um turbilhão de sentimentos
e pensamentos confusos e intensos.
Durante a gravidez, os pais idealizam o bebé. Aquando do
seu nascimento, surge o confronto entre o bebé que foi idealizado
e o bebé agora real. Esta adaptação ao bebé
real torna-se mais difícil com o nascimento de um bebé
em risco: perde-se o bebé idealizado e surge o bebé
que era temido, conduzindo a sentimentos de elevado sofrimento.
O nascimento é, sem dúvida, o primeiro momento de
tomada de consciência dos numerosos desafios e dos dias, muitas
vezes difíceis, que se avizinham. Provavelmente, no momento
do nascimento só poderão ver o vosso bebé durante
breves segundos, pois ele necessitará de cuidados médicos.
Nos capítulos seguintes irão encontrar informações
acerca de diferentes temáticas relacionadas com a prematuridade.
Notem que estes conteúdos são apenas indicativos e
que deverão sempre colocar as vossas questões e dúvidas
à equipa clínica da UCIN (Unidade de Cuidados Intensivos
Neonatais) e/ou da Unidade de Cuidados Intermédios.
Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais
dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia
da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007)
Os recém-nascidos que precisam de cuidados médicos
ou cirúrgicos são internados numa área
especial do hospital chamada "Neonatologia" ou Unidade
de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN). Os recursos tecnológicos
de uma UCIN permitem, presentemente, dar assistência e possibilitar
a sobrevivência dos bebés prematuros.
Entrar numa UCIN pela primeira vez é, na maioria dos casos,
extremamente stressante e um choque para os pais. Não só
pela circunstância do vosso bebé ser muito prematuro
ou estar doente e toda a ansiedade natural que isso acarreta, mas
pelo ambiente um pouco estranho, desconhecido e por vezes até
assustador que vos rodeia !
As unidades são frequentemente muito movimentadas, com muitas
pessoas a desempenharem diferentes funções e com aspecto
"muito ocupado", alarmes a tocar e por vezes com luzes
estranhas! Peçam ao enfermeiro que vos explique qual a função
de cada uma das máquinas, pois a compreensão do que
envolve o vosso bebé ajudar-vos-à a ficarem mais tranquilos.
Os pais são sempre incentivados a perguntar tudo o que desconheçam,
a expor as suas dúvidas e angústias e os profissionais
tentam sempre mantê-los a par de tudo o que se vai passando
com o vosso bebé.
Geralmente, o médico ou o enfermeiro vem mostrar o bebé,
dar informações clínicas e dizer quais as normas
com que a UCIN se rege nomeadamente quanto a visitas. Normalmente,
os pais podem ver o seu bebé a qualquer altura e as visitas
do pai e da mãe são encorajadas durante todo o dia.
Mas, sendo um local com tantas crianças gravemente doentes,
a grande maioria das unidades só permite uma visita curta
dos avós ou irmãos, desde que estes não estejam
doentes, por exemplo constipados. Esta regra foi criada para proteger
o vosso pequenino bebé de germes durante um período
em que este ainda tem muito pouca capacidade de combater eventuais
infecções.
Em alguns casos, o pessoal de enfermagem poderá pedir-lhes
que não toquem no bebé. A movimentação
do bebé poderá sobreexcitá-lo, o que fará
com que utilize energia preciosa de que necessita para respirar,
absorver comida e crescer. À medida que o vosso bebé
se torna mais estável e inicia o seu crescimento, são
encorajados a pegar no bebé e a ajudar a cuidar dele.
Há recém-nascidos que vão nascer em maternidades
que não têm estas UCIN. Se a sua necessidade é
prevista antes do nascimento, estes bebés são idealmente
transferidos ainda dentro da barriga da mãe para locais onde
possam ter todo o apoio de que irão necessitar. Se
não, têm de ser transferidos através de uma
ambulância do INEM especialmente preparada para eles e ficam
longe da mãe. É mais uma dura prova para os pais.
Ao pai que deverá vir ver
logo o bebé, costuma ser dada uma fotografia do seu filho
para levar à mãe e ajudar a que a separação
seja menos difícil.
Em alguns casos, o vosso bebé poderá ser transferido
para uma unidade menos especializada, à medida que fôr
fazendo progressos. Provavelmente, irão ter sentimentos contraditórios
relativamente a esta transferência, preocupando-se se o pessoal
deste hospital está igualmente qualificado para dar ao vosso
bebé todos os cuidados necessários. A transferência
é uma boa notícia, uma vez que significa que o vosso
bebé está a fazer progressos.
As UCINs estão equipadas com máquinas sofisticadas,
monitores e materiais especialmente adequados aos recém-nascidos.
Toda a tecnologia que rodeia o vosso bebé tem de ser adaptada
ao seu caso específico. O equipamento que o envolve pode
parecer assustador mas trata-se de um precioso auxílio para
que tudo corra bem com o vosso bebé.
Geralmente, a primeira visita ao bebé é feita pelo
pai e só algumas horas ou dias mais tarde irá receber
a visita da mãe, devido ao parto em si e ao facto de poder
ter sido submetida a uma anestesia geral. Chegados à UCIN,
é normal que se sintam impressionados pela quantidade de
aparelhos, tubos, fios e cabos que o vosso bebé tem ligados.
Os bebés encontram-se dentro de uma incubadora ou de um
berço aquecido, onde a temperatura e a humidade do ambiente
é vigiada. Estes têm por função substituir
o útero materno, mantendo um ambiente quente e regulando
a temperatura consoante a temperatura do bebé. A incubadora
proporciona a humidade necessária ao equilíbrio do
bebé e protege-o das infecções e do barulho.
Todos os cuidados e tratamentos são realizados dentro da
própria incubadora.
Os bebés têm geralmente colocados sensores ligados
por fios e cabos a monitores que servem para dar informações
sobre o estado de saúde dos bebés e vigiam os batimentos
do coração, a frequência respiratória,
a tensão arterial, a temperatura, os níveis de oxigénio
e de dióxido carbono e que alarmam se algum dos parâmetros
sai fora do normal. Às vezes, apitam só por o vosso
bebé se mexer ou por haver mau contacto, não quer
dizer que haja uma situação complicada e são
geralmente os enfermeiros que vêem o que se passa e avaliam
a gravidade de cada alarme. É por isso que, frequentemente,
as UCIN são tão barulhentas.
O monitor de frequência cardíaca e respiratória
é ligado através de uns fios que terminam nuns pequenos
autocolantes que são colocados no peito e na barriga do bebé
e informa o estado do ritmo cardíaco e respiratório
do bebé.
O oxímetro de pulso, através de uma pequena tira com
uma luzinha vermelha que é colocada no braço ou no
pé do bebé, mede continuamente a oxigenação
do sangue e permite regular a quantidade de oxigénio que
o bebé precisa.
Os bebés que não conseguem respirar sozinhos têm
de estar ligados a máquinas que são os ventiladores.
Os ventiladores são aparelhos complexos e evoluídos,
que de acordo com as necessidades do bebé, permitem fazer
vários tipos de ventilação, que vão
desde a ventilação completa até uma pequena
ajuda quando o bebé se "esquece de respirar".
A ventilação faz-se através um tubo endotraqueal
que sai pela boca ou pelo nariz do bebé e que, por um sistema
de outros tubos, é ligado ao ventilador. O ventilador vai
insuflar ar, com mais ou menos oxigénio, para os pulmões
e permitir que se realizem as trocas gasosas fundamentais à
vida.
Estes recém-nascidos necessitam também de aspiradores
de secreções para a ventilação se processar
da melhor maneira possível.
Outros bebés conseguem respirar sozinhos, embora necessitem
de alguma ajuda, que muitas vezes é conseguida através
de um sistema de tubos colocados no nariz e fixos a uma touca que
os ajudam a respirar. Estes sistema que força o ar para os
pulmões é o chamado CPAP nasal.
Como os bebés agudamente doentes não podem ou não
conseguem mamar, têm que ser administrados soros que os alimentem,
para além das medicações que precisam. São
várias as vias para essa administração. Poder-se-á
colocar uns tubos dentro dos vasos, que se chamam cateteres, a nível
do umbigo através da veia e artéria umbilical ou mesmo
através de uma veia periférica.
Há bebés que não precisam destes cateteres
e podem ter só um pequeno sistema colocado numa veia. Muitas
vezes, o que administra os soros ou o leite para o bebé são
umas máquinas chamadas perfusoras, e geralmente estão
sempre várias junto de cada criança.
Há outros bebés que, embora não possam mamar,
podem ser alimentados com leite, de preferência materno, através
de sondas nasogátricas, uns tubos que entram pela boca ou
nariz e vão directamente ao estômago. Estas sondas
servem para alimentar o bebé e verificar o conteúdo
do seu estômago. São utilizadas porque os prematuros
cansam-se com muita facilidade, não conseguindo por isso
mamar (só por volta das 34 semanas é que o reflexo
de mamar surge). Assim, sem dispêndio de energia relevante,
mais facilmente aumentarão de peso.
Salvo naqueles raros casos em que as mães não podem
ou não devem amamentar, o seu leite é sempre o melhor
para o bebé. Desde o início deve ser incentivada a
recolha do leite da mãe para estimular a sua produção
e se poder administrar a cada bebé o melhor leite do mundo,
o da sua mãe.
Frequentemente, é necessário realizar análises
ou exames, nomeadamente ao sangue, para verificar a evolução
da doença e as atitudes a tomar. Estes nem sempre são
desprovidas de incómodo e mesmo de dor para o bebé
mas, cada vez mais, os profissionais da UCIN estão alerta
para detectar precocemente os sinais de dor e administrar os medicamentos
necessários.
Este é o principal equipamento que rodeia o vosso bebé.
No entanto, podem encontrar outros equipamentos ou instrumentos
necessários para uma situação específica.
Se tal acontecer, peçam ao Enfermeiro ou ao Médico
para vos explicar a sua finalidade.
A UCIN combina uma tecnologia muito avançada e diferenciada
com profissionais de saúde treinados e especializados na
prestação dos cuidados ao bebé prematuro ou
doente. Fazem parte da equipa os neonatologistas (pediatras com
treino especializado em recém -nascidos), ajudados por vezes
por médicos internos de pediatria, as enfermeiras e auxiliares
de acção médica.
Muitos outros profissionais são chamados à UCIN consoante
os problemas específicos de cada recém-nascido, como
por exemplo cardiologistas, cirurgiões, neurologistas pediátricos,
fisiatras, fisioterapeutas, cinesiterapeutas, terapeutas ocupacionais,
geneticistas, radiologistas, oftalmologistas, assistentes sociais
ou psicólogos.
Os pais são também um elemento fundamental na equipa,
a sua presença é sempre encorajada e apoiada e poderão
ter uma actuação muito importante consoante cada bebé
e a gravidade da sua doença.
Abaixo, podem encontrar uma lista de alguns dos profissionais de
saúde relacionados convosco e com o vosso bebé prematuro.
• O Obstetra: O ostetra cuidou da mãe durante toda
a gravidez e ajudou o vosso bebé a vir a este mundo. Mantenham-se
em contacto com ele e participem-lhe que o vosso bebé está
quase a ter alta. Uma vez que existiu um parto prematuro, a recuperação
da mãe poderá ser um pouco diferente da de um parto
de gestção completa, por esta razão não
tenham receio de contactá-lo e de lhe dar conhecimento de
quaisquer alterações ou questões relacionadas
com a condição física da mãe.
• O Neonatologista: Um Neonatologista é um médico
pediatra que se especializou no tratamento, nas doenças e
no desenvolvimento dos recém-nascidos.
• O Pediatra: Se ainda não escolheram um pediatra
para o vosso bebé, agora é uma boa altura para o fazer.
Embora este não seja um médico directamente envolvido
no tratamento do vosso bebé enquanto este se encontra na
UCIN, poderá ser uma grande ajuda pedir ao vosso pediatra
que visite o bebé antes deste receber alta. Ao fazer isto,
este pode falar directamente com o pessoal da UCIN para ter um maior
conhecimento da situação do vosso bebé quando
o levarem pela primeira vez ao seu consultório.
• O Enfermeiro da área neonatal: O enfermeiro da área
neonatal recebeu treino específico para os cuidados intensivos
a um recém-nascido. Trabalha de forma muito directa com os
médicos, de modo a garantir que o vosso bebé recebe
todos os cuidados e tratamentos de que necessita e estará
apto a responder a muitas das vossas perguntas acerca da UCIN e
da condição do vosso bebé.
• O Enfermeiro de obstetrícia: O enfermeiro da área
de obstetrícia pode ajudar as mães a amamentar os
bebés internados na UCIN antes destes receberem alta. Muitas
mães que têm bebés na UCIN têm que utilizar
uma bomba para extraír o leite. Perguntem ao enfermeiro onde
devem adquirir uma ou se o sistema de saúde de que são
beneficiários comparticipa o custo de aquisição
ou aluguer de uma bomba após a alta hospitalar.
• A Assistente Social: Uma assistente social da UCIN é
um elo de ligação entre vós e o hospital. Ela
estará disponível para fornecer quaisquer informações
e apoio (quando necessário), como por exemplo serviços
complementares. A assistente social da UCIN poderá ser igualmente
coordenadora dos cuidados familiares (caso não o seja, perguntem
ao vosso médico quem desempenha esse papel no hospital).
Um coordenador dos cuidados familiares ajuda-os a compreenderem
toda a extensão dos cuidados proporcionados ao vosso bebé
e coordena as reuniões entre todas as pessoas envolvidas
no cuidado do vosso bebé, como por exemplo proporcionar meios
de se discutir assuntos importantes acerca da saúde do vosso
bebé.
• O Psicólogo: Muitos hospitais possuem psicólogo
de apoio aos pais e irmãos para famílias com bebés
internados na UCIN. Estes grupos podem ajudar os membros da família
a lidarem com os sentimentos relacionados com a recente experiência
de nascimento. Mesmo que nunca se tenham interessado por um grupo
de apoio, esta poderá ser a altura ideal para o fazerem.
• O Fisioterapeuta: O fisioterapeuta possui um treino especializado
na avaliação e auxílio do tónus muscular
e problemas do vosso bebé relacionados com o movimento. Recomendará
quais as melhores posições em que o vosso bebé
deve ser deitado e demonstrar-vos-á a melhor maneira de lidar
com um bebé enquanto o seu tónus muscular e o seu
sistema nervoso se desenvolvem.
• O Cardiologista: O cardiologista é um médico
especializado em problemas do coração. Se o vosso
bebé tem problemas cardíacos, o cardiologista irá
recomendar uma monotorização especial, tratamentos
ou, caso seja necessário, cirurgias para corrigir esses problemas.
• O Oftalmologista: O oftalmologista é um médico
especializado na avaliação e tratamento de problemas
oculares. Os bebés prematuros com problemas oculares, como
a retinopatia por prematuridade, são tratados por um oftalmologista
no que diz respeito a esta condição.
• O Nutricionista / Dietista: Trata-se de um profissional
de saúde que se especializou na avaliação e
prescrição das necessidades alimentares. Este especialista
irá recomendar técnicas especiais de alimentação
que irão assegurar que o vosso bebé recebe a nutrição
correcta até que o seu aparelho digestivo esteja suficientemente
maduro para poder ser alimentado directamente pelo peito ou através
de um biberão.
Apesar do vosso bebé dormir a maior parte dp tempo, estão
a acontecer muitas “actividades” no interior daquele
minúsculo corpinho. Enquanto dome, o vosso bebé está
a crescer e a desenvolver-se.
Os bebés muito pequeninos não conseguem mover-se
sozinhos. Assim, para encorajar o crescimento e o desenvolvimento
do vosso bebé, os enfermeiros irão colocá-lo
em várias posições. Poderão encontrar
o vosso bebé “aninhado”. O seu corpinho estará
enroscado num “ninho”, como que enrolado em almofadas
e em cobertores. Isto é feito para ajudá-lo a sentir-se
seguro e protegido, à semelhança do que acontecia
no ventre da mãe.
O fisioterapeuta pode auxiliar o pessoal de enfermagem da UCIN
a decidir quando o bebé necessita de ser mudado e quais as
posições mais adequadas para ele. Estes terapeutas
observam a sua utilização muscular e decidem o modo
como necessita de ser “exercitado”, de modo a beneficiar
o seu desenvolvimento a longo prazo.
O vosso bebé ficará gradualmente mais e mais ciente
do que o rodeia na UCIN. À medida que os sentidos do bebé
se desenvolvem, o melhor ambiente deve ser silencioso e calmo, equilibrado
pela quantia exacta de estimulação. Muita estimulação
pode, no entanto, desperdiçar energia preciosa. O espaço
circundante ideal, o calor, a energia, o oxigénio e a humidade
são conservados de modo a proporcionar o melhor crescimento
possível.
Os “cuidados agrupados” fazem parte de um método
utilizado pelo pessoal de enfermagem para canalizar a energia do
vosso bebé para o crescimento. Isto significa que os enfermeiros
fazem todos os procedimentos necessários de uma só
vez. Deste modo, o vosso bebé não será perturbado
como seria se cada um dos procedimentos fôsse feito de cada
vez.
A PELE E A APARÊNCIA DO VOSSO BEBÉ
A pele é um dos maiores órgãos (cerca de 2500
cm2 no recém-nascido) e o maior órgão sensitivo
do corpo humano. As suas principais funções são
de protecção (barreira, percepção da
dor) e de relação (tacto). É um órgão
flexível, versátil, adaptável e “inteligente”,
que faz a interface com o meio ambiente.
O vosso pequenino bebé é muito frágil. Uma
vez que a sua pele ainda não está completamente desenvolvida,
poderão facilmente ver as veias por baixo desta. Isto faz
com que os bebé prematuros tenham uma coloração
da pele vermelha arroxeada. A sua pele pode parecer “pegajosa”
e pode ficar ferida com muita facilidade. Por esta razão,
os enfermeiros untam o bebé com um gel ou um material protector
para lhe proteger a pele.
Os bebés prematuros com menos de 30-32 semanas não
têm ainda formadas as camadas de gordura que são armazenadas
no final da gravidez. A pele é mais fina, deixando ver bem
os vasos sanguíneos nela existentes.
Nos bebés ainda mais prematuros com menos de 28 semanas
existe apenas uma fina camada de células à superfície
da pele, em vez das múltiplas camadas dos bebés de
termo. A perda de água por evaporação através
desta fina camada de células é muito grande, sendo
também muito frágil ao atrito e aos adesivos. Pode
ser tocada pelos nossos dedos, mas não deve ser esfregada
nem traccionada, devendo ser usados adesivos especiais para fixação
dos sensores e cateteres conectados ao corpo do bebé. Os
procedimentos em que é necessário colocar cateteres
ou efectuar procedimentos cirúrgicos, que interrompem a fina
barreira cutânea, além da preocupação
em evitar a dor, são precedidos de desinfecção
com produtos específicos.
Ao longo da formação da pele, há uma fase
em que está coberta por uma “penugem” fina e
macia chamada lanugo, que desaparece à medida que o bebé
cresce. Já próximo do termo da gestação,
a pele fica geralmente coberta por um “creme” natural,
esbranquiçado, chamado vérnix, que é um excelente
protector e hidratante, por vezes ainda visível nos bebés
de termo.
A pele dos prematuros não tem ainda pigmento, sendo rosada,
qualquer que seja a raça dos progenitores. A pigmentação
vai-se dando gradualmente com o termo e depois.
O facto da pele dos prematuros ser tão fina, também
torna muito fácil o arrefecimento do corpo, sendo necessário
aquecer e tentar diminuir a perda de água, com películas
de plástico especial e irradiadores em incubadoras “abertas”
ou fechadas e aquecidas.
O sentido do tacto é um dos primeiros a amadurecer nos prematuros
e, quando a situação clínica o permite, parece
ser benéfico para o vosso bebé (ainda que prematuro)
o contacto pele-pele com os pais ou outro adulto. Nos bebés
maiores, a massagem da pele feita por pais ou outro pessoal treinado,
tem um efeito calmante, reforça os laços afectivos
com os progenitores e o sentimento de segurança do bebé,
parecendo também possuir um efeito benéfico no seu
estado clínico e desenvolvimento.
A cabecinha do vosso bebé poderá parecer muito grande
relativamente ao tamanho do corpinho e os seus braços e pernas
poderão parecer muito longos. Muitos dos bebés prematuros
têm uma percentagem muito pequena de gordura a cobrir-lhe
os ossos. À medida que o vosso bebé se desenvolve
e cresce, as suas pernas, braços e cabeça parecerão
mais proporcionais.
É comum que o bebé muito prematuro tenha os olhos
ainda praticamente fechados na altura do nascimento. Com o tempo,
estes abrir-se-ão. As suas orelhas ainda se estão
a desenvolver. Estão muito perto da cabeça e têm
pouca ou nenhuma cartilagem. Se as suas orelhinhas estiverem dobradas
ou arqueadas, poderão ainda permancer nesta posição
durante algum tempo. Não se preocupem. À medida que
o bebé cresce, as suas orelhas irão desenvolver a
cartilagem que fará com que estas voltem ao lugar quando
são tocadas.
Um rapazinho prematuro tem um pénis muito pequenino e os
seus testículos ainda não se deslocaram para o escroto.
O clitóris de uma menina prematura estará muito protuberante,
os lábios que o rodeiam ainda não estão completamente
desenvolvidos.
OS MOVIMENTOS DO VOSSO BEBÉ
É comum que os bebés muito prematuros se mexam pouco
e, quando o fazem, procedem de uma maneira “desajeitada”
e “sobressaltada”. Isto acontece porque as suas respostas
ainda não estão completamente desenvolvidas e a sua
coordenação é ainda muito imatura.
Uma vez que estes bebés ainda têm pouco tónus
muscular, terão que olhar com muita atenção
para verem sinais de aumento de força e de capacidade. Poderão
ver o bebé movimentar ou dobrar espontaneamente um bracinho
ou uma perninha. Poderão ainda aperceber-se duma resposta
de sucção se colocarem um dedo vosso perto da sua
boquinha. À medida que o vosso bebé dorme, come e
ganha peso, os seus músculos e tom de pele irão parecer-se
mais com os dos bebés mais crescidos.
RESPIRAÇÃO ARTIFICIAL
Os pulmões dos bebés muito pequenos ainda não
estão completamente desenvolvidos e os bebés prematuros
sofrem, geralmente, de dificuldades respiratórias. À
medida que os seus pulmões se desenvolvem, serão necessários
muitos ajustamentos e cuidados extraordinários.
Uma vez que é nos pulmões que se verificam as trocas
gasosas que permitem levar oxigénio a todos os órgãos
do corpo, para compensar as dificuldades que sentem os bebés
prematuros, torna-se indispensável dar artificialmente oxigénio
ou ar misturado com oxigénio de vários modos, o que
exige a prestação de cuidados por equipas de médicos
e enfermeiros especializados, a realização de exames
e análises várias (de sangue, radiografias, etc.),
e a utilização de aparelhos, quer para compensar a
dificuldade que os bebés apresentam, quer para vigiar a sua
evolução, nas unidades de cuidados especiais e unidades
de cuidados intensivos.
As medidas específicas a aplicar nos casos de dificuldade
respiratória dizem respeito essencialmente a:
1) Administração de oxigénio (oxigenoterapia)
– que depende do estado geral do bebé e da avaliação
do grau de deficiência da oxigenação.
2) Compensação da dificuldade respiratória
– assistência respiratória que pode culminar
na
chamada ventilação mecânica.
Abaixo poderão encontrar a descrição de alguns
métodos e dispositivos utilizados na Unidade de Cuidados
Intensivos Neonatais (UCIN) para auxiliar o vosso bebé a
respirar. O vosso bebé possui condições especiais
que irão determinar qual destes métodos será
o mais adequado.
• Câmpanula de Oxigénio: As campânulas
são utilizadas em bebés com dificuldades respiratórias
moderadas. A campânula assemelha-se a uma caixa de plástico
transparente que é colocada por cima da cabecinha do vosso
bebé. Para este compartimento é bombeada uma quantidade
suplementar de oxigénio, de acordo com as diferentes necessidades
do bebé. A cabeça do bebé fica dentro deste
“habitáculo” ligado a uma fonte de oxigénio
cuja concentração em percentagem do ar é medida
de modo contínuo com um sensor colocado perto da boca e do
nariz (em forma de microfone). O ar tem cerca de 21% de oxigénio,
portanto o suplemento de oxigénio (que deve ser humidificado)
é regulado conforme a condição clínica,
por vezes torna-se necessário 25-30%, por vezes mais.
• Cânula nasal: Trata-se de um tubo de plástico
ligado a um dispositivo que pode fornecer uma quantidade suplementar
controlada de oxigénio. O tubo é colocado por baixo
do nariz do bebé e possui duas pontas que são inseridas
nas suas narinas. Através do tubo circula ar com uma quantidade
suplementar de oxigénio que aflui às suas vias respiratórias.
• Pressão respiratória positiva contínua
(CPAP): Neste método utiliza-se um tubo que é colocado
nas narinas do bebé, estando por vezes directamente ligado
aos seus pulmões. Um fluxo constante de ar é forçado
para os pulmões através do tubo o que proporciona
uma quantidade suplementar de oxigénio e uma pressão
moderada para manter as vias respiratórias abertas (pressão
positiva contínua no fim da expiração). Com
este método é o bebé que se encarrega de fazer
toda a respiração.
• Intubação endotraqueal (ET): Com este método
é colocado um tubo através da boca, que desce pela
garganta até à traqueia para permitir a troca directa
de ar e oxigénio para dentro e para fora dos pulmões.
• Ventilação mecânica (ventilador): Neste
método, o tubo endotraqueal é ligado a um respirador.
Esta máquina regula o fluxo de ar, o oxigénio e a
pressão de ar à medida que entram e saem dos pulmões
do bebé. A frequência respiratória do bebé,
o fluxo de oxigénio, assim como a pressão são
controlados por ajustamentos definidos pelos médicos, enfermeiras
e terapeutas da respiração. Alguns bebés mais
pequeninos poderão beneficiar da técnica de ventilação
de alta frequência. Neste caso, em vez de distribuir um ritmo
“normal” de respirações por minuto, este
ventilador faz vibrar o peito do bebé até uma intensidade
de 900 pequenos sopros de ar por minuto. Os pulmões permanecem
constantemente cheios de ar. Os ventiladores permitem de modo muito
eficaz e controlado compensar a alteração do funcionamento
pulmonar. Em geral, utiliza-se uma mistura de oxigénio e
de ar e, em situações especiais, óxido nítrico.
• Tubos torácicos: Por vezes, é inserido um
tubo no peito do bebé quando o ar se aloja fora dos pulmões
e impede que estes se expandam. O tubo é ligado a um dispositivo
de sucção que extrai o ar e permite que os pulmões
se expandam.
• Administração de surfactante artificial:
Hoje em dia, é possível administrar artificialmente
surfactante através do tubo traqueal como modo de compensar
a deficiência da referida substância que é fundamental
para garantir a “abertura dos alvéolos pulmonares”
e as trocas gasosas eficientes.
• Outras medidas: Dizem respeito à manutenção
do funcionamento eficaz do coração e da circulação;
ou seja, mesmo que a oxigenação pulmonar se processe
eficazmente, torna-se necessário que o oxigénio chegue
a todos os órgãos, que a “bomba cardíaca
“ funcione e que as artérias e veias por onde circula
o sangue com glóbulos que distribuem oxigénio aos
órgãos e dele retiram o anidrido carbónico
a eliminar pelos pulmões, também funcionem. A circulação
deve também ser eficaz.
Daí a necessidade de medicação com vários
fármacos e de vigilância contínua e quantificada
dos batimentos cardíacos, dos movimentos respiratórios
e da pressão arterial. Estas implicam a aplicação
de muitos soros na veia com agulhas ou tubinhos especiais de vários
comprimentos e calibres chamados cânulas ou cateteres.
ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO
Quando se encontra no útero, as necessidades nutricionais
do feto são preenchidas pela mãe através da
placenta e do cordão umbilical. Normalmente, a seguir ao
nascimento, o bebé inicia imediatamente a sua alimentação
através do peito da mãe ou de biberão. No entanto,
para a maioria dos bebés prematuros, tal não é
possível. Desta forma, têm de ser utilizados outros
métodos de alimentação até que o bebé
prematuro desenvolva adequadamente os seus reflexos de sucção
e de deglutição.
Apesar do tracto gastrointestinal do feto se encontrar completamente
formado por volta das 20 semanas de idade gestacional, ainda não
se encontra verdadeiramente funcional. Os órgãos básicos
como o estômago e o intestino delgado e grosso já estão
formados, mas alguns mecanismos necessários para que o tracto
gastrointestinal comece a funcionar ainda não se encontram
desenvolvidos, como por exemplo:
• A peristalse, as contracções normais do intestino
que fazem mover a alimentação através do sistema,
só começa a funcionar adequadamente a partir das 29
semanas de idade gestacional.
• As enzimas necessárias à digestão do
leite podem não ser ainda produzidas em quantidade suficiente
por forma a serem eficientes.
• A coordenação dos movimentos de sucção
e de deglutição não está presente antes
das 34 semanas de idade gestacional.
Além disso, a alimentação através do
peito da mãe ou de biberão pode não ser possível
porque o bebé se encontra sujeito a determinadas intervenções
que a tornam impraticável. Por exemplo, um bebé que
respira com a ajuda de um ventilador não pode ser alimentado
através do peito ou de biberão.
Felizmente, nos últimos 20 anos, assistiu-se a um notável
progresso científico e tecnológico na área
da Neonatologia que tem tornado possível a sobrevivência
de bebés prematuros cada vez mais pequenos. Para esta situação,
muito contribuiu o aparecimento de novas fórmulas de alimentação,
o que constitui um factor determinante para uma boa sobrevivência
em qualquer idade, em especial entre prematuros.
Dependendo da idade gestacional quando do nascimento, o bebé
prematuro poderá vir a ser alimentado através das
veias por soluções especialmente concebidas para o
efeito e, logo que esteja livre dos problemas que afectam a sua
estabilidade, irá ser alimentado através de sonda
ou mesmo pela boca, com o próprio leite materno.
Os bebés muito prematuros não são inicialmente
capazes de mamar ou de engolir suficientemente bem para satisfazerem
as suas necessidades nutricionais e de líquidos. Muitos deles
gastariam mais calorias durante o processo de sucção
e de deglutição do que aquilo que conseguiriam assimilar.
Por esta razão, o vosso bebé poderá receber
as suas primeiras calorias por via intravenosa (via IV) e, mais
tarde, através de uma sonda que conduz o alimento directamente
ao estômago do vosso bebé. A alimentação
por sonda inicia-se lentamente e com pequenas quantidades para ajudar
a que o aparelho digestivo do vosso bebé comece a funcionar.
O vosso bebé irá receber a nutrição
que foi estabelecida para satisfazer as suas necessidades específicas.
A nutrição, por via IV e/ou através de sondas,
será equilibrada e ajustada ao que melhor se adapta ao vosso
bebé.
Apesar de vos parecer que as sondas na traqueia ou os tubos nas
veias possam causar dor ou desconforto ao vosso bebé, tal
não acontece. A aflição que o bebé poderá
sentir será muito ligeira e durará apenas 1 ou 2 segundos
enquanto o tubo fôr colocado. À medida que o bebé
se desenvolve, os seus reflexos de sucção e de deglutição
também se desenvolvem. A partir dessa altura, está
pronto a ser alimentado pelos métodos habituais, no peito
ou pelo biberão.
A alimentação por via intravenosa (via IV) remete
a nutrição directamente para o sistema sanguíneo
do bebé, sem passar pelo sistema digestivo. Para a alimentação
por via IV são utilizados um ou mais dos métodos que
se seguem.
• Via Periférica: É colocada uma agulha fina
(abocath) numa veia perto da superfície cutânea do
braço, perna, pé, mão ou couro cabeludo do
vosso bebé.
• Linha Umbilical: É colocado um tubo fino (catéter)
numa artéria ou veia do cordão umbilical, permitindo
um acesso fácil para a administração da alimentação,
medicação e para se proceder a testes.
• Linha Central: Consiste em introduzir cirurgicamente um
catéter num vaso sanguíneo principal através
do peito ou da virilha. À semelhança da linha umbilical,
permite um acesso fácil e torna a recolha de amostra para
o laboratório mais fácil para todos. Outro sistema,
mais utilizado do que o anterior, que não necessita de cirurgia
e que é utilizado quando os vasos sanguíneos do bebé
ainda não estão suficientemente desenvolvidos, é
a colocação de um catéter comprido e muito
fino dentro de uma veia do braço ou da perna e que vai até
à veia cava superior. Este método pode ser utilizado
durante um longo período de tempo.
Inicialmente, o vosso bebé será alimentado com uma
mistura de açúcares e minerais, proteínas simples
e vitaminas. A mistura será ajustada às necessidades
do bebé, sendo alterada diariamente se fôr necessário.
Gradualmente, serão adicionadas proteínas, minerais
e vitaminas mais complexas. As gorduras ou lípidos poderão
ser administrados separadamente, dependendo das necessidades do
vosso bebé.
O método de administração de todas as suas
necessidades energéticas por via IV é denominado Nutrição
Parentérical Total ou NPT. A NPT ultrapassa o aparelho digestivo
do vosso bebé devido ao facto de ser imaturo e, provavelmente,
não poder ainda trabalhar de modo a ajudar o bebé
a crescer.
Por vezes, o médico pode ordenar imediatamente a alimentação
por tubo ou sonda de um bebé prematuro. Neste tipo de alimentação,
administram-se quantidades cuidadosamente medidas de alimento (leite
materno, o alimento ideal que preenche todas as necessidades do
bebé ou, na ausência deste, uma fórmula especialmente
concebida para bebés prematuros) que vão directamente
para o estômago do bebé. A partir desta altura, os
alimentos passam a ser processados pelo próprio aparelho
digestivo do bebé.
A alimentação por sonda é iniciada lentamente
e com pequenas quantidades de alimento, o que ajuda a desenvolver
gradualmente o aparelho digestivo do vosso bebé. À
medida que o vosso bebé vai tolerando cada vez melhor as
quantidades de alimento, estas vão sendo progressivamente
aumentadas.
Abaixo, podem encontrar a descrição dos vários
métodos de distribuição da alimentação.
• Tubo nasogátrico (NG): É introduzido um tubo
flexível no nariz do bebé, descendo pelo esófago
até ao estômago.
• Tubo orogástrico: Com este método, um tubo
flexível é introduzido na boca do bebé, descendo
pelo esófago até ao estômago.
• Tubo nasojejunal (NJ): Este tubo é inserido no nariz
do bebé, descendo pelo esófago, mas ao contrário
dos dois métodos anteriores, passa através do estômago
para distribuir a comida directamente na primeira parte do intestino.
• Tubo de gastrostomia: Nos bebés que necessitam de
uma alimentação prolongada (a longo prazo) é
utilizado ocasionalmente um tubo de gastrostomia. Estes tubos são
inseridos cirurgicamente através da parede abdominal até
ao estômago.
Gradualmente, o vosso bebé será habituado à
alimentação através do peito ou do biberão.
Entretanto, enquanto está a ser alimentado através
de sonda, ser-lhe-á colocada uma tetina na boquinha para
ir praticando a sucção e o acto de engolir. Deste
modo, o bebé irá associar a sucção com
a comida, preparando-se assim para conseguir mamar sozinho.
Assim que o vosso bebé tiver desenvolvido adequadamente
a coordenação da sucção e da deglutição,
os profissionais de saúde irão ajudar-vos a alimentar
o vosso bebé através do peito da mãe ou de
biberão.
Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais
dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia
da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007); “Guia dos Pais
do Bebé Prematuro”, Abbott Laboratórios Lda.;
www.aboutkidshealth.ca
Durante o internamento na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais
(UCIN), e tendo em conta a fragilidade da pele dos bebés
muito prematuros e o seu estado clínico mais ou menos instável,
nos primeiros dias de vida só se limpa o estritamente necessário,
com água morna ou soro e algodão.
Após algumas semanas de vida, o vosso bebé poderá
ser lavado com água morna, eventualmente com utilização
de cremes ou óleos hidratantes depois do “banho”.
Dependendo do tamanho do bebé, o primeiro banho poderá
ser dado numa banheira particularmente pequena, semelhante às
que são utilizadas nas brincadeiras de crianças. Se
se utilizarem cremes ou óleos hidratantes depois do “banho”,
tal deverá ser feito com o cuidado de usar produtos sem perfumes,
sem conservantes, não detergentes e muito suaves, para evitar
a absorção cutânea de substâncias químicas
e manter a hidratação da pele.
Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais
dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia
da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007)
EXAMES DE ROTINA
As equipas de enfermagem e de médicos neonatologistas irão
vigiar continuamente uma série de parâmetros acerca
da condição do vosso bebé. Para além
desta vigilância, existem muitos aparelhos com monitores electrónicos
integrados que permitem avaliar, de modo contínuo e sem que
seja necessário proceder a colheitas de sangue, entre outros,
os seguintes parâmetros: o nº de movimentos respiratórios,
de batimentos cardíacos, a temperatura cutânea, a pressão
arterial e o grau de oxigenação do sangue.
Por vezes, é necessário efectuar exames e tratamentos
específicos ao vosso bebé. Abaixo podem encontrar
a descrição de alguns procedimentos e tratamentos
que o pessoal da Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN)
poderá utilizar ao cuidar do vosso bebé.
• Análises ao Sangue: Muitas das análises ao
sangue são efectuadas com o objectivo de recolher dados acerca
do estado de saúde do vosso bebé. Serão efectuadas
análises aos gases no sangue para analisar os seus níveis
de oxigénio e de dióxido de carbono, sendo ainda utilizados
para vigiar a qualidade de funcionamento dos pulmões do vosso
bebé. Poderão ser efectuadas culturas com o sangue
recolhido para se saber quais os níveis de anemia (hemoglobina
ou hematrócritos), os níveis de açúcar
(glicose), o equilíbrio químico (electrólitos),
os níveis de icterícia (bilirrubina), entre outros.
Para estes testes é recolhida uma pequena amostra de sangue
através de uma linha intravenosa central, de uma artéria,
de uma veia ou do tecido cutâneo do calcanhar. Hoje em dia,
com as novas tecnologias, é possível obter muitos
resultados com uma quantidade mínima de sangue.
• Análises à urina: A urina irá ser
testada para se obterem dados sobre bactérias e outros componentes.
A sua recolha é feita através da colocação
de um saco de plástico especial na área genital do
vosso bebé. Poderá também ser inserido um catéter
na bexiga a fim de recolher a urina.
• Ecografia e ultra-som cerebral (ou eco transfontanelar):
A ecografia é uma técnica que utiliza ecos sonoros
para produzir imagens bidimensionais. O médico irá
servir-se da ecografia para avaliar, sem dor, as estruturas internas
e o fluxo sanguíneo do vosso bebé. Os bebés
muito prematuros estão em risco de hemorragia nos ventrículos
do cérebro. Tal deve-se à fragilidade dos vasos sanguíneos
que se podem romper e causar uma hemorragia (derrame de sangue).
Para avaliar esta situação, deverá ser efectuado
um ultra-som cerebral todas as semanas, especialmente nos bebés
que foram submetidos a ventilação mecânica com
parâmetros de pressão alta. Na maioria das vezes, o
exame é efectuado no local onde o bebé se encontra
internado (UCIN) com uma máquina que é para ali transportada
para esse efeito.
• Exames auditivos: Normalmente, os testes auditivos, também
designados por rastreio de audiometria, são efectuados antes
do bebé ter alta. Caso surjam resultados questionáveis,
serão efectuados testes adicionais.
• Exames oftalmológicos: Os bebés que pesam
menos de 1’500 gramas à nascença (e mesmo os
que têm mais de 1’500 gramas mas que são considerados
em situação de elevado risco pelo neonatologista),
serão examinados por um oftalmologista antes de atingirem
as 6 a 8 semanas de idade. Normalmente, estes exames são
repetidos com certa regularidade até ao crescimento dos vasos
sangíneos dos olhos estar completo. Durante o exame, as pupilas
do vosso bebé são dilatadas através da colocação
de gotas nos olhinhos, o que permite ao médico examinar melhor
a retina ou a parte inferior do olho.
• Fototerapia: A terapia com luz ou fototerapia é
o método de tratamento da icterícia, um problema muito
comum entre bebés prematuros. Normalmente, a icterícia
surge devido ao estado de imaturidade do fígado do bebé,
que é incapaz de processar completamente a bilirrubina (um
produto de degradação dos glóbulos vermelhos).
Um dos métodos para tratar a icterícia é colocar
o bebé sob a incidência de lâmpadas fluorescentes
especiais (“bililights”), que ajudam a quebrar a bilirrubina
na pele de modo a que esta seja mais facilmente eliminada pelo organismo.
Durante este procedimento, os olhos do vosso bebé serão
tapados. Simultaneamente, são recolhidas amostras de sangue
uma ou mais vezes por dia para verificar o grau de bilirrubina no
sangue.
• Radiografia: Poderão ser efectuadas radiografias
na UCIN para auxiliar os médicos a avaliar o desenvolvimento
dos pulmões do bebé ou de outras estruturas internas.
• Ressonância magnética: A ressonância
magnética é outro método disponível
que auxilia o médico a avaliar a condição interna
do vosso bebé. Esta técnica baseia-se na interacção
entre um campo magnético e os átomos do corpo e não
utiliza radiação. Pode produzir uma imagem nítida
de um tecido mole que não pode ser facilmente estudado através
de outros métodos.
• Tomografia axial computorizada (TAC): A TAC é uma
técnica que utiliza um feixe de radiação restrito
(raios-X) para avaliar as estruturas internas. O feixe é
rodado à volta do corpo do bebé enquanto um computador
processa uma imagem das estruturas internas do organismo. As TAC
podem auxiliar no diagnóstico de hemorragia ou de excesso
de líquido no cérebro.
• Transfusão: Os bebés prematuros pequenos
são sujeitos a muitas análises ao sangue. As transfusões
de sangue são muito comuns na UCIN porque estes bebés
possuem uma capacidade limitada de produção de novas
células sanguíneas e poderão não ser
capazes de satisfazer necessidades de substituição.
Numa transfusão é fornecido ao bebé sangue
ou derivados de sangue por via intravenosa para ajudar o bebé
a transferir o oxigénio para os seus tecidos corporais. Antes
da transfusão, os derivados do sangue são cuidadosamente
comparados aos do sistema sanguíneo do bebé, procedendo-se
também à verificação de quaisquer infecções.
Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais
dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia
da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007); “Guia dos Pais
do Bebé Prematuro”, Abbott Laboratórios Lda.
DOR, BARULHO E LUZ
À semelhança dos adultos e de outras crianças,
os bebés prematuros podem sentir dor. No passado, defendia-se
que os bebés prematuros não tinham capacidade para
sentir dor porque os seus sistemas nervosos não se encontravam
suficientemente desenvolvidos. Hoje, sabe-se que tal não
é verdade.
Além de poderem sentir dor, os bebés prematuros também
têm direito a que sejam efectuados todos os esforços
possíveis para que sejam aliviados da dor.
Os bebés prematuros podem sentir dor porque estão
doentes, encontram-se magoados ou estão sujeitos a procedimentos
dolorosos de diagnóstico e/ou de terapêutica (por exemplo,
ao serem picados para a realização de análises
ao sangue). Sob um ponto de vista clínico, a dor por procedimentos
dolorosos tem uma vantagem: os enfermeiros e médicos neonatologistas
sabem antecipadamente que a dor vai ocorrer e irão tomar
medidas de alívio da dor antes da realização
dos procedimentos.
Os bebés prematuros sujeitos a dor manifestam o seu sentimento,
por exemplo, através das suas expressões faciais,
dos movimentos de braços e de pernas, do choro e da qualidade
do sono. No entanto, os bebés muito prematuros podem também
manter-se imóveis em resposta à dor. Reconhecem que
o movimento os magoa e percebem que ao manterem-se imóveis
irão minimizar a dor que sentem. Em geral, prematuros extremos
tendem a ter uma reacção menor à dor do que
outros bebés prematuros mais velhos. No entanto, tal não
significa necessariamente que sintam uma dor menor.
O alívio da dor em bebés prematuros é tratado
de forma semelhante à de outras crianças e adultos.
É utilizada medicamentação e, muitas vezes,
os próprios pais podem também participar para aliviar
a dor que os seus bebés prematuros possam estar a sentir.
Alguma da medicamentação utilizada encontra-se descrita
abaixo.
• Actuação ao nível geral: Dependendo
da condição e do tipo de dor presente, aos bebés
prematuros pode ser administrada medicamentação que
actua no corpo ao nível geral. Pode até ter de se
administrar medicamentação mais forte, como a morfina.
• Actuação ao nível local: Podem também
ser administrados anestésicos locais que só actuam
no local em que são aplicados (normalmente, cremes aplicados
na pele).
• Sedativos: Apesar dos sedativos não serem tecnicamente
medicamentos de alívio da dor, os bebés prematuros
podem necessitar de ser sedados se tiverem de realizar procedimentos
em que têm de permanecer imóveis ou, por exemplo, estiverem
com dificuldades de ajustamento aos ritmos de um ventilador.
• Sacarose: Estudos têm demonstrado que a dor de um
bebé prematuro pode ser aliviada quando chucham uma chupeta
mergulhada em sacarose.
É natural que muitos pais se preocupem ao ser prescrita
morfina e tenham receio de que os seus bebés se tornem dependentes
da substância ou tenham uma overdose. No entanto, ao ser administrada
sob supervisão de médicos e enfermeiros, a medicamentação
é dada de uma forma segura, consistente e em quantidades
devidamente controladas que não vão criar qualquer
dependência. Se tiver que ser administrada ao longo de vários
dias ou semanas, terá que ser feito um desmame gradual à
medida que a dor fôr diminuindo, caso contrário, se
a medicamentação fôr abruptamente interrompida,
irá gerar um desconforto pela privação. Além
disso, a morfina já é utilizada há vários
séculos e os profissionais de saúde sabem como administrá-la
com um elevado grau de confiança.
Os pais podem auxiliar no alívio da dor que pode estar a
sentir o bebé prematuro. Na maioria dos casos, apesar de
não ser fácil testemunhar que o bebé está
a sofrer com dor, o auxílio pode começar por reparar
em sinais que possam indiciar dor e por comunicá-lo atempadamente
aos profissionais de saúde.
Se os pais se mantiverem calmos e estiverem ao corrente das estratégias
que existem para aliviar a dor, podem ajudar a reduzir a dor que
o bebé prematuro possa estar a sentir e acelerar o processo
de cura. Devem sempre começar por perguntar aos profissionais
de saúde que acompanham o bebé o que podem fazer para
aliviar a dor e como é que podem intervir.
Além da medicamentação prescrita pelos profissionais
de saúde, os pais podem ajudar o bebé a relaxar e
a sentir-se o mais confortável possível e, desta forma,
atenuar a dor que estes possam estar a sentir. Os bebés reagem
bem ao sentirem-se quentes, aninhados e seguros. A massagem e o
toque são terapias úteis para reduzir a ansiedade,
a dor e melhorar o sentimento de bem-estar.
A posição de canguru ou contacto pele-a-pele entre
a mãe ou o pai e o bebé, ao promover um ambiente calmo
e uma ligação afectiva entre os pais e o bebé
prematuro, também tem demonstrado ter um efeito de alívio
da dor.
Apesar de não ser sempre possível fazê-lo na
Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN), a amamentação
tem demonstrado reduzir a dor e o stress nos bebés, principalmente
durante a realização de exames.
Nalguns casos, pode ser preferível os pais concentrarem
os seus esforços na melhoria gradual do bebé do que
focalizar apenas no alívio completo da dor que este possa
estar a sentir.
O melhor ambiente para ajudar o vosso bebé a relaxar e a
diminuir a dor deve ser silencioso e calmo. Os profissionais de
saúde irão utilizar uma iluminação fraca
e níveis de ruído reduzidos para ajudar os bebés
prematuros a sentirem-se o mais confortáveis possível.
É natural que as próprias incubadoras onde se encontram
instalados os bebés estejam protegidas com uma espécie
de capa por forma a filtrar a luz que entra para dentro das incubadoras.
Fonte: www.aboutkidshealth.ca
RISCOS DE INFECÇÃO
As infecções verificam-se quando bactérias,
vírus ou fungos atacam o organismo e o sistema imunológico
não é capaz de os combater (o sistema imunológico
e os anti-corpos são as maiores defesas do organismo contra
infecções).
Os recém-nascidos são mais susceptíveis a
infecções do que as crianças mais crescidas
e a possibilidade de adquirirem uma infecção é
tanto maior quanto mais pequeno é o recém-nascido.
O sistema imunológico dos bebés muito pequenos ainda
não está bem desenvolvido, estes bebés têm
pouca capacidade de combater infecções e estão
sujeitos a contraírem doenças contagiosas.
As infecções dos bebés prematuros podem ter
várias causas:
• O bebé já nasce infectado (bactérias
e vírus são transmitidos pelo sangue da mãe
através da placenta e cordão umbilical) ou fica infectado
durante o nascimento. Tratam-se das infecções com
origem na mãe, que já estava infectada, mesmo sem
saber. Muitas vezes é a própria infecção
que desencadeia o parto. Nalgumas situações, é
possível saber com antecedência se a mãe é
portadora de dada bactéria e tentar evitar que ela a passe
ao seu bebé.
• A infecção é adquirida na unidade
de recém-nascidos onde o bebé se encontra internado.
Regra geral, um recém-nascido de termo saudável fica
junto da mãe quando nasce e ao fim de 2 dias já está
em casa junto da sua família. Quem lhe presta todos os cuidados
é a mãe e o pai, o que permite que o bebé adquira
as bactérias dos pais ao mesmo tempo que a mãe lhe
transmite as defesas para essas bactérias através
do próprio leite materno.
Pelo contrário, quando nasce pré-termo, o vosso bebé
é transferido para uma unidade de cuidados intensivos ou
intermédios, é colocado numa incubadora e tratado
por médicos e enfermeiras. Muitas vezes, necessita de muitos
tratamentos e de uma série de cuidados médicos incluindo
a inserção de meios intravenosos, cateteres e tubos
e de ser ligado a um ventilador. De cada vez que um procedimento
é executado, existe a possibilidade de introduzir bactérias,
vírus e fungos no sistema do vosso bebé.
Estas condições a que o vosso bebé se encontra
sujeito condicionam que ele não adquira as bactérias
“normais” da mãe e que esteja vulnerável
a adquirir infecções provocadas por bactérias
do próprio ambiente hospitalar. São situações
tanto mais graves e frequentes quanto mais pré-termo e doente
é o bebé e são uma preocupação
constante dos médicos e enfermeiros.
A infecção pode afectar algumas ou todas as partes
do corpo do bebé e pode ter diferentes graus de gravidade.
Em geral, o organismo reage a infecções com inflamações
e tenta destruír a sua origem com glóbulos brancos
e anti-corpos. O bebé prematuro pode não ser capaz
de produzir glóbulos brancos e anti-corpos suficientes para
combater a infecção e acaba por contraír a
doença.
A doença pode provocar, entre outros, dificuldade em manter
a temperatura do corpo, problemas de alimentação,
perda de tónus muscular, palidez, alterações
ao nível respiratório, alterações nos
batimentos cardíacos e apneia. Estes sinais irão depender
da gravidade da infecção.
Assim que existirem suspeitas de que o vosso bebé pode estar
infectado, os profissionais de saúde irão realizar
análises ao sangue e/ou urina e enviar ao laboratório
para análise. Pode demorar entre 24 a 48 horas até
que os estudos laboratoriais demonstrem sinais de infecção.
Caso exista uma infecção de origem bacteriana, o vosso
bebé irá ser tratado com antibióticos. Poderá
ser necessária outra medicamentação caso se
trate de infecções por vírus ou fungos.
Apesar de algumas infecções serem bastante graves,
a maioria delas reage bem ao tratamento com antibióticos.
Quanto mais cedo o vosso bebé fôr tratado, maiores
serão as probabilidades de sucesso no combate à infecção.
Todas as pessoas que se aproximam e rodeiam o vosso bebé,
incluindo o pessoal de enfermagem, os pais e as pessoas que o visitam,
são portadoras de alguns germes e colocam algum risco de
exposição a infecções nesta fase tão
sensível.
As mãos são o principal veículo de transmissão
de bactérias. Por esta razão, é de extrema
importância que lavem muito bem as vossas mãos com
água e sabão antes de visitarem o vosso bebé,
mesmo que não estejam a considerar tocar-lhe. Mesmo que durante
o dia já tenham lavado as mãos muitas vezes, lavem-nas
sempre antes de visitarem o vosso bebé. Rapidamente este
gesto, que é tão importante para o bebé no
que diz respeito a mantê-lo afastado de germes, irá
tornar-se familiar e habitual.
Poderão pedir-vos que vistam uma bata por cima das vossas
roupas quando pegam o vosso bebé ao colo. Se se fôrem
aproximar dele e acharem que qualquer um dos dois está a
ficar constipado ou com qualquer outro tipo de infecção
respiratória, peçam ao pessoal de enfermagem que vos
forneça máscaras.
Uma maneira de aumentar as defesas do bebé prematuro contra
infecções é alimentá-lo com leite materno
e, logo que possível, os cuidados devem ser prestados pelos
próprios pais.
Todas estas medidas são essenciais para evitar que o bebé
adquira algumas das infecções mais frequentes.
Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais
dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia
da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007); “Guia dos Pais
do Bebé Prematuro”, Abbott Laboratórios Lda.;
www.aboutkidshealth.ca
TOPO
Aleitamento materno
ALEITAMENTO MATERNO
O acto de amamentar é perfeitamente natural e constitui
a melhor forma da mãe alimentar, proteger e amar o seu bebé.
O leite materno é muito diferente do leite adaptado (leite
em pó) e contém todas as proteínas, açúcares,
gorduras, vitaminas e água de que o bebé necessita
para ser saudável.
Além disso, contém determinados elementos que o leite
em pó não consegue incorporar,
tais como anticorpos e glóbulos brancos. É por isso
que o leite materno protege o bebé de certas doenças
e infecções.
O leite materno constitui o alimento ideal do vosso bebé
prematuro. A melhor qualidade de vida alcançada em bebés
prematuros muito pequenos tem sido possível ultrapassando
a imaturidade de vários órgãos e aparelhos,
entre os quais o gastrointestinal. Neste sentido, é um desafio
garantir ao bebé nascido muito precocemente uma nutrição
equivalente à que recebia no ambiente intra-uterino. O leite
materno tem um papel primordial nesta adaptação, existindo
porém alternativas muito satisfatórias quando o bebé
se vê impedido de ser alimentado com o leite da sua mãe
(fórmulas especialmente concebidas para bebés prematuros).
Nos capítulos seguintes irão encontrar informações
acerca da importância do leito materno e das melhores formas
para o conservar. Além disso, deverão sempre colocar
as vossas questões e dúvidas à equipa clínica
da UCIN (Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais) e/ou da Unidade
de Cuidados Intermédios.
Fonte: www.leitematerno.org; “Nascer prematuro –
Um manual para os pais dos bebés prematuros”, Secção
de Neonatologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007)
IMPORTÂNCIA DO LEITE MATERNO
O crescimento do sistema digestivo está dependente das hormonas
intestinais e de outros factores cuja produção é
estimulada pelo alimento que o vosso bebé irá receber,
mesmo a partir de quantidades pequenas.
O leite materno, além da nutrição, exerce
um efeito poderoso sobre o intestino, estimulando o seu crescimento
e a sua maturação funcional, desenvolvendo uma flora
saudável e tornando-o apto a iniciar a produção
de anticorpos, hormonas e muitas outras substâncias necessárias
que, além de outras acções, garantem uma boa
absorção dos alimentos. Deste modo, a interacção
entre a nutrição, a imunidade e a infecção
tem profundas consequências na nutrição e no
bem-estar das crianças.
O apoio nutricional ao desenvolvimento de um sistema digestivo
imaturo deve merecer uma atenção especial. Valorizando
o efeito protector do leite materno, as mães de prematuros
muito pequenos com longas estadias no hospital, merecem redobrada
atenção devendo ser apoiadas no processo de amamentação.
O leite materno irá adaptar-se progressivamente às
necessidades do vosso bebé de modo a que, chegado o dia da
alta, não haja problemas no que se refere ao aumento de peso
e tranquilidade dos pais.
O leite da mãe de um bebé prematuro é substancialmente
diferente do leite de uma mãe que tenha tido um bebé
no termo da sua gravidez. Porém, ambos são adequados
às suas necessidades embora actualmente se pense que os prematuros
tenham durante muito tempo uma maior necessidade de proteínas,
cálcio e sais minerais. Para satisfazer esta exigência,
foi criado um preparado rico em proteínas e outros nutrientes
que muitas vezes é adicionado ao leite materno até
o bebé atingir maior peso.
Nos casos particulares em que a secreção do leite
materno se torna insuficiente é necessário recorrer
a leites artificiais. Existem actualmente fórmulas lácteas
especialmente concebidas para bebés prematuros, para serem
usados quer durante o internamento, quer nos meses a seguir à
alta. Estes leites especiais são reforçados com calorias
e nutrientes para que correspondam às exigências nutricionais
no período de crescimento rápido dos prematuros.
De um modo geral, após a alta, o prematuro cresce a um ritmo
rápido até à idade corrigida mas apesar, deste
facto, estes bebés serão mais pequenos e mais leves
do que os recém-nascidos de termo da mesma idade. A fase
mais rápida do crescimento que irá colocar o bebé
a par de outros da mesma idade mas que nasceram de gravidezes de
termo situa-se entre os 2 e 3 anos, embora o processo possa estender-se
ao longo da adolescência.
O vosso bebé será observado com maior frequência
nos primeiros meses, para se avaliar a evolução do
peso, do perímetro cefálico e do comprimento e, também,
para acompanhamento e apoio dos pais nas suas dificuldades de adaptação
a um bebé tão especial. A avaliação
do crescimento e do desenvolvimento motor e intelectual serão
os instrumentos de medida de uma boa nutrição resultantes
dos benefícios do aleitamento materno ou da alimentação
artificial quando o leite materno se torna insuficiente.
Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais
dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia
da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007)
COMO CONSERVAR LEITE MATERNO?
Se está a pensar amamentar o seu bebé, assegure-se
de que o pediatra do bebé, assim como as enfermeiras, estão
informadas das suas intenções.
Necessitará de bombear o leite do seu peito pouco tempo
após o nascimento do vosso bebé. Durante a 1ª
semana após o nascimento, bombeie o seu leite pelo menos
8 vezes por dia (se possível, até 12 vezes).
O ideal seria dar o leite ao bebé fresco (não congelado)
com a maior frequência possível de modo a que o vosso
bebé receba as propriedades anti-infecciosas que poderão
tornar-se menos eficazes com a congelação e descongelação.
Numa fase precoce da vida, o vosso bebé não tem maturidade
que lhe permita digerir aquele que é o seu alimento por excelência:
o leite materno (LM). A necessidade de guardar este leite, pelo
menos por algum tempo, torna-se assim inevitável. O LM é
um alimento vivo e os seus constituintes alteram-se de diferentes
maneiras sob diferentes condições. Abaixo, podem encontrar
algumas indicações gerais sobre como conservar leite
materno. Além disso, os enfermeiros podem informá-los
acerca da maneira mais adequada de bombear, guardar e transportar
o leite materno.
Devido à actividade dos seus factores anti-microbianos,
o LM pode ser mantido à temperatura ambiente durante 6-8
horas sem que haja um desenvolvimento anormal de bactérias.
Contudo, durante esse tempo, vão sendo degradadas algumas
substâncias que auxiliam a digestão do leite.
Um bebé prematuro que receba um leite nestas condições
fará um esforço superior para o digerir, além
de obter menor quantidade de células de defesa, utilizadas
entretanto na destruição das bactérias.
A conservação do LM no frigorífico (4ºC)
é referida como segura até 2 dias. Isto deve-se ao
facto da maioria das bactérias ser inactiva aquela temperatura,
enquanto os factores anti-microbianos do leite se mantêm activos.
Este método de conservação leva à perda
de algumas células de defesa, sobretudo por aderirem às
paredes dos recipientes. Também o teor de vitamina C vai
diminuindo ao longo do tempo de refrigeração.
Para evitar variações de temperatura, os recipientes
com o leite não devem ser colocados na porta do frigorífico,
mas nas prateleiras e o mais atrás possível.
O LM pode manter-se congelado a -20ºC até 6 meses,
apesar do perfil nutricional e imunológico do leite se alterar
permanentemente durante o armazenamento. Alguns congeladores mantêm
o leite, embora congelado, a uma temperatura mais elevada do que
-20ºC. Se fôr o caso, o tempo de conservação
não deve exceder as 2 ou 3 semanas.
Congeladores com função de auto-descongelação
estão contra-indicados para a conservação do
LM, que não pode ser sujeito a variações de
temperatura que provoquem descongelação parcial.
Como a congelação separa a fase lipídica da
fase aquosa do leite, as partículas de gordura aderem mais
facilmente às paredes dos recipientes, o que leva a uma perda
de gordura progressiva ao longo do tempo. Também vão
diminuindo algumas vitaminas e células de defesa.
Não obstante, dentro das condições e dos prazos
recomendados, o LM congelado continua a ser um alimento de qualidade
superior para os bebés, sobretudo prematuros.
A descongelação deve ser feita dentro do frigorífico
a 4ºC ou sob água quente corrente. Não deve ser
utilizado o banho-maria (com água fervente), nem o microondas.
Uma vez descongelado, o LM pode ser conservado no frigorífico
durante 24 horas.
Além dos métodos de conservação, outros
factores interferem na estabilidade das propriedades do leite, nomeadamente
a higiene na manipulação, o tipo de recipiente e de
bomba utilizada na colheita do leite e o aquecimento.
A colheita do leite impõe uma higiene rigorosa das mãos,
mamas e roupas. O facto de o LM dispor de uma série de substâncias
protectoras intrínsecas, não pode ser encarado como
um factor de absoluta confiança. As barreiras bioquímicas
não são inesgotáveis e a manipulação
do leite feita em deficientes condições de higiene
leva a um aumento da contaminação. Esta satura as
defesas, diminuindo a capacidade imunológica do leite.
É fundamental que todos os materiais que contactam com o
leite possam ser esterilizados.
Relativamente aos recipientes, os mais utilizados são os
de vidro e de polipropileno. Em ambos há perda de uma parte
de gordura por aderência às paredes e que aumenta com
o tempo de armazenamento.
A extracção do LM pode ser feita manualmente, embora
desta forma não seja possível extraí-lo na
totalidade. Como o último leite extraído é
o mais rico em gordura, perde-se uma parte importante de calorias
e algumas vitaminas. Parece ser mais eficaz a extracção
feita com uma bomba eléctrica. Esta executa movimentos rítmicos
capazes de simular a sucção, criando uma pressão
negativa e conseguindo extrair até ao ponto de obter a parte
do leite rica em gordura.
O leite recentemente extraído não deve ser misturado
com outro já guardado no frigorífico ou congelador,
para evitar variações de temperatura daquele. As misturas,
se necessárias, devem ser feitas pouco antes da toma.
À semelhança do que se recomenda para a descongelação,
o LM pode ser ligeiramente aquecido sob água quente corrente.
É desaconselhado o uso do microondas, que leva à diminuição
franca de propriedades imunológicas e nutricionais.
Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais
dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia
da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007)
TOP
Possíveis complicações
PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS
O bebé prematuro, em geral com peso inferior a 2’500
gramas, está mais propenso a problemas de saúde tendo
em conta que a gravidez encurtada não permitiu o desenvolvimento
suficiente dos órgãos, por isso, ele é mais
vulnerável do que o recém-nascido que atinge o termo
da gravidez (a partir das 37 semanas completas).
O aparelho respiratório é precisamente uma das partes
do organismo afectada que pode levar a problemas de funcionamento
do mesmo, de vários tipos, e que originam a chamada dificuldade
respiratória ou sindroma de dificuldade respiratória.
De vários modos:
• Apneia: Significa ausência de respiração.
Frequentemente, um bebé muito pequenino respira irregularmente.
Por exemplo, pode fazer várias respirações
curtas, parar de respirar durante alguns segundos e, em seguida,
começar a respirar outra vez numa cadência regular.
Se uma pausa na respiração durar mais de 15 a 20 segundos,
esta pausa é denominada apneia. Um caso apneico é
normalmente remediado com uma fricção ligeira ou batimentos
leves no braço ou na perna para “lembrar” ao
bebé que tem de respirar. Se o bebé tiver vários
episódios apneicos, poder-se-à administrar-lhe uma
quantidade extra de oxigénio. A apneia verdadeira é
acompanhada de algumas das manifestações descritas
a seguir.
• Gemido
• Cianose: O bebé fica roxo, o que significa, em princípio,
dificuldade nas trocas gasosas no pulmão e origina deficiência
de oxigenação nos vários órgãos
- cérebro, coração, etc.
• Taquipneia: Ou “respiração acelerada
ou com número elevado de respirações”
por minuto. É precisamente o contrário da apneia.
Considera-se taquipneia se o nº de respirações
por minuto é superior a 60.
• Adejo nasal: Ou movimento rítmico de abertura do
rebordo do nariz, como se o bebé “tentasse” compensar
o problema “facilitando” a entrada de ar nos pulmões;
• Retracções no peito (tórax): Como
entra pouco ar nos pulmões ou o mesmo ar não é
retido suficientemente, a cada movimento respiratório, verificam-se
“covas“ a meio do peito (peito em “funil”),
depressão entre as costelas, e na transição
das costelas com a barriga que fica mais distendida. Por vezes,
diz-se nestas circunstâncias, que o bebé parece respirar
com a barriga dado que, quando o ar “tenta“ entrar nos
pulmões, o peito não se expande ou expande-se pouco
enquanto a barriga se expande a cada movimento respiratório.
O pulmão é um dos últimos órgãos
a se formarem, por isso, quanto mais prematuro fôr o bebé,
maior deverá ser o cuidado com doenças respiratórias.
A seguir são descritos alguns problemas de respiração
que são típicos do bebé prematuro.
• Doença das membranas hialinas ou sindroma de dificuldade
respiratória da prematuridade (SDR): Esta condição
é muito comum entre os bebés prematuros, cujos pulmões
ainda não estão completamente desenvolvidos. Surge
tanto mais frequentemente e com tanto maior duração
quanto mais encurtada tiver sido a gravidez. Este problema manifesta-se
logo após o nascimento e é explicado pelo facto dos
pulmões não completamente desenvolvidos produzirem
quantidade insuficiente duma substância (chamada surfactante)
que forra interiormente os pequenos sacos aéreos chamados
alvéolos; a insuficiência de surfactante não
permite, assim, que os referidos sacos aéreos retenham certa
quantidade de ar respirado. Por isso, há tendência
para se fecharem e há fuga total de ar o que dificulta as
trocas entre o oxigénio inspirado e o anidrido carbónico
expirado. Os médicos dizem que os alvéolos “colapsam”,
ou seja, fecham-se, esvaziam-se de ar. A muitos bebés prematuros
é administrado directamente para os pulmões surfactante
sob a forma de fármaco, pouco depois do nascimento. Este
medicamento vai complementar o próprio surfactante do bebé,
ajudando a aliviar os sintomas de SDR.
• Taquipneia transitória ou “pulmão húmido”:
Durante o desenvolvimento do feto dentro do saco das “águas”
(líquido amniótico) os pulmões que se vão
desenvolvendo estão cheios de líquido que nos casos
de parto vaginal é eliminado à medida que vai descendo
do útero para a vagina. Ora, nas cesarianas ditas electivas
(as realizadas antes do início do trabalho de parto), o bebé
“chega ao mundo exterior” e é extraído
de modo brusco, com os pulmões cheios do tal líquido
e não com as vias respiratórias vazias e prontas para
receber o ar para respirar. Em condições habituais,
o líquido vai sendo expulso de modo progressivo à
medida que o feto “desce”na direcção útero
-> exterior. Daí a dificuldade em respirar enquanto o
mesmo não é expulso na totalidade.
• Fugas de ar: Poderá ocorrer uma fuga de ar nos pulmões
do bebé quando um ou vários alvéolos (sacos
de respiração) rebentam e deixam que o ar se escape
para as áreas circundantes do tecido pulmonar. A fuga de
ar dá-se essencialmente em bebés prematuros ou em
bebés cujos pulmões não se encontram completamente
desenvolvidos. O ar pode alojar-se na zona entre os pulmões
e a caixa torácica (uma situação denominada
pneumotórax). O ar pode alojar-se também no centro
do peito, onde se encontra o coração e os principais
vasos sanguíneos (o que denomina pneumomediastino). Outra
possível situação é conhecida por enfisema
pulmonar intersticial (EPI). Esta situação ocorre
quando o ar se aloja no tecido pulmonar.
• Displasia broncopulmonar: Trata-se dum problema dos bebés
que foram submetidos a ventilação mecânica durante
tempo prolongado e que se pode tornar crónico após
o período de recém-nascido. A imaturidade dos pulmões,
com efeito, torna-os muito mais vulneráveis às medidas
salvadoras na fase crucial da doença respiratória
(ventilação mecânica e de tratamento com oxigénio),
as consequências são a formação de “cicatrizes”
no pulmão que deformam as vias respiratórias dificultando
as trocas gasosas e a chegada de oxigénio em quantidade suficiente
aos vários órgãos do organismo.
Virá a propósito dizer que o oxigénio em
excesso pode ser tóxico para vários órgãos.
PULMÕES
À medida que o feto cresce e se desenvolve no útero
da mãe, os pulmões são os últimos órgãos
a atingir a maturidade. Por esta razão, os problemas respiratórios
são algumas das complicações mais comuns nos
bebés prematuros. Na maioria dos casos, um bebé prematuro
pode ter dificuldades em respirar normalmente, não porque
haja algo de errado, mas simplesmente porque os seus pulmões
ainda estão imaturos e não tiveram tempo de se desenvolver
adequadamente.
O desenvolvimento dos alvéolos, os pequenos “sacos”
que possibilitam as trocas de gases nos pulmões e fazem com
que o sangue se oxigene convenientemente, começa na 37ª
semana de gestação e continua após o nascimento,
acompanhando o crescimento da criança. Por isso mesmo, quando
o bebé nasce antes do termo, o quadro clínico pode
tornar-se mais delicado. Além disso, os bebés prematuros
carecem de uma proteína que se produz nos pulmões,
o surfactante, que permite manter os alvéolos cheios de ar
e evita que os pulmões “colapsem”. A sua carência
irá dicultar a respiração, sendo necessária
a administração de oxigénio adicional com o
objectivo de manter dilatados os pulmões.
O aparelho respiratório é uma das partes do organismo
afectada pela prematuridade e que origina a chamada dificuldade
respiratória ou síndroma de dificuldade respiratória.
A sua incidência e gravidade é inversamente proporcional
à idade gestacional do vosso bebé.
Pode manifestar-se de vários modos:
• Apneia: Este termo significa ausência de respiração.
Frequentemente, um bebé muito pequenino respira de uma forma
irregular. Pode fazer várias respirações curtas,
parar de respirar durante alguns segundos e, em seguida, começar
a respirar outra vez de forma regular. Se uma pausa na respiração
durar mais de 15 - 20 segundos, esta pausa é denominada apneia.
A apneia também pode fazer com que o vosso bebé apresente
uma coloração levemente arroxeada ou azulada. Um caso
apneico é normalmente remediado com uma fricção
ligeira ou batimentos leves no braço ou na perna para “lembrar”
ao bebé que tem de respirar. Se o bebé tiver vários
episódios apneicos, poder-se-à administrar-lhe uma
quantidade extra de oxigénio ou um medicamento (derivado
da cafeína) que promova a respiração regular.
A apneia melhora e desaparece à medida que os bebés
prematuros vão crescendo. A apneia verdadeira é acompanhada
de algumas das manifestações descritas a seguir.
• Gemido expiratório: Nos casos mais graves, ao expirarem,
os bebés emitem um som semelhante a um gemido.
• Cianose: As extremidades do bebé ficam arroxeadas,
o que pode significar dificuldade nas trocas gasosas no pulmão
e origina uma oxigenação fraca dos vários órgãos
- cérebro, coração, etc.
• Taquipneia: É precisamente o contrário da
apneia.Trata-se de um aumento da frequência respiratória,
com uma respiração acelerada ou com um número
elevado de respirações por minuto (superior a 60).
Pode indicar que o bebé está a fazer um esforço
adicional para eliminar o dióxido de carbono do sangue.
• Adejo nasal: Trata-se de um movimento rítmico de
abertura do rebordo do nariz, como se o bebé “tentasse”
compensar o problema “facilitando” a entrada de ar nos
pulmões.
• Retracções no peito (tórax): Trata-se
de uma retracção dos músculos situados entre
as costelas durante a inspiração. Como entra pouco
ar nos pulmões ou o mesmo ar não é suficientemente
retido, a cada movimento respiratório, verificam-se “covas“
a meio do peito (peito em “funil”), depressão
entre as costelas, e na transição das costelas com
a barriga que fica mais distendida. Por vezes, diz-se que o bebé
parece respirar com a barriga.
Todos os bebés prematuros com dificuldades respiratórias
são cuidadosamente monitorizados por forma a identificar
a gravidade do problema respiratório, detectar alterações
e acompanhar os progressos.
Os “exames de gases” medem a quantidade de óxigénio,
dióxido de carbono e ácido no sangue do vosso bebé
e permitem identificar a gravidade dos seus problemas respiratórios.
O oxímetro de pulso mede a saturação de oxigénio
no sangue e permite confirmar se o vosso bebé está
a respirar uma quantidade de oxigénio adequada.
Também irão ser efectuados raios-X ao
peito do vosso bebé para confirmar o diagnóstico.
Como tivemos oportunidade de referir, o pulmão é
um dos últimos órgãos a formar-se, por isso,
quanto mais prematuro fôr o bebé, maior deverá
ser o cuidado com doenças respiratórias. Abaixo são
descritos alguns problemas de respiração típicos
do bebé prematuro.
• Doença das membranas hialinas ou de dificuldade
respiratória da prematuridade (SDR): Este problema é
muito comum entre os bebés prematuros, cujos pulmões
ainda não estão completamente desenvolvidos. Surge
tanto mais frequentemente e com tanto maior duração
quanto mais encurtada tiver sido a gravidez. Manifesta-se logo após
o nascimento e é explicado pelo facto dos pulmões
(não completamente desenvolvidos) não produzirem quantidade
suficiente de surfactante (a substância que lubrifica e reveste
interiormente os pequenos sacos de ar nos pulmões, os alvéolos,
permitindo que estes se abram e se fechem). A insuficiência
de surfactante não permite que os alvéolos retenham
certa quantidade de ar respirado (os médicos dizem que os
alvéolos “colapsam”, ou seja, fecham-se, esvaziam-se
de ar) e os pulmões não podem absorver o ar nem fornecer
o oxigénio necessário à corrente sanguínea.
A muitos bebés prematuros é administrado directamente
para os pulmões surfactante sob a forma de fármaco,
pouco depois do nascimento. Este medicamento vai complementar o
próprio surfactante do bebé, ajudando a aliviar os
sintomas de SDR. O SDR é igualmente tratado através
da administração adicional de oxigénio com
uma campânula de oxigénio, por pressão respiratória
positiva contínua, com um ventilador ou um respirador.
• Taquipneia transitória ou “pulmão húmido”:
Durante a gravidez e o desenvolvimento do feto no líquido
amniótico, os pulmões que se vão desenvolvendo
estão cheios de líquido que, nos casos de parto vaginal,
é eliminado à medida que o bebé vai sendo expulso
de modo progressivo e que vai descendo do útero para o exterior.
Nas cesarianas electivas (realizadas antes do início do trabalho
de parto), o bebé é extraído de modo brusco,
com os pulmões cheios do tal líquido e não
com as vias respiratórias vazias e prontas para receber o
ar para respirar, o que faz com que o líquido pulmonar fetal
não seja tão bem reabsorvido num bebé prematuro
relativamente ao que acontece nos bebés com gestação
completa. Daí a dificuldade em respirar enquanto o líquido
não é expulso na totalidade. Os sintomas são
semelhantes aos de dificuldade respiratória e o tratamento
envolve a administração suplementar de oxigénio
ao bebé.
• Fugas de ar, incluindo pneumotórax: Poderá
ocorrer uma fuga de ar nos pulmões do bebé quando
um ou vários alvéolos (sacos de respiração)
rebentam e deixam que o ar se escape para as áreas circundantes
do tecido pulmonar. A fuga de ar dá-se essencialmente em
bebés prematuros ou em bebés cujos pulmões
não se encontram completamente desenvolvidos. O ar pode alojar-se
na zona entre os pulmões e a caixa torácica (pneumotórax).
O ar pode alojar-se também no centro do peito, onde se encontra
o coração e os principais vasos sanguíneos
(pneumomediastino). Outra possível situação
é conhecida por enfisema pulmonar intersticial (EPI). Esta
situação ocorre quando o ar se aloja no tecido pulmonar.
• Doença pulmonar crónica ou displasia broncopulmonar:
Trata-se de um dos problemas mais comuns dos bebés que foram
submetidos a ventilação mecânica durante tempo
prolongado e que se pode tornar crónico após o período
de recém-nascido. Com efeito, a imaturidade dos pulmões
torna-os muito mais vulneráveis às medidas utilizadas
para salvar o bebé na fase crucial da doença respiratória
(ventilação mecânica e de tratamento com oxigénio).
As consequências são a formação de “cicatrizes”
no pulmão que deformam as vias respiratórias dificultando
as trocas gasosas e a chegada de oxigénio em quantidade suficiente
aos vários órgãos do organismo. Normalmente,
a doença pulmonar crónica é diagnosticada se
o bebé ainda necessitar de oxigénio suplementar 1
mês depois da primeira ocorrência. Alguns bebés
com doença pulmonar crónica poderão necessitar
de oxigénio adicional durante um longo período após
o nascimento, mesmo depois de irem para casa. Para além disso,
poderá ser prescrita medicamentação para auxiliar
a respiração.
O capítulo dedicado à Respiração Artificial
contém informações adicionais sobre os métodos
que existem para tratar a dificuldade respiratória e administrar
oxigénio adicional.
Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais
dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia
da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007); “Guia dos Pais
do Bebé Prematuro”, Abbott Laboratórios Lda.;
www.aboutkidshealth.ca
CORAÇÃO
O facto de ser prematuro não significa que o vosso bebé
tenha um maior risco de ter uma malformação cardíaca
congénita. O coração do feto forma-se durante
as primeiras 8 semanas da gravidez, portanto, mesmo que o parto
seja prematuro, nessa altura o coração do vosso bebé
já está completamente formado. No entanto, o coração
e os pulmões de um bebé prematuro ainda não
têm maturidade suficiente para se adaptar à vida fora
do útero, pelo que podem surgir algumas complicações
cardiovasculares.
Tendo em conta que o coração e os pulmões
funcionam em conjunto para fornecer sangue devidamente oxigenado
a todo o organismo, é frequente haver relacionamento entre
problemas respiratórios e cardíacos. Os problemas
cardíacos podem ter consequências ao nível pulmonar
e vice-versa.
1) Após o nascimento
O sistema cardiovascular tem uma organização diferente
antes e após o nascimento. Em todos nós, o coração
e o pulmão funcionam de forma coordenada. O coração
garante que o sangue passe pelas artérias pulmonares, enquanto
que o pulmão assegura a oxigenação desse sangue,
através da respiração. O sangue pobre em oxigénio
entra no coração que tem capacidade de o ejectar às
artérias pulmonares. Ao circular pelas artérias pulmonares,
o sangue é enriquecido em oxigénio, regressando depois
novamente ao coração que tem força suficiente
para ejectar o sangue para a aorta, a artéria principal que
sai do coração e que se ramifica em artérias
progressivamente mais pequenas que distribuem esse sangue, rico
em oxigénio, para todo o corpo.
2) Antes e durante o nascimento
Ao contrário do que acontece após o nascimento, o
feto não respira, dependendo da placenta da mãe para
realizar as trocas gasosas (receber oxigénio e eliminar dióxido
de carbono). Por esse motivo, não é necessário
que todo o sangue que chega ao coração passe para
os pulmões. Assim, existe uma artéria que liga a artéria
pulmonar à aorta, denominada canal arterial ou ductus, que
faz com que o sangue não passe para os pulmões uma
vez que feto recebe o oxigénio através da placenta.
Nomalmente, após o nascimento, quando o bebé respira,
as artérias pulmonares abrem rapidamente e o sangue tem de
passar pelos pulmões para ser oxigenado. A partir desse momento,
o canal arterial deixa de ter utilidade e inicia-se o processo que
leva ao seu encerramento, em algumas horas ou dias após o
parto.
3) Nos bebés prematuros
Nos bebés prematuros o canal arterial poderá não
se fechar sozinho, manter-se aberto e causar 2 tipos de problemas:
a) excesso de sangue dirigido aos pulmões, com dificuldades
na função pulmonar;
b) roubo de sangue que deveria ser enviado a outros órgãos,
como o rim ou o intestino, podendo provocar alterações
do seu funcionamento.
Estes problemas podem provocar uma insuficiência cardio-respiratória,
sobretudo nos bebés com menos de 32 semanas de gestação.
A frequência e a gravidade destes problemas irá depender
da idade gestacional do bebé (quanto mais imaturo fôr
o bebé, maiores serão os riscos).
Quando o canal arterial não encerra atempadamente, diz-se
que existe um canal arterial patente ou persistência do canal
arterial (PCA).
A persistência do canal arterial (PCA) pode ser diagnosticada
através do aparecimento de um sopro, mas a sua confirmação
depende da realização de uma ecografia ao coração.
Quando o canal arterial necessita de ser encerrado, o médico
do vosso bebé poderá prescrever medicação
para auxiliar o seu encerramento. Recorre-se ao tratamento com um
medicamento anti-inflamatório que vai facilitar o processo.
Geralmente, a administração de fármacos é
suficiente. No entanto, se o medicamento não fôr eficaz,
ou o bebé prematuro tiver outros problemas que impeçam
a sua utilização, pode ser necessário realizar
o encerramento por cirurgia.
Esta situação poderá parecer-vos muito alarmante,
mas não é, pois é corrigida com relativa facilidade.
Não se trata de cirurgia de “coração
aberto”. O cirurgião, geralmente na própria
Unidade de Cuidados Intensivos, realiza uma pequena incisão
na porção lateral do tórax do bebé prematuro
e procede ao encerramento do canal arterial. O bebé não
sofre porque está anestesiado durante esta pequena cirurgia,
que resolve, definitivamente, o seu problema cardíaco.
Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais
dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia
da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007); “Guia dos Pais
do Bebé Prematuro”, Abbott Laboratórios Lda.;
www.aboutkidshealth.ca; www.sosprema.com
CÉREBRO
Das complicações que podem afectar um bebé
prematuro, os problemas ao nível cerebral são provavelmente
os que mais preocupam os pais. No entanto, este tipo de complicações
pode não ser catastrófico e alguns bebés prematuros
são capazes de as ultrapassar em grande parte ou até
completamente, dependendo da natureza e da extensão do problema.
O cérebro do bebé prematuro é consideravelmente
frágil. Uma das complicações que pode surgir
é a hemorragia intraventricular (HIV). Felizmente, esta hemorragia
ocorre nos ventrículos e não no tecido nervoso. Os
ventrículos são espaços localizados no meio
do cérebro e preenchidos com liquido cefaloraquidiano. Não
têm funções cerebrais, estão rodeados
por tecido cerebral e vasos capilares que conduzem oxigénio
ao cérebro.
Num bebé prematuro estes vasos capilares são finos,
fracos e vulneráveis a ruptura. Em geral, uma pequena quantidade
de sangue é reabsorvida espontaneamente pelo organismo, sem
consequências graves. No entanto, uma hemorragia extensa pode
levar ao alargamento dos ventrículos com aumento da pressão
criando mesmo uma hidrocefalia.
Habitualmente, estas hemorragias ocorrem nas primeiras horas e,
ultrapassada a primeira semana de vida, o risco diminui substancialmente.
A maioria das HIV são ligeiras a moderadas (graus 1 e 2)
e resolvem-se espontaneamente sem deixar sequelas. As hemorragias
mais graves (grau 3) podem causar dificuldades ao bebé, quer
durante o internamento, quer no futuro.
Fonte: “Nascer prematuro – Um manual
para os pais dos bebés prematuros”, Secção
de Neonatologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007)
Cerca de 20-30% das crianças com peso ao nascer inferior
a 1’500g têm algum tipo de hemorragia, mas só
cerca de 5% têm HIV grau 3.
As HIV são diagnosticadas através da realização
de ecografias transfontanelares. Se é diagnosticada uma HIV,
não há tratamento específico, só se
podem tratar as consequências da hemorragia, tais como convulsões,
anemia e apneia. Importa referir que mesmo uma hemorragia grave
pode regredir completamente.
As hemorragias mais graves podem provocar a dilatação
dos ventrículos cerebrais e a compressão do tecido
cerebral, danificando-o. Quando se produz uma dilatação
(hidrocefalia), pode ser necessário colocar uma espécie
de tubo para efectuar a drenagem dos ventrículos.
Se o fluxo sanguíneo e o oxigénio são insuficientes
numa dada zona do cérebro, pode haver lesão do próprio
tecido cerebral. Algumas semanas mais tarde, podem encontrar-se
pequenos quistos através da ecografia transfontanelar. Este
diagnóstico é um factor de preocupação,
mas não se pode prever o que daí poderá resultar.
Se estiverem localizados em dadas áreas do cérebro,
podem não ter significado, noutras podem corresponder a leucomalácia
com consequências de gravidade variável. No entanto,
nalgumas vezes, a lesão pode ser difícil de diagnosticar
e pode não ter nenhuma manifestação clínica.
A leucomalácia acontece em cerca de 5% dos prematuros, sendo
maior nas idades gestacionais e no peso mais baixo. Cerca de 75%
dos casos têm alguma sequela que pode ter gravidade muito
variável.
A paralisia cerebral surge quando há uma lesão cerebral
que provoca falência no controlo dos movimentos voluntários.
Há várias formas de paralisia cerebral dependendo
da localização da lesão. No bebé prematuro,
os membros inferiores são os mais atingidos porque os nervos
que os controlam passam junto aos ventrículos. As alterações
cognitivas podem estar associadas à leucomalácia.
Embora não haja tratamento para este tipo de situações,
importa referir que o cérebro do prematuro ainda se encontra
em desenvolvimento e, se a lesão não fôr muito
extensa e só de um lado, outras partes do cérebro
podem reparar as funções das áreas lesadas.
Muitas das crianças a quem foram diagnosticadas lesões
no cérebro têm uma inteligência normal e a alteração
motora não é impeditiva duma vida normal.
Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais
dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia
da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007)
OLHOS
À volta das 16 semanas de gestação, o feto
começa a desenvolver na retina uma rede vascular que irá
cobrir a sua superfície e fornecer oxigénio ao olho
(normalmente, o processo está completo próximo das
40 semanas de gestação). Quando o bebé nasce
prematuramente, os vasos sanguíneos no interior dos olhos
ainda estão imaturos. Durante os primeiros 2 a 3 meses após
o nascimento do bebé prematuro, estes vasos continuam a crescer.
No entanto, este crescimento nem sempre se dá de acordo com
o planeado e pode até tornar-se anormal. No bebé prematuro
e mais instável, os vasos não crescem de forma apropriada,
os vasos “sãos” param de crescer e vasos “aberrantes”
começam a desenvolver-se no seu lugar, criando fibrose (cicatriz)
no tecido nervoso. Trata-se da retinopatia da pematuridade (ROP).
A doença afecta sempre os 2 olhos.
À semelhança de outras complicações,
o risco de ROP aumenta com o grau de prematuridade. Por exemplo,
cerca de 80% dos bebés com menos de 26 semanas de gestação
podem ter ROP, enquanto apenas 15% dos bebés com mais de
30 semanas o têm. São os bebés mais prematuros
os que têm maior risco, acima das 32 semanas de gestação
é realmente invulgar esta situação.
O diagnóstico da ROP é sempre um factor de grande
ansiedade nos pais. Felizmente, em cerca de 80% dos casos, há
uma regressão espontânea. Alguns bebés podem
necessitar de um tratamento para evitar uma lesão mas, presentemente,
é raro haver uma perda de visão.
Não se sabe exactamente qual a causa da ROP. Diferentes
agentes externos, principalmente as variações de oxigenação
do ambiente “in útero” para meio extra-uterino
rico em oxigénio, podem originar deficiências nos vasos
sanguíneos do interior dos olhos.
A monitorização da saturação de oxigénio
levou à diminuição da ROP, mas continua a ser
um problema importante.
A ROP é classificada em:
• Estádios de gravidade: 1, 2, 3, 4, 5 (1 o mais leve
e 5 o mais grave)
• Zonas da retina afectadas: 1, 2, 3 (na zona 1 é mais
grave)
Cerca de 90% dos recém-nascidos com peso ao nascer inferior
a 1’000g e idade gestacional inferior a 28 semanas têm
algum grau de retinopatia. Felizmente, na maior parte dos casos,
a ROP tem um grau ligeiro e resolve-se espontaneamente, do qual
resulta uma visão normal. No entanto, quando a ROP é
grave e não se resolve com a maturação do bebé,
caso não seja tratada, os vasos “aberrantes”
continuam a crescer à superfície da retina e criam
fibrose no tecido nervoso, o que pode conduzir a um descolamento
parcial ou total da retina, levar a problemas de visão e,
em situações ainda mais graves, mesmo à cegueira.
A ROP é diagnosticada por um oftalmologista. Caso o vosso
bebé tenha nascido com idade gestacional inferior a 32 semanas
(sobretudo se necessitou de ventilação e / ou suplementação
de oxigénio), a partir da 4ª – 6ª semana
após o nascimento, o oftalmologista vai passar a examinar
a retina e, se houver alterações, o exame será
repetido com intervalos de 2 semanas. O oftalmologista irá
utilizar gotas para dilatar as pupilas, o que vai permitir uma visão
mais precisa do interior do olho do vosso bebé.
Na maior parte dos casos, há regressão espontânea.
No entanto, uma % reduzida de bebés com ROP (aproximadamente
10%) irá evoluir para uma situação em que já
não é seguro aguardar pela regressão espontânea.
Se tal acontecer, pode ser necessário um tratamento com laser
que fará parar a proliferação dos vasos “aberrantes”
e a evolução para um descolamento da retina.
A vigilância oftalmológica é importante no
decorrer do 1º ano de vida do vosso bebé e, a partir
dessa data, deve ser efectuada anualmente de forma seriada porque
a retinopatia condiciona um grau de distorção da retina
que pode levar, no futuro, a problemas na refracção.
O estrabismo também é uma situação
mais frequente nos prematuros do que nos bebés de termo.
Ocorre quando um ou mais músculos que controlam a motilidade
ocular estão fragilizados, impedindo que os olhos se movam
de forma coordenada.
Nas primeiras semanas de vida, o estrabismo é normal. No
entanto, caso persista e não seja tratado, pode levar à
anulação da visão num dos olhos.
Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais
dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia
da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007); www.aboutkidshealth.ca
OUVIDOS
A linguagem desenvolve-se ao longo dos primeiros 3 anos de vida
do vosso bebé. Uma audição normal é
essencial para uma aquisição normal da linguagem.
Mesmo pequenas perdas auditivas podem interferir com o normal desenvolvimento
da fala.
Os bebés prematuros são bebés de risco para
a surdez. Posto isso, a deficiência auditiva deve ser detectada
o mais precocemente possível a fim de se iniciar a reabilitação
adequada antes dos 6 meses de idade, permitindo um desenvolvimento
mais harmonioso da criança.
Os primeiros exames que se realizam para avaliação
da audição são testes de rastreio auditivo
e designam-se por otoemissões acústicas. Este exame
é indolor, inofensivo, executado com o bebé a dormir
e leva alguns minutos a completar. É colocado um pequeno
microfone no canal auditivo do vosso bebé. Este microfone
está ligado a um computador e envia sons suaves que provocam
uma resposta do ouvido interno. O aparelho analisa as características
desta resposta.
Outros exames complementares são os potenciais evocados
auditivos do tronco cerebral. Estes exames consistem em sons suaves
que são enviados aos ouvidos através de uns auscultadores.
São colocados uns sensores na cabeça do vosso bebé
que, conectados a um computador, medem a actividade cerebral em
resposta ao som.
As crianças com défice auditivo necessitam de acompanhamento
por uma equipa interdisciplinar composta pelo pediatra, o médico
otorrinolaringologista, o terapeuta da fala, o audiologista e a
educadora que, juntamente com os pais, vão estabelecer um
plano individualizado de acompanhamento em cuidados de saúde
e educação a fim de permitir a integração
plena da criança na sociedade.
Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais
dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia
da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007)
INTESTINOS
Alguns bebés desenvolvem uma inflamação numa
parte dos intestinos, que origina a morte dos tecidos nessa área
e pode ser potencialmente grave. Essa situação é
conhecida por enterocolite necrotizante, também designada
por ECN. Felizmente, este problema é raro e afecta apenas
5% dos bebés prematuros. Na maioria dos casos, a ECN é
tratada com sucesso através de medicação ou,
caso seja necessário, de uma intervenção cirúrgica
(em cerca de 1/3 dos casos).
Os sintomas de enterocolite necrotisante incluem uma deterioração
clínica geral, tolerância reduzida à alimentação,
vomitado verde após a alimentação, aumento
do volume do estômago com coloração avermelhada
ou anormal e sangue nas fezes.
A radiografia abdominal, bem como análises ao sangue frequentes,
são instrumentos preciosos na sua detecção.
Caso se suspeite desta doença, os médicos interromperão
de imediato a alimentação regular (medida normalmente
designada por “dieta zero” na Unidade de Cuidados Intensivos
Neonatais) e passarão a administrá-la por via intravenosa
(via IV). O bebé irá igualmente necessitar de medicação
específica (antibióticos). A maior parte dos bebés
com este problema recupera e não volta a apresentar dificuldades,
mas, em alguns casos, poderá ser necessária uma intervenção
cirúrgica para impedir a ocorrência de problemas intestinais
futuros.
Fonte: “Guia dos Pais do Bebé Prematuro”,
Abbott Laboratórios Lda.; www.aboutkidshealth.ca
OUTRAS COMPLICAÇÕES
• Anemia: Os bebés prematuros têm muitas vezes
falta de glóbulos vermelhos (redução da hemoglobina
no sangue ou anemia) que pode ser originada por vários factores:
- os glóbulos vermelhos do bebé têm uma duração
de vida inferior à dos adultos,
- os bebés não produzem novos glóbulos vermelhos
durante as primeiras semanas após o nascimento,
- as amostras de sangue recolhidas para serem utilizadas em análises
laboratoriais essenciais.
O tratamento da anemia é feito de diversas formas, de acordo
com a gravidade de cada caso. Em casos mais graves pode envolver
uma transfusão de sangue ou medicação (eritropoietina)
que estimule o aumento da produção de glóbulos
vermelhos. A anemia persistente poderá ser tratada com gotas
de ferro após a alta hospitalar.
• Bradicardia: A bradicardia verifica-se quando o bebé
fica sem energia e existe uma diminuição da frequência
cardíaca.
• Icterícia (cor amarelada da pele e mucosas): Grande
parte dos bebés desenvolvem icterícia durante os primeiros
dias de vida causada por níveis excessivos de bilirrubina.
A bilirrubina é produzida quando os glóbulos vermelhos
são quebrados, sendo normalmente processada pelo fígado
antes de ser excretada. No entanto, o fígado dos bebés
prematuros poderá não ser capaz de processar esta
bilirrubina com a rapidez necessária. A icterícia
grave pode ser tratada com fototerapia.
• Problemas de açúcar no sangue: É comum
que os bebés prematuros apresentem uma variação
considerável na quantidade de açúcar (glicose)
no sangue: poderá estar muito elevada ou ser muito baixa.
Na maioria dos casos, os níveis de açúcar no
sangue são facilmente corrigidos através do aumento
ou da diminuição da concentração de
açúcar nos líquidos administrados ao bebé
por via intravenosa (via IV). Nesta fase, os problemas de açúcar
no sangue não significam necessariamente que, mais tarde,
a criança possa vir a contraír diabetes.
• Tensão arterial baixa (hipotensão): Logo
após o nascimento, os bebés prematuros podem apresentar
uma tensão arterial baixa. Isto é causado pela perda
de sangue durante o parto, pela perda de líquidos após
o nascimento, por infecção ou por medicação
administrada à mãe antes do parto. Geralmente, o tratamento
da tensão arterial baixa inclui a administração
extra de líquidos, de medicação para aumentar
a tensão arterial ou de uma transfusão de sangue.
Fonte: “Guia dos Pais do Bebé Prematuro”,
Abbott Laboratórios Lda.
TOPO
Crescimento e desenvolvimento
do vosso bebé
Em geral, a seguir à alimentação, o crescimento
e o desenvolvimento do bebé constituem a segunda maior preocupação
dos pais. Caso o vosso bebé tenha nascido cedo demais, tenha
enfrentado dificuldades durante a gravidez e/ou após o nascimento
e tenha estado internado na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais
(UCIN), é normal que estejam ainda mais preocupados acerca
do crescimento e desenvolvimento do vosso bebé.
Entre as vossas principais preocupações, é
natural que se destaquem questões como:
• Será que o nosso bebé vai ser normal?
• Vai ser sempre pequeno?
• O que pode ser feito para melhorar a sua evolução?
Além disso, existem várias outras questões
referentes ao prognóstico que necessitam de ser esclarecidas
para que possam cuidar adequadamente e maximizar a qualidade de
vida do vosso bebé, tais como:
• O que é e porquê utilizar a idade corrigida?
• Quais os factores que influenciam o prognóstico de
crescimento e de desenvolvimento do nosso bebé?
• Quais são os problemas mais frequentes no crescimento
e desenvolvimento destas crianças e a que sinais de alarme
devemos estar atentos?
• Os distúrbios de crescimento e de desenvolvimento
são transitórios ou persistem até à
idade escolar e à vida adulta?
• Sob que forma é que se pode intervir precocemente?
São estas as questões a que procuraremos responder
nos capítulos seguintes.
Muitas vezes, os pais de bebés prematuros que necessitaram
de cuidados especiais e de estar internados, focalizam a sua atenção
nos cuidados médicos a prestar ao bebé e esquecem-se
das necessidades emocionais do bebé e dos membros do casal.
Por isso, e apesar do que vai ser descrito nos próximos capítulos,
quando o vosso bebé fôr para casa, desfrutem do novo
membro da família! Aproveitem para abraçar, brincar
e sorrir para o vosso bebé! Vejam a sua personalidade a desabrochar.
Deliciem-se com os seus feitos: o primeiro sorriso, o gatinhar,
o andar. O vosso bebé irá surpreender-vos a cada dia
que passa ...
Fonte: www.marchofdimes.com; “Crescimento e desenvolvimento
a longo prazo do prematuro extremo” – Lígia Rugolo,
Jornal de Pediatria da Sociedade Brasileira de Pediatria (2005)
IDADE CORRIGIDA VERSUS IDADE REAL
O desenvolvimento do vosso bebé, incluindo o seu desenvolvimento
físico, intelectual, social e a capacidade de comunicação,
poderá ser diferente do padrão típico de um
bebé de termo com o tempo de gestação completo.
Por isso, não podemos exigir que o vosso bebé prematuro
actue como se fôsse um bebé nascido a termo.
O parto prematuro do vosso filho poderá ter um efeito no
seu desenvolvimento durante, pelo menos, o primeiro ano de vida.
A maior parte dos bebés prematuros ultrapassam o seu atraso
de desenvolvimento durante os 2 a 3 primeiros anos de vida, mas
existem outros que sofrem de problemas a longo prazo. Estas crianças,
que nasceram extraordinariamente cedo, necessitam de um apoio médico
prolongado por sofrerem de complicações adicionais
que poderão implicar atrasos mais prolongados. Alguns atrasos
respeitantes ao desenvolvimento, como os que afectam as capacidades
cognitivas (relativas à aprendizagem), poderão tornar-se
evidentes apenas quando a criança atinge a idade escolar.
A “idade real” ou “idade cronológica”
é o tempo de vida extra-uterino. A “idade corrigida”
traduz o ajuste estabelecido face à idade cronológica,
em função do grau de prematuridade.
Por ter nascido prematuramente, é muito provável
que o vosso bebé não atinja os parâmetros típicos
associados aos bebés de gestação completa.
Por isso, é preferível pensar no desenvolvimento do
vosso bebé tendo em conta a sua “idade corrigida”.
Devem usar a “idade corrigida” subtraindo o número
de meses de prematuridade à idade actual do bebé.
Por exemplo, se o bebé tem 7 meses de idade e se nasceu
3 meses antes do tempo, a sua “idade corrigida” será
de 4 meses de idade. O bebé terá tendência para
actuar como se fôsse um bebé de termo nascido há
4 meses atrás.
Embora não esteja totalmente esclarecido até quando
se deve corrigir a idade do prematuro, a maioria dos autores recomenda
utilizar a idade corrigida na avaliação do crescimento
e do desenvolvimento até os 2 anos de idade, a fim de obter
a expectativa real para cada criança, sem subestimar o prematuro
ao confrontá-lo com os padrões de referência.
Para os prematuros de Extremo Baixo Peso e menores que 28 semanas,
recomenda-se corrigir a idade até aos 3 anos.
Durante os 2 a 3 primeiros anos de vida do vosso bebé, a
avaliação pelo pediatra e o especialista de desenvolvimento
deverá ser feita de acordo com a sua “idade corrigida”.
A correcção da idade real em função
da prematuridade é fundamental para o correcto diagnóstico
do desenvolvimento nos primeiros anos de vida. Tentem não
comparar o vosso bebé com bebés de termo ou focalizar
demasiado nos gráficos de desenvolvimento. O pediatra do
vosso bebé irá acompanhar os seus progressos de desenvolvimento.
Fonte: “Guia dos Pais do Bebé Prematuro”,
Abbott Laboratórios Lda; “Crescimento e desenvolvimento
a longo prazo do prematuro extremo” – Lígia Rugolo,
Jornal de Pediatria da Sociedade Brasileira de Pediatria (2005);
“Premature Babies – Growth and Development”, American
Academy of Pedriatics (2000)
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DO PREMATURO
Na maioria dos casos, os bebés prematuros crescem de forma
normal e saudável e, quando são maiores de idade,
não se distinguem dos outros adultos. No entanto, alguns
prematuros, especialmente os de Extremo Baixo Peso (EBP peso ao
nascimento menor que 1000 gramas), apresentam um maior risco de
alteração do crescimento e desenvolvimento. Tudo irá
depender da idade gestacional e do peso do vosso bebé à
nascença, bem como das principais complicações
a que esteve sujeito. Em geral, são os bebés mais
pequenos e com idade gestacional mais baixa que se encontram sujeitos
a maior número de sequelas.
É difícil prever o crescimento do vosso bebé
prematuro porque o crescimento é um processo complexo, contínuo
e que resulta da interacção de factores genéticos,
nutricionais, hormonais e ambientais. Caso se trate de prematuros
de EBP, estes têm a agravante de serem privados de um período
de crescimento intrauterino crítico e acelerado, o 3º
trimestre de gestação.
Geralmente, são crianças pequenas em peso e estatura,
mas que vão tentar recuperar o seu crescimento durante a
infância e a adolescência.
Para os familiares, a preocupação inicial é
o peso da criança e depois, na idade escolar, a estatura.
Mas, para o médico, é sempre importante a harmonia
do crescimento. O crescimento é mais acelerado entre as 36
e as 40 semanas de idade pós-concepcional. Depois desta fase,
durante os primeiros 2 a 3 anos de vida, verifica-se um crescimento
de recuperação (catch-up growth). Este catch-up ocorre
primeiro para o perímetro cefálico e depois para a
estatura e peso. No fim deste período, o crescimento encontra-se,
habitualmente, dentro dos limites de normalidade das curvas de referência.
Apesar disso, o prematuro pode permanecer uma criança pequena
até à adolescência. Depois da adolescência
e até se tornar adulto, pode atingir uma estatura normal,
havendo influência do potencial genético na estatura
final do adulto.
Factores de risco do crescimento
As crianças afectadas por atraso de crescimento intra-uterino,
displasia broncopulmonar, ou que apresentam um estado de nutrição
inadequado após a alta hospitalar, vão apresentar
um crescimento comprometido nos primeiros anos de vida, com repercussão
na estatura final.
Também é difícil prever o desenvolvimento
dos prematuros de EBP pois este depende de uma complexa interacção
de factores biológicos (está mais relacionado com
a idade gestacional do que com o peso à nascença)
e ambientais, que actuam no cérebro imaturo e vulnerável
destas crianças. Por outro lado, existem factores como a
participação activa dos familiares e o temperamento
da criança que podem modular o prognóstico e ajudar
a criança a superar as suas dificuldades e a ter boa qualidade
de vida.
Alguns problemas surgem precocemente e podem ser definitivos, enquanto
outros só se tornam evidentes ao fim de vários meses
ou anos. No entanto, a maioria dos distúrbios desaparece
ou é atenuada com o tempo.
As sequelas neurosensoriais graves, incluindo paralisia cerebral,
deficiência visual (cegueira) e deficiência auditiva
(surdez) são identificadas nos 2 primeiros anos de vida e
afectam sobretudo as crianças mais imaturas, nascidas com
menos de 26 semanas de idade gestacional.
O atraso no desenvolvimento cognitivo é a perturbação
mais frequente nos primeiros anos de vida. Na idade escolar predominam
os problemas comportamentais e de aprendizagem. O comportamento
da criança é um factor importante no seu desempenho
global e precisa de ser avaliado em todas as etapas do neurodesenvolvimento.
A partir da adolescência, os problemas tendem a atenuar-se,
permitindo uma boa integração social na vida adulta.
O meio sócio-económico, cultural e familiar tem grande
influência no crescimento e desenvolvimento do ex-prematuro.
A boa qualidade do lar, representada pela estabilidade emocional
da família e a participação activa dos pais,
pode melhorar o desempenho da criança e proporcionar-lhe
uma boa qualidade de vida.
Os prematuros de EBP podem ter uma vida normal, mas necessitam
de ser acompanhados em programas de seguimento multidisciplinar
para rastreio e intervenção precoce, bem como para
apoiar e orientar as famílias por forma a favorecer o crescimento
e o desenvolvimento desde a infância até à vida
adulta.
Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais
dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia
da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007);“Crescimento e
desenvolvimento a longo prazo do prematuro extremo” –
Lígia Rugolo, Jornal de Pediatria da Sociedade Brasileira
de Pediatria (2005); www.aboutkidshealth.ca
PRIMEIROS ANOS DE VIDA E SINAIS DE ALARME
Os recém-nascidos prematuros são fetos que se desenvolvem
no meio extra-uterino. Neste período, o seu cérebro
e os outros órgãos estão a crescer a uma velocidade
maior do que em qualquer outro período da sua vida. Contudo,
ao nascerem prematuros, são retirados do ambiente natural
que iria permitir o seu desenvolvimento adequado e colocados num
ambiente médico, altamente tecnológico que, apesar
de necessário para a sua sobrevivência, é de
elevado risco para vários órgãos, nomeadamente
o pulmão, o intestino, os olhos, os ouvidos e o cérebro.
Algumas vezes, existem doenças específicas que podem,
nalguns casos, ser detectadas ainda durante o internamento, tais
como: a hemorragia cerebral, a leucomalácia periventricular,
a retinopatia e a displasia broncopulmonar. Algumas destas situações
têm consequências sobre o crescimento e o desenvolvimento
de diferentes órgãos. Ocorrem sobretudo em bebés
com idade gestacional menor que 32 semanas. O peso também
é importante e os bebés de Extremo Baixo Peso ao nascer
(EBP, abaixo dos 1000 g) têm um risco aumentado de doença.
Outros problemas, como os de desenvolvimento, só se manifestam
com o decorrer do tempo. Os pais encontram-se numa posição
privilegiada para monitorizar o crescimento e o desenvolvimento
da criança prematura. Ao se familiarizarem com os padrões
do vosso bebé, e caso detectem atrasos, informem o pediatra
o mais rapidamente possível.
Antecipar e identificar complicações que se podem
tornar crónicas é muito importante para minimizar
o impacto que a condição pode ter à medida
que o vosso bebé cresce. Adicionalmente, caso as complicações
identificadas possam beneficiar de terapia, então quanto
mais cedo e precocemente a intervenção começar,
maiores serão as probabilidades de sucesso e de minimização
do impacto à medida que a criança cresce e se vai
desenvolvendo.
Através da ajuda adequada por parte dos pais e dos profissionais
de saúde, muitas crianças prematuras acabarão
por gozar uma vida preenchida e feliz apesar de terem alguma espécie
de sequelas da prematuridade.
A vigilância do crescimento é muito importante, pois
uma alimentação adequada deve permitir um aumento
regular do peso, comprimento e perímetro cefálico.
A alimentação e o aporte calórico adaptados
às necessidades específicas condicionam não
só o crescimento mas também o desenvolvimento cerebral
do vosso bebé prematuro.
Contudo, no caso da displasia broncopulmonar, uma recuperação
demasiado rápida poderá ser prejudicial e ser percursora
de obesidade e doenças cardiovasculares na idade adulta.
O desenvolvimento de uma criança é um processo complexo
e contínuo. Duas crianças não se desenvolvem
ao mesmo ritmo nem da mesma forma.
A vigilância do desenvolvimento também deve ser um
processo contínuo e flexível de avaliação
da criança, incluindo a observação durante
a consulta médica, a valorização da opinião
dos pais, o exame neurológico sistematizado, a avaliação
dos marcos de desenvolvimento neuromotor e a realização
de testes de triagem para identificar distúrbios no desenvolvimento.
No primeiro ano de vida, especial atenção deve ser
dada à evolução motora do prematuro, com avaliação
do tónus, postura, mobilidade e força muscular. Anormalidades
neurológicas transitórias, envolvendo postura, motricidade
global e fina, coordenação e equilíbrio, reflexos
e principalmente alterações do tónus (hiper
ou hipotonia), são detectadas em 40-80% dos casos e têm
tendência a desaparecer ao longo do 2º ano de vida.
A par das alterações dos diferentes órgãos
e sistemas, as alterações do neurodesenvolvimento
são das mais importantes sequelas da prematuridade. As sequelas
mais conhecidas e temidas são a paralisia cerebral, os défices
visuais e os défices auditivos. Algumas destas sequelas podem
ter implicações no desenvolvimento a longo prazo da
criança prematura.
As aquisições do neurodesenvolvimento, como o sorrir,
galrear, gatinhar, andar e falar, ocorrem, nas crianças que
nasceram prematuras, de acordo com a idade corrigida (idade que
estas crianças teriam se nascessem de uma gravidez de termo,
de 40 semanas), devendo a sua avaliação ser feita
desse modo até aos 2-3 anos.
As sequelas da prematuridade estão normalmente associadas
à idade gestacional do vosso bebé quando do nascimento.
Prematuros extremos são mais vulneráveis a atrasos
de desenvolvimento do que prematuros moderados ou pré-termos
limiares.
• Alterações do tónus (força
dos músculos e articulações): São frequentes
nos bebés prematuros e, muitas vezes, transitórias.
Contudo, a hipertonia, um endurecimento muscular que oferece resistência
à distensão (como o abrir e puxar para trás
os braços por hipertonia a nível dos ombros, ou o
ficar com as pernas demasiado esticadas parecendo que o bebé
já quer ficar de pé antes dos 6 meses) pode indicar
uma situação patológica. O pediatra que segue
a criança na consulta de desenvolvimento irá dar indicações
sobre o correcto posicionamento da criança e o eventual recurso
ao tratamento de fisioterapia nos casos em que as alterações
são mais graves ou persistentes.
• Assimetria dos movimentos: Os movimentos dos membros devem
ser simétricos e, nos primeiros meses, as crianças
não devem mostrar preferência pela utilização
de um dos membros. A utilização preferencial de uma
mão para agarrar os objectos, ou mover mais activamente uma
das pernas pode ser sinal de lesão cerebral e pode necessitar
de tratamento especial de fisioterapia.
• Problemas de visão: A existência de falta
de contacto visual, ou de um desvio mantido dos olhos, pode ser
a manifestação de diminuição da acuidade
visual ou de estrabismo. Mais tarde, o aproximar demasiado os objectos
da face, pode ser sinal de diminuição da visão.
• Problemas de audição: A reacção
aos sons pode ser notada desde os primeiros meses quando o bebé
reage à voz dos pais quando estes procuram acalmá-lo.
Se o bebé não reage dessa forma, não parecendo
interessar-se por estes sons, há que programar com urgência
um rastreio auditivo, que tem de ser efectuado antes dos 6 meses.
• Perturbações da linguagem: A linguagem constitui
um sistema simbólico que é aprendido e não
herdado, as crianças aprendem através dos sons que
ouvem dos seus pais e que procuram imitar. O desenvolvimento de
capacidades de linguagem é particularmente importante para
todas as crianças. Através da linguagem, todos os
aspectos da nossa cultura são comunicados e os pais têm
um papel fudamental em ensinar as crianças a desenvolverem
as capacidades de linguagem adaptadas à sua idade.
Normalmente, as crianças prematuras aprendem a falar mais
tarde e têm um maior risco de desenvolver problemas da linguagem,
sobretudo expressiva. Assim, se a criança não atinge
as etapas do desenvolvimento linguístico nas idades apropriadas
(dizer 10 palavras ou sons com significado aos 18 meses, juntar
2 palavras aos 24 meses, fazer frases de 3 palavras aos 36 meses)
ou se houver erros de articulação importantes depois
dos 5 anos, deve ser efectuada uma reavaliação da
audição, uma avaliação global do desenvolvimento
(a fim de se verificar se a perturbação da linguagem
surge de forma isolada) e uma avaliação específica
da linguagem. Pode haver necessidade de terapia da fala. Quanto
mais cedo a intervenção começar, maiores serão
as probabilidades de sucesso.
• Perturbação global do desenvolvimento (défice
cognitivo): Neste caso, as crianças não adquirem as
competências nas diversas áreas do desenvolvimento
nas idades esperadas. Por exemplo, a falta de interesse pelos objectos
e a má coordenação entre a visão e a
manipulação podem estar na base de uma má percepção
do espaço e exigir uma intervenção.
Muitos bebés prematuros ultrapassam os seus atrasos de desenvolvimento
à medida que crescem e acabam por viver felizes e de uma
forma saudável. Caso os problemas persistam, fixar objectivos
realistas com a sequela em causa e encorajar a criança a
atingir esses objectivos poderá ser suficiente para contribuir
para a sua felicidade.
Durante o internamento, na maioria das Unidades Neonatais existem
programas de estimulação de acordo com as necessidades
do bebé prematuro e da sua família que, com a ajuda
de diferentes profissionais, irão optimizar o seu desenvolvimento.
Após a alta hospitalar e até à idade escolar
(ou mesmo até à idade adulta), mantém-se a
necessidade de um acompanhamento adequado destas crianças
por forma a intervir atempadamente no sentido de minimizar os eventuais
défices.
A avaliação multidisciplinar contínua destas
crianças prematuras é importante. Por vezes, para
além dos serviços hospitalares, são necessários
outros serviços, nomeadamente da educação,
de modo a contribuir para que estas crianças que nasceram
“antecipadamente” possam ter um crescimento e desenvolvimento
semelhante ao dos seus pares.
Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais
dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia
da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007); “Crescimento
e desenvolvimento a longo prazo do prematuro extremo” –
Lígia Rugolo, Jornal de Pediatria da Sociedade Brasileira
de Pediatria (2005); www.aboutkidshealth.ca
IDADE ESCOLAR
Geralmente, os problemas de saúde dos bebés prematuros,
principalmente os de Extremo Baixo Peso (EBP), diminuem após
os primeiros anos de vida. Na idade pré-escolar, 5% a 30%
apresentam alguma limitação funcional das suas actividades
motoras, de comunicação ou de autocuidados. Por sua
vez, na idade escolar, muitos ex-prematuros conseguem ter um desempenho
perfeitamente normal.
No entanto, à medida que aumentam os desafios intelectuais
na escola, podem surgir novos problemas neuropsicológicos,
comportamentais e de aprendizagem. Entre estes, destacam-se:
- Problemas no desempenho cognitivo
- Dificuldades escolares
- Distúrbios do comportamento
- Outros problemas. Problemas de motricidade fina, distúrbios
neurológicos, deficiência visual ou auditiva e alteração
na percepção visual / espacial podem contribuir para
um pior desempenho escolar, prejudicar a auto-estima e criar distúrbios
comportamentais e sociais.
Felizmente, através da intervenção precoce
e de educação especial, o risco de problemas cognitivos
e de dificuldades escolares pode ser minimizado.
As dificuldades escolares são mais frequentes nas crianças
que foram prematuras. Algumas crianças passam toda a vida
sem problemas. Outras podem ter problemas, por exemplo, aos 8,10
anos de idade quando os pais percebem que têm dificuldades
para acompanhar os colegas na escola.
Podem surgir perturbações específicas da aprendizagem,
como a dislexia ou a discalculia. A dislexia surge muitas vezes
associada a uma perturbação da linguagem que constitui
um sinal de alarme para a dislexia.
Também podem surgir perturbações comportamentais
que vão comprometer o desempenho escolar, como por exemplo
a perturbação de défice de atenção,
associada ou não à hiperactividade. A perturbação
de défice de atenção exige uma intervenção
terapêutica comportamental e, por vezes, medicamentosa.
Se existirem dificuldades ao nível da escrita, os problemas
podem ser de natureza mecânica ou expressiva. O tipo de ajuda
mais adequada depende da natureza desses problemas.
As dificuldades ao nível da matemática constituem
os problemas educacionais mais comuns das crianças prematuras.
A aprendizagem da matemática está dependente de uma
série de aptidões: visuais-espaciais (importantes
para a geometria, análise gráfica e cálculos
matemáticos), memória (factos numéricos automáticos
e procedimentos faseados) e linguagem (interpretação
dos problemas). Dificuldades nalguma destas áreas podem criar
dificuldades ao nível da aprendizagem da matemática.
Quanto mais cedo fôrem identificados os problemas, mais cedo
será possível começar a intervir e maiores
serão as probabilidades de sucesso.
Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais
dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia
da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007); “Crescimento
e desenvolvimento a longo prazo do prematuro extremo” –
Lígia Rugolo, Jornal de Pediatria da Sociedade Brasileira
de Pediatria (2005); www.aboutkidshealth.ca
ADOLESCÊNCIA
A adolescência é um período de transição
que coloca o jovem e a família perante uma série de
desafios. Ocorre entre os 10 e os 19 anos de idade e configura um
período crítico para a formação de valores
e padrões de conduta, caracterizando-se por maior rebeldia,
procura de independência e visão diferenciada da vida.
Os pais de adolescentes que foram bebés prematuros, nomeadamente
os de extremo baixo peso ao nascer, estão conscientes de
que os seus filhos pertencem a um grupo de risco, o que vem aumentar
ainda mais o seu leque das incertezas. “Será que vai
ter dificuldades ...?”.
Em geral, a maioria dos adolescentes prematuros, incluindo os nascidos
com menos de 29 semanas de gestação, frequenta escolas
normais, tem boas condições de saúde, desempenha
bem os seus desafios académicos e irão, muito provavelmente,
ser adultos produtivos.
Apesar disso, ainda existem poucos estudos sobre a evolução
enquanto adultos de adolescentes nascidos prematuros. Tal não
constitui surpresa na medida em que, só durante os últimos
20 anos, é que as taxas de sobrevivência dos prematuros
de Extremo Baixo Peso (EBP) têm vindo a aumentar. Pouco ainda
se sabe para além da 1ª década de vida e, em
particular, durante a progressão da adolescência para
a idade adulta. Só agora os 1ºs sobreviventes de muito
baixo peso estão a transitar para a fase adulta…
Mesmo as crianças que ultrapassaram a infância relativamente
bem terão, nesta fase, alguma vulnerabilidade acrescida.
O maior risco são perturbações do desenvolvimento
nas áreas cognitivas e comportamentais. Em geral, as alterações
cognitivas surgem mais tarde, afectam especialmente funções
como a memória e/ou linguagem, envolvendo principalmente
a função de processamento simultâneo e o processamento
de informações complexas que requerem um raciocínio
lógico e orientação espacial e que podem estar
associadas a perturbações de défice de atenção.
As alterações do desenvolvimento, quando não
são correctamente identificadas, podem ter implicações
no rendimento escolar, até mesmo naquelas crianças
que possuem bom desempenho intelectual. Os apoios educativos e orientação
específica com o suporte adequado aos jovens e família
poderão ter um papel decisivo na escolha da via educacional
e até profissionalizante.
Os problemas respiratórios iniciais (ventilação,
apneia, displasia broncopulmonar, bronquites recorrentes da infância,
etc.) não são relevantes na adolescência.
No entanto, testes da função pulmonar efectuados
em adolescentes ex-pretermos mostram que os adolescentes estão
predispostos a um maior risco de doenças obstrutivas na vida
adulta como a asma, a pieira e a tosse crónica. É
fundamental o papel dos pais e da sociedade na promoção
de formas de vida saudável, livre de fumo e de drogas, e
onde a prática de actividade física adequada, como
a natação, poderá vir a ter um papel preponderante.
Nesta fase, mantém-se o risco de maior incidência
de problemas visuais, nomeadamente uma menor acuidade visual, astigmatismo,
estrabismo e erros de refracção (miopia). Mais uma
vez, um plano de vigilância cuidadoso permitirá minimizar
os eventuais défices.
Desde o nascimento, peso e altura são indicadores importantes
do desenvolvimento da criança. Quando os filhos se juntam
a outras crianças, seja no pátio da escola ou nas
festinhas de aniversário, é normal que os pais fiquem
ávidos para se certificarem de que os seus filhos estão
na média da estatura do grupo.
O processo de crescimento rápido em relação
ao peso e altura ocorre nos primeiros 2 a 3 anos de vida, colocando
estas crianças dentro dos limites da normalidade das curvas
de referência no final desse período. No entanto, este
processo pode prolongar-se ao longo da adolescência, principalmente
nos de extremo baixo peso. Nestes casos, os rapazes adolescentes
podem ser em média 4 cm mais baixos e 8 kg mais leves e as
raparigas 8 cm mais baixas que os seus pares.
O desejo de serem mais altos, o considerarem-se menos atractivos
e menos atléticos contribui para um défice de auto-estima
neste período tão vulnerável do desenvolvimento:
têm menos amigos, mais dificuldade nas relações
interpessoais, crises de ansiedade e depressão e falta de
motivação. Estes factores podem complicar a transição
para a fase adulta. Nestes casos, os pais devem procurar ajuda profissional
específica para uma correcta avaliação do ajustamento
social e emocional do adolescente que permitirá delinear
estratégias de intervenção atempadas, visando
uma integração social adequada.
É natural que os pais (de crianças de termo ou não)
tenham dificuldades em encorajar os seus filhos a se tornarem independentes
à medida que estes vão crescendo. Os pais de bebés
prematuros podem ter ainda mais dificuldades do que o habitual em
fazê-lo porque imaginam a sua criança mais frágil
que as outras e com necessidades acrescidas de protecção.
Para algumas crianças, esta necessidade de protecção
adicional pode fazer sentido. No entanto, na maioria dos casos,
os pais estão simplesmente a proteger em demasia a criança
e a comprometer o seu desenvolvimento adequado. Uma criança
que é demasiado protegida porque os seus pais estão
desnecessariamente preocupados acerca da sua “fragilidade”
terá menos oportunidades de se transformar num adulto responsável
e independente. Uma criança que é encorajada a enfrentar
desafios e a assumir responsabilidades à medida que vai crescendo
estará numa posição mais favorável enquanto
adulto.
Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais
dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia
da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007); “Crescimento
e desenvolvimento a longo prazo do prematuro extremo” –
Lígia Rugolo, Jornal de Pediatria da Sociedade Brasileira
de Pediatria (2005); www.aboutkidshealth.ca
INTERVENÇÃO PRECOCE
A Intervenção Precoce (IP) é uma medida de
apoio integrado, centrada na criança e na família,
mediante acções no âmbito da educação,
da saúde e da acção social, com o objectivo
de reduzir os efeitos dos factores de risco ou da deficiência
no desenvolvimento da criança. A IP pode ser melhorativa
quando remedeia um problema de desenvolvimento, ou preventiva quando
evita a sua ocorrência ou reduz os seus efeitos.
A IP destina-se a crianças até aos 6 anos de idade,
especialmente dos 0 aos 3, que apresentem alterações
no seu desenvolvimento psicomotor ou se encontrem em situações
de alto risco para os vir a ter, e suas famílias. Uma criança
está em risco, quando está exposta a situações
de natureza biológica ou ambiental, que podem interferir
com o normal desenvolvimento. Exemplos de factores de risco biológico
são a prematuridade e o atraso de crescimento intra-uterino,
a asfixia ou infecções que ocorrem especialmente durante
o parto ou nos primeiros dias de nascimento.
Há várias razões para se intervir o mais cedo
possível:
1. Sabe-se que o desenvolvimento e comportamento humanos podem
ser modificados por influências ambientais, positivas e negativas.
Daí a importância de um ambiente saudável e
estimulante.
2. A investigação cientifica sugere uma base neurobiológica
para a IP, relacionada com a “plasticidade do sistema nervoso”,
em que o cérebro se comporta de forma mais “maleável”
e é mais susceptível à aprendizagem quando
estimulado. Existem períodos críticos de desenvolvimento
em que a criança é mais susceptível à
experiência ou à falta dela e as primeiras idades são
fundamentais para as aquisições básicas do
desenvolvimento. Quanto mais nova é uma criança, maior
a possibilidade de responder positivamente à estimulação.
3. Factores de risco e deficiências, têm o potencial
para agravar ou levar ao aparecimento de deficiências secundárias.
A IP pretende criar as condições que facilitem o desenvolvimento
global das crianças, minimizando as consequências das
deficiências ou das situações de alto risco
e prevenindo sequelas.
4. Os pais de crianças com problemas ou em risco, podem
necessitar de apoio profissional para estabelecer as adequadas capacidades
parentais. Ninguém está verdadeiramente preparado
para ter um filho com problemas e, geralmente, nesta situação,
é necessária ajuda. A IP procura optimizar a interacção
criança / família, mediante a informação,
a participação e o reforço das suas capacidades
e competências. Pretende apoiar a família para a ajudar
a ultrapassar a alteração da dinâmica familiar
resultante da existência de uma criança com problemas
de desenvolvimento ou em risco, e para a ajudar a lidar melhor com
o seu filho no dia-a-dia.
A IP deve ser efectuada de acordo com os seguintes pressupostos:
• Centrada na Família. Os serviços de IP não
devem ser exclusivamente dirigidos à criança e aos
seus problemas. Em crianças pequenas, só faz sentido
que o trabalho seja feito numa relação de confiança
entre a família e os profissionais de saúde no sentido
de a envolver e de melhorar as suas competências para lidar
com o seu filho e, assim, optimizar as condições de
interacção criança / família. A família
deve participar em todo o processo de intervenção,
cabendo-lhe as tomadas de decisão sobre as suas crianças.
• Base Comunitária. Sempre que possível, a IP
deve ser prestada por equipas a funcionar na comunidade em oposição
à IP a funcionar em grandes centros, onde os pais têm
de se deslocar para obter serviços. Deve ser feita de forma
articulada e contínua, optimizando recursos existentes e
criando redes de interajuda.
• Em contextos naturais. Deve ser prestada nos locais onde
as crianças habitualmente estão (creches, jardins
de infância, amas ou domicílio) e não em Instituições
de Ensino Especial. As crianças com necessidades especiais
têm o direito a fazer a sua aprendizagem integradas em ambientes
não segregados.
Os serviços de IP devem ser prestados por equipas interdisciplinares,
com profissionais da área da educação, da saúde
e do serviço social, de forma a poder dar resposta à
gama de problemas que estas crianças e famílias apresentam.
O principal objectivo da equipa consiste na elaboração
de programas e metodologias individualizadas, integradas na família,
escola e comunidade. O tipo de apoio que uma criança necessita
depende de cada caso e os profissionais da área da saúde
que compõem a equipa podem incluir o pediatra do vosso bebé
e outros profissionais de saúde como, por exemplo:
• Pediatra do desenvolvimento. Avalia o desenvolvimento nas
áreas motora, congnitiva, comportamental, linguagem e sensorial.
Sempre que se mostre necessário, é estipulada uma
orientação terapêutica e e dada continuidade
com a intervenção dos vários profissionais
de saúde que podem compôr a equipa.
• Psicólogo. Avalia o desenvolvimento cognitivo e
psicossocial da criança. Procura prevenir e trabalhar as
perturbações disfuncionais que podem surgir ao longo
do desenvolvimento com repercussões na vida adulta.
• Neuropsicólogo. Avalia e estabelece um plano de
reabilitação e estimulação de funções
neuropsicológicas que podem estar comprometidas por perturbações
do desenvolvimento, incluindo a atenção, memória,
linguagem oral e escrita, actividade construtiva, aptidões
visuo-espaciais, raciocínio, controlo sobre comportamentos
e emoções, etc.
• Fisioterapeuta. Actua na área da reabilitação
psicomotora tendo em vista contribuir para superar problemas de
maturação, desenvolvimento, aprendizagem e comportamento,
através da intervenção por mediação
corporal.
• Terapeuta da fala. Previne e trata a criança nas
áreas relativas à comunicação e linguagem,
principalmente no que diz respeito à linguagem verbal oral
nas vertentes compreensiva e expressiva. A intervenção
pretende promover o desenvolvimento da criança e procurar
minimizar as suas dificuldades de comunicação por
forma a proporcionar o seu bem-estar e facilitar as aprendizagens
escolares.
Após décadas de investigação, há
evidência quantitativa e qualitativa de que a IP não
só acelera e reforça o desenvolvimento da criança
mas também melhora o funcionamento da família e reduz
os gastos da sociedade com educação especial e outros
serviços reabilitativos. Os primeiros programas de IP apenas
se preocupavam com o desenvolvimento da criança e actuavam
numa perspectiva médico-terapêutica. Actualmente, têm
uma abordagem mais social e os seus principais objectivos incluem
a melhoria dos conhecimentos e da autonomia das famílias,
para poderem lidar com os problemas dos seus filhos.
As entidades públicas que prestam este tipo de serviços
resultam de uma co-responsabilidade entre os Ministérios
da Saúde, da Educação e do Trabalho e da Solidariedade,
e podem contactá-los através da Administração
Regional de Saúde, da Direcção Regional de
Educação e do Centro Distrital de Segurança
Social da vossa área de residência.
Existem também instituições particulares de
solidariedade social e outras instituições sem fins
lucrativos vocacionadas para esta área.
Finalmente, podem existir também entidades privadas que
prestam este tipo de serviços na vossa área de residência.
Em Portugal, a legislação que regulamenta a IP é
o Despacho Conjunto 891/99 (Ministérios da Saúde,
Segurança Social e Educação).
Fonte: “Nascer prematuro – Um manual para os pais
dos bebés prematuros”, Secção de Neonatologia
da Sociedade Portuguesa de Pediatria (2007); “Intervenção
Precoce”, Ministérios do Trabalho e da Solidariedade,
Educação e Saúde; “Conceitos e práticas
em intervenção precoce”, Direcção-Geral
de Inovação e de Desenvolvimento (2004); www.dgidc.min-edu.pt
MARCOS DO DESENVOLVIMENTO DO BEBÉ
O vosso bebé pode ter nascido com os órgãos,
os músculos e o sistema nervoso imaturos. Se fôr este
o caso, é natural que não apresente um controlo motor
tão bom como o das crianças com o tempo de gestação
completo. Quando conseguir executá-las, celebrem sempre as
suas proezas, mas sejam pacientes e compreensivos à medida
que o vosso bebé se desenvolve ao seu ritmo muito próprio.
A maioria dos bebés cresce de acordo com um padrão
razoavelmente previsível. No entanto, cada bebé, incluindo
um bebé que nasceu com o tempo de gestação
completo, irá desenvolver-se ao seu próprio ritmo,
que pode variar mesmo entre irmãos. Por exemplo, cerca de
metade dos bebés já anda no seu primeiro aniversário.
Mas começar a andar entre os 9 e os 16 meses é considerado
perfeitamente normal.
Abaixo, podem encontrar uma tabela com os marcos típicos
do desenvolvimento dos bebés. Se o vosso bebé tiver
nascido prematuro, terão de utilizar a tabela de uma forma
diferente, ou seja, têm de utilizar a idade corrigida e não
a idade real ou cronológica do vosso bebé. Estes marcos
funcionam como uma orientação para avaliar o desenvolvimento
do vosso bebé. Ninguém melhor que vocês conhece
o vosso bebé e informem prontamente o pediatra ou o especialista
de desenvolvimento se identificarem áreas em que a vossa
criança esteja atrasada.
Coordenação
motora geral: |
Levanta a cabeça
durante alguns segundos, quando está deitado de barriga
para baixo. |
Coordenação motora
fina: |
Punhos fechados com abertura e encerramento
aleatórios; leva as mãos à boca; fixa atentamente
objectos e luzes. |
Capacidade cognitiva: |
Começa a lidar com diferentes
registos sensoriais (no entanto, a maior parte dos movimentos
são aleatórios e reflexos relativamente ao meio).
|
Comunicação: |
Chora para dar a conhecer as suas
necessidades, ouve e acalma-se com a voz; acompanha os olhos.
|
Sociabilidade: |
Foca as caras; gosta que lhe falem
e lhe peguem. |
Coordenação
motora geral: |
Controlo razoável
da cabeça quando está de barriga para cima e numa
posição apoiada; levanta a cabeça e o peito
quando está virado de barriga para baixo; estica os braços
e as pernas simultaneamente e de modo simétrico. |
Coordenação motora
fina: |
Agarra numa roca, os olhos seguem
objectos em movimento lento; junta as mãos ao nível
do peito. |
Capacidade cognitiva: |
Começa a aperceber-se de que
os movimentos do corpo mexem o que o rodeia (bate no móbile,
balança-se na cadeirinha); começa o esforço
para repetir movimentos que dão origem a uma resposta.
|
Comunicação: |
Vocaliza e ri; tem choros diferentes
para coisas diferentes (fome, dor, aborrecimentos). |
Sociabilidade: |
Sorri com facilidade e espontaneamente.
|
Coordenação
motora geral: |
Vira-se sozinho e começa
a sentar-se com apoio; consegue sustentar-se sozinho sobre o
braço enquanto está deitado de lado; puxa-se para
a frente com os braços quando está deitado de
lado; puxa-se para a frente com os braços quando está
deitado de barriga para baixo. |
Coordenação motora
fina: |
Alcança e agarra-se com ambas
as mãos; muda os brinquedos de uma mão para a
outra. |
Capacidade cognitiva: |
Abana a roca; começa a imitar
gestos de que se apercebe e começa a sorrir franzindo
as sobrancelhas; tem um interesse acrescido pelo que o rodeia
e nos resultados das acções. |
Comunicação: |
Balbucia, ri-se e vocaliza, volta-se
para ver de onde vêm os novos sons. |
Sociabilidade: |
Apercebe-se da presença de
estranhos; sorri para a sua imagem reflectida no espelho. |
Sinais de aviso: |
Consultem o vosso pediatra ou um
especialista do desenvolvimento se o vosso bebé apresentar
qualquer um destes sinais com esta idade:
• tem dificuldade em levantar a mão e a levantar-se
nos bracinhos quando está de barriga para baixo.
• não consegue ficar deitado de lado para brincar
com os brinquedos.
• não se consegue sentar, mesmo com apoio.
• não se consegue virar sozinho ou vira-se arqueando
o pescoço e as costas.
• não faz qualquer esforço para alcançar
ou bater nos objectos que o rodeiam.
• não volta a cabeça à procura de
um som ou se não procura objectos com os seus olhos.
• agarra os objectos com muita fraqueza e mantém-nos
na mão apenas por instantes.
• mantém os punhos fechados e/ou mantém
o polegar dentro do punho.
• não consegue levar as mãos à boca.
• continua a ter problemas a beber pelo biberão
ou a comer os primeiros sólidos.
• não vocaliza nem balbucia. |
Coordenação
motora geral: |
Senta-se e sai dessa
posição sozinho com a ajuda independente dos quatro
membros; gatinha (com as mãos e joelhos). |
Coordenação motora
fina: |
Aponta com o dedo indicador. |
Capacidade cognitiva: |
Coloca os brinquedos e tira-os de
dentro de recipientes. |
Comunicação: |
Começa a utilizar sons com
duas sílabas (“mamã” ou “papá”).
|
Sociabilidade: |
Respostas ansiosas a estranhos; grande
ligação com os pais. |
Coordenação
motora geral: |
Anda sozinho (pode levar
até aos 15 meses). |
Coordenação motora
fina: |
Utiliza o polegar e o indicador para
levar com firmeza pedaços pequenos de comida à
boca; coloca objectos dentro de um recipiente pequeno. |
Capacidade cognitiva: |
Começa a utilizar objectos
para funções específicas (escova para pentear
o cabelo); começa a antecipar que um comportamento terá
uma consequência. |
Comunicação: |
Diz pelo menos duas palavras para
além de “mamã” e “papá”,
reconhece o seu próprio nome, imita palavras familiares.
|
Sociabilidade: |
Tímido, mas gosta de atenção
e de brincar; dá afecto e faz carícias. |
Sinais de aviso: |
Consultem o vosso pediatra ou um
especialista do desenvolvimento se o vosso bebé apresentar
qualquer um destes sinais com esta idade:
• senta-se mas não o consegue fazer sozinho.
• gatinha ou “saltita” movimentando ao mesmo
tempo para a frente as duas pernas.
• não consegue apanhar com facilidade pequeno objectos
como pedacinhos de comida.
• não procura um objecto escondido,
• não consegue vocalizar combinações
de uma consoante com uma vogal (“da”).
• não olha para livros durante curtos períodos
de tempo (lembrem-se de que está muito ocupado a aprender
a gatinhar ou a andar, pode não se interessar muito por
actividades paradas. Encorajem-no a interessar-se por actividades
“sossegadas”, como olhar para livros com imagens).
• não responde a frases simples familiares, como
papa-a-papa.
• utiliza um lado do corpo muito mais do que o outro.
|
Coordenação
motora geral: |
Dá passos enquanto
se agarra a um apoio; “corre”. |
Coordenação motora
fina: |
Constrói torres com 3-4 blocos. |
Capacidade cognitiva: |
Inicia o método por tentativas
em termos de raciocínio; começa a compreender
a argumentação. |
Comunicação: |
Aponta para três partes básicas
do corpo; obedece a pedidos simples; conhece e identifica pelo
menos 2-5 objectos familiares, utiliza 10-20 palavras, incluindo
nomes, combina 2 palavras (“dá bebé”
ou “tá-tá”). |
Sociabilidade: |
Ajuda em tarefas simples; imita espontaneamente
as acções dos outros. |
Sinais de aviso: |
Consultem o vosso pediatra ou um
especialista do desenvolvimento se o vosso bebé apresentar
qualquer um destes sinais com esta idade:
• não anda ou anda constantemente só nos
bicos dos pés.
• não imita sons ou não produz combinações
de quaisquer sons que representem uma palavra (“aua”
para água).
• não consegue construir uma torre com blocos.
• está mais interessado em colocar os brinquedos
na boca, do que brincar propositadamente com eles com as mãos.
• compreende menos de oito palavras. |
Coordenação
motora geral: |
Ao subir escadas alterna
os dois pés; dá pontapés numa bola. |
Coordenação motora
fina: |
Empilha 6 cubos; vira sozinho as
páginas de um livro. |
Capacidade cognitiva: |
Faz corresponder formas como o círculo,
o triângulo e o quadrado; compreende para que servem muitos
objectos. |
Comunicação: |
Utiliza frases com duas palavras;
compreende perguntas e ordens simples; pede para beber. |
Sociabilidade: |
Lava e enxagua as mãos; ajuda
a vestir-se. |
Sinais de aviso: |
Consultem o vosso pediatra ou um
especialista do desenvolvimento se o vosso bebé apresentar
qualquer um destes sinais com esta idade:
• não consegue juntar duas palavras numa frase.
• não identifica objectos básicos ou imagens
de objectos básicos.
• brinca de um modo essencialmente por imitação
e não toma a iniciativa de brincar sozinho, tem algumas
capacidades motoras que têm pouco equilíbrio e
controlo (cai ou tropeça mais vezes do que as crianças
da sua idade).
• não consegue completar um puzzle simples ou organizador
de formas.
• não responde a ordens simples como “dá
à mamã”.
• não consegue identificar partes básicas
do corpo. |
Coordenação
motora geral: |
Salta com os dois pés.
|
Coordenação motora
fina: |
Enfia contas; segura no lápis
com a mão, não com o punho. |
Capacidade cognitiva: |
Sabe canções simples
acompanhadas com gestos; completa puzzles simples; começa
a ter conhecimentos básicos. |
Comunicação: |
Utiliza os pronomes “eu”,
“tu” e “mim” correctamente, sabe o nome
completo; pode dizer “não” quando quer dizer
“sim”. |
Sociabilidade: |
Joga ao jogo de gato e do rato; afirma
a sua personalidade. |
Coordenação
motora geral: |
Balança num só
pé durante cinco segundos; anda de triciclo. |
Coordenação motora
fina: |
Começa a brincar com “Legos”. |
Capacidade cognitiva: |
Distingue pequeno de grande; compreende
instruções básicas; acredita que todos
os objectivos estão de algum modo relacionados com ele.
|
Comunicação: |
Reconhece as cores primárias;
canta cantigas; coloca perguntas do género “o que”.
|
Sociabilidade: |
Brinca com outras crianças;
reveza-se; faz gestos com as mãos. |
Sinais de aviso: |
Consultem o vosso pediatra ou um
especialista do desenvolvimento se o vosso bebé apresentar
qualquer um destes sinais com esta idade:
• não utiliza preposições (”em”,
“de” e “para”) no seu discurso.
• não consegue copiar um círculo (nem tenta).
• tem um discurso tão pobre que é impossível
para os outros compreenderem o que diz.
• não segue ordens que utilizem “em”,
“cima” e “debaixo”.
• não responde correctamente a questões
de “sim” ou “não”.
• não consegue saltar com os dois pés.
• não consegue comer sozinho com uma colher. |
Extraído de “Guia dos Pais do Bebé
Prematuro”, Abbott Laboratórios Lda., páginas
77 a 83
Fonte: “Guia dos Pais do Bebé Prematuro”,
Abbott Laboratórios Lda.; www.marchofdimes.com
TOPO
Prevenção
da prematuridade
Conceptualmente, a prevenção do parto pretermo pode
ser dividida em 2 áreas:
1) A primeira envolve a redução dos factores de risco
presentes e a melhoria da qualidade de vida, incluindo repouso e
nutrição, redução do stress físico
e emocional. No entanto, esta estratégia, utilizada há
alguns anos em países desenvolvidos, não se mostrou
eficaz para a diminuição de incidência do parto
pretermo.
2) Actualmente, o diagnóstico pré-natal revela-se
num excelente instrumento que permite detectar não só
problemas maternos mas, também, problemas do próprio
feto. Este controlo permite identificar e solucionar, sempre que
possível, eventuais anomalias detectadas. Outros programas
focam-se na detecção precoce do início do parto:
contracções e alterações do colo do
útero. Para isso elaboraram-se programas educacionais dirigidos
à grávida, vigilância médica dirigida
às modificações do colo, ou vigilância
das contracções no domicílio por meios tecnológicos.
Nenhuma destas medidas teve o sucesso esperado, provavelmente porque
os sintomas iniciais são muitas vezes ténues e as
contracções podem não ser percebidas até
uma fase relativamente avançada do processo.
Os meios tradicionais de predizer quais as mulheres em risco para
parto pretermo baseados na história obstétrica, nos
sintomas ou nos riscos epidemiológicos têm elevada
probabilidade de falha. Actualmente a ecografia para medição
do colo uterino e análises bioquímicas, podem aumentar
a capacidade de detecção e ajudar a determinar a importância
de cada patologia para o risco total de parto pretermo.
Uma das difíceis decisões de um obstetra é
determinar se uma grávida com sinais iniciais de parto pretermo
está realmente em trabalho de parto. Numerosos estudos confirmam
que cerca de 50% das grávidas com uma situação
de ameaça de parto pretermo irão ter o parto a termo.
Por esta razão, é tradicionalmente feita uma observação
durante várias horas (internamento de curta duração)
e avaliada a necessidade de terapêutica ou possibilidade da
grávida poder regressar a casa.
As estratégias recentes de prevenção apostam
na detecção de competência do colo, da infecção
em fase subclínica e de estudo e avaliação
de efeitos hormonais. As terapêuticas actuais têm como
objectivos:
• Corrigir precocemente as anomalias detectadas (tratamento
das infecções, da incompetência cervico ístmica
ou de malformações uterinas)
• Inibir ou reduzir a intensidade e frequência das contracções
a fim de atrasar o parto
• Optimizar o estado geral do feto antes do nascimento
Embora o repouso seja tradicionalmente uma recomendação,
até à data não foi cientificamente
comprovado o seu valor na prevenção do parto pretermo.
Apesar da redução da actividade física ser
apropriada para algumas grávidas com risco de parto pretermo
ou para algumas situações clínicas, não
há evidência que o repouso completo no leito resulte
numa redução da incidência de prematuridade.
No futuro, um melhor conhecimento acerca dos mecanismos envolvidos
nesta patologia conduzirão a novas condutas e terapêuticas.
Até que novas estratégias sejam encontradas, os esforços
são concentrados na prevenção das complicações
neonatais usando corticóides para acelerar a maturidade pulmonar
fetal, antibióticos para prevenir determinadas infecções
e na conduta criteriosa para um parto não
traumático. Parte fundamental desta estratégia de
optimização do nascimento de um bebé prematuro
é também que o parto se realize num Centro Hospitalar
preparado com tecnologia adequada e equipas experientes nesta situação.
TOPO
Glossário
Muitos serão os termos pouco
familiares ou desconhecidos que irá ouvir. Com o objectivo
de melhor os compreender, são apresentados os termos médicos,
doenças e siglas mais usados numa Unidade de Neonatologia.
No entanto, recomenda-se que, sempre que considere necessário,
não hesite em questionar o pessoal especializado que acompanha
o seu bébé.
a b
c d e f
g h i j k
l m n o
p q r s t
u v w x y z
A
ACIU – Atraso de crescimento intra-uterino.
Açúcar no sangue – Concentração
de glucose no sangue.
Alimentação / Nutrição Parentérica
– Nutrição dada na veia em vez de ser no estômago.
Alimentação Trófica – Administração
de uma pequena quantidade de leite materno durante o dia a um bébé
prematuro. Este processo ajuda o tracto gastro intestinal a amadurecer
e a produzir enzimas para as alimentação futura.
ALTE – Ver “Apparent Life Threatening Event”.
Apparent Life Threatening Event (ALTE) – Episódio assustador
caracterizado por apneia, alteração da cor, alteração
do tónus muscular, sufocação ou engasgamento.
Alvéolos – Pequenas estruturas nos pulmões onde
o oxigénio é libertado para o sangue e o dióxido
de carbono é removido.
Análise de Gases no Sangue – Uma análise ao
sangue para determinar os níveis de oxigénio, dióxido
de carbono e acidez do sangue.
Anemia – Menos glóbulos vermelhos que o normal. Nos
bébés prematuros a anemia pode causar cansaço,
problemas respiratórios, deficiente progressão de
peso.
Anoxia - Redução do teor de oxigénio no sangue
e nos tecidos orgânicos. É sinónimo de hipoxia
ou asfixia.
Antibióticos Ototóxicos – Fármacos utilizados
para tratar infecções e que têm como efeito
secundário possiblidade de lesar o ouvido
Anticorpos – Substâncias proteicas no sangue que atacam
as substâncias estranhas, como as bactérias, vírus
e órgãos transplantados.
Aorta – A principal artéria que sai do coração.
Apgar (Índice de) – Teste que avalia o estado de saúde
do recém-nascido através de uma pontuação
atribuída duas vezes: a primeira, no primeiro minuto de nascido
e a segunda, cinco minutos depois. Refere-se à frequência
cardíaca, respiratória, reflexos, tónus muscular
e cor. Quantifica-se de 1 a 10 e dá indicações
acerca da vitalidade do bébé e evolução
a longo prazo.
Apneia – Uma pausa na respiração com duração
superior a 20 segundos. É frequente nos prematuros que não
têm ainda completa a maturação do controlo respiratório.
Aquecedor Irradiador – Fonte de calor para uma cama aberta
que permite o acesso ao bébé ao mesmo tempo que este
se está a aquecer.
Artéria Pulmonar – A artéria que leva o sangue
do coração aos pulmões.
Asfixia – Diminuição do oxigénio no organismo,
acompanhada pelo aumento dos níveis de dióxido de
carbono. Esta condição pode originar graves lesões
dos sistemas orgânicos e mesmo a morte se não fôr
corrigida a tempo.
Atraso de Desenvolvimento – Atraso em alcançar as etapas
do desenvolvimento quando comparado com as crianças da mesma
idade.
Audimetria – Exame que promove a determinação
do grau de acuidade auditiva.
Audiologista – Um profissional clínico que diagnostica
e trata problemas de audição.
B
Baixo Peso – Se o recém-nascido tem um peso ao nascer
< 2500g.
Bililights (Fototerapia) – Um tratamento com luzes especiais
para bébés com icterícia. O bébé
afectado é colocado sob a incidência de luzes fluorescentes
especiais que quebram a bilirrubina de modo a que esta possa ser
eliminada do organismo.
Bilirrubina – Um produto de degradação dos glóbulos
vermelhos. Quantias excessivas deste produto podem provocar a cor
amarela da pele do bébé (icterícia).
Bomba de Perfusão – Um dispositivo ligado a uma linha
intravenosa que regula cuidadosamente a quantidade de líquidos
para a corrente sanguínea do bébé.
Bradicardia – Frequência cardíaca mais baixa
que o normal, muitas vezes associada a apneia.
Broncopneumonia – Inflamação do tecido pulmonar
causada por infecção microbiana que atinge brônquios,
bronquíolos e alvéolos pulmonares.
Bronquiolite – Inflamação das vias aéreas
mais estreitas dos pulmões.
C
Canal Arterial Patente – Uma situação em que
um vaso sanguíneo que liga a aorta (principal artéria
do corpo) à artéria pulmonar (a artéria que
leva o sangue aos pulmões) não se fecha como deveria
acontecer pouco depois do nascimento.
Catéter – Um tubo fino e flexível utilizado
quer para administrar líquidos ao organismo, quer para drenar
líquidos do organismo. Pode ser externo ou totalmente implantado
sob a pele.
Catéter Arterial – Delicado tubo colocado numa artéria.,
que pode ser usado para avaliar a tensão arterial, colher
sangue ou administrar soros , em geral usa-se a artéria umbilical.
Catéteres Percutâneos – Delicados tubos que são
colocados através da pele numa veia mais central e pelos
quais se podem administrar soros e alimentação parentérica
a um bébé.
Catéter Umbilical – Um tubo fino e flexível
que é inserido através de um vaso sanguíneo
no cordão umbilical do bébé.
CDP (Continuous Distending Pressure) – Pressão de Distensão
Contínua.
Choque Séptico – Uma descida brusca dos sinais vitais
devido a uma infecção em todo o organismo, originando
por uma diminuição da função cardíaca
e de outros órgãos principais.
Cianose – Côr arroxeada da pele causada por insuficiente
oxigenação.
CIUR – Crescimento intra-uterino retardado.
Colostomia – Uma abertura na parede abdominal (criada através
de uma cirurgia) que permite que o cólon (a parte inferior
do intestino grosso) se esvazie directamente para um saco de resíduos
no exterior do corpo.
Colostro – Um líquido não espesso e amarelado
segregado pelos seios antes do leite materno surgir, este líquido
é particularmente rico em proteínas e anticorpos,
que proporcionam protecção ao recém-nascido
contra infecções.
Consultor de Lactação – Um profissional de saúde
conhecedor dos conselhos práticos e processos de amamentação.
Contagioso – Capacidade de transferir a infecção
de uma pessoa para outra.
Convulsão – Actividade eléctrica anormal do
cérebro que resulta em movimentos musculares involuntários
e espasmos.
CPAP (Continous Positive Airway Pressure) – Forma de administrar
pressão positiva nas vias aéreas, mantendo os pulmões
distendidos e evitando o colapso em cada respiração.
É um tipo de ventilação não invasiva,
não é necessário colocar nenhum tubo na traqueia
porque se administra essa pressão com um dispositivo que
se coloca no nariz . Ver “Pressão Respiratória
Positiva Contínua”.
D
DBP – Ver “Displasia Bronco Pulmonar”.
Diabetes – Distúrbio do metabolismo dos açúcares.
Displasia Bronco Pulmonar (DBP) – Problemas respiratórios
crónicos provocados por lesões do tecido pulmonar.
Também conhecida por doença pulmonar crónica.
Os bébés que sofrem de complicações
como o SDR, os bébés que são muito pequenos
e que necessitam de oxigénio, de um ventilador, podem estar
sujeitos a contraír displasia bronco pulmonar. Como resultado,
chega muito pouco oxigénio aos tecidos.
DMH – Ver “Doença da Membrana Hialina.
Doença da Membrana Hialina (DMH) – Ver “Sindroma
da Dificuldade Respiratória”.
Doença originada pelo Vírus Sincicial Respiratório
– Um a doença infecciosa causada por um vírus
que é muito comum e que pode ter implicações
graves nos bébés prematuros e em bébés
com doença cardíaca congénita.
Doença Pulmonar Crónica – Problemas respiratórios
crónicos causados por lesões do tecido pulmonar. Às
crianças que necessitam de apoio respiratório e/ou
suplemento de oxigénio durante mais de 28 dias é-lhes
diagnosticada esta situação. Também conhecida
por displasia pulmonar crónica.
DPC – Doença Pulmonar Crónica
Drenagem Vertebral (Punção Lombar): Um procedimento
de diagnóstico no qual o líquido vertebral é
extraído através de uma agulha inserida entre duas
vértebras lombares na área que contém líquido
cefalo raquidiano.
E
ECG – Ver “Electrocardiograma”.
Ecocardiograma – A utilização dos ultra-sons
para avaliar a estrutura e o funcionamento do coração
e das artérias.
Ecografia (Sonografia) – Uma técnica de diagnóstico
não invasiva que produz imagens de órgãos através
de ultra-sons (ondas sonoras de alta frequência).
EEG – Ver “Electroencefalograma”.
Electrocardiograma (ECG) – Um registo gráfico da actividade
eléctrica do coração.
Electroencefalograma (EEG) – Um registo gráfico da
actividade eléctrica do cérebro.
Elevado Risco – Um termo utilizado para descrever pessoas
ou situações que requerem uma atenção
especial e/ou intervenção para prevenir que um problema
se agrave.
Enfermeiros dos Cuidados Intensivos Neonatais – Profissionais
clínicos que estão treinados e possuem muita experiência
das necessidades especiais dos bébés prematuros.
Enfisema Intersticial Pulmonar – Complicação
na qual há pequenas rupturas no pulmão ou nas vias
aéreas com saída de ar.
Enterocolite Necrosante (NEC) – Uma doença do tracto
intestinal, causada por inflamação do tracto intestinal
ou por diminuição do fornecimento de sangue ao intestino.
Afecta principalmente os recém-nascidos prematuros e ainda
não se identificaram completamente as causas que a produzem.
Esta complicação nos bébés prematuros
em geral melhora, mas pode levar à perfuração
do intestino, sépsis ou morte.
Esfíncter Esofágico Inferior – O músculo
entre a junção do esófago e do estômago.
Normalmente, encontra-se fechado excepto durante o acto de engolir,
vomitar e de arrotar.
Exantema – Doenças nas quais as erupções
cutâneas são uma manifestação proeminente.
Exsanguínea, Transfusão – Método terapêutico
para icterícias e anemias graves consistindo na troca lenta
e sucessiva de pequenas fracções do sangue do recém-nascido
por sangue compatível.
F
Febre – Um aumento da temperatura do organismo.
FIO2 – Fracção de oxigénio no ar inspirado.
Fisioterapeutas – Profissionais clínicos que trabalham
com os bébés prematuros para os auxiliar no seu desenvolvimento
neuromuscular. Normalmente estão também envolvidos
no seguimento dos cuidados de desenvolvimento.
Fontanela – Espaços membranosos entre os ossos do crânio
do recém-nascido.
Fototerapia – Ver “Bililights”.
FQ – Frequência Respiratória de Alta Frequência.
FR – Frequência Respiratória em IMV/IPPV.
G
Gestação Completa – Nascido entre a 37ª
e a 42ª semanas de gravidez.
Gestação – O tempo passado no útero entre
a concepção e o parto. A gestação média
dos humanos é de 39 semanas.
Glóbulos vermelhos – As células do sangue que
transportam o oxigénio.
Glucose ou Glicose – Uma forma simples de açúcar
que fornece energia ao organismo.
Grande Prematuridade – Se nasceu antes das 28 semanas de gestação.
H
HELLP – Ver “Sindroma HELLP”.
Hemorragia Cerebral – Ver “Hemorragia Intraventricular”.
Hemorragia Intracraniana – Ver “Hemorragia Intraventricular”.
Hemorragia Intraventricular (Hemorragia Intracraniana, Hemorragia
Cerebral ou IVH / HIV) – Hemorragia que ocorre no cérebro
próximo dos ventrículos, onde existem vasos particularmente
frágeis.
Hemorragia Subaracnoidal – Hemorragia na área que envolve
o cérebro.
Hidrocefalia – Uma acumulação anormal de líquido
nos compartimentos do cérebro, caracterizada por um aumento
anormal da dimensão da cabeça e uma perda progressiva
do tecido cerebral.
Hiperbilirrubinémia – Ver “Icterícia”.
Hipertensão – Tensão arterial alta.
Hipertonia – Tónus muscular aumentado.
Hipoglicémia – Baixa do nível de açúcar
no sangue.
Hipotensão – Tensão arterial baixa.
Hipotonia – Tónus muscular deficiente.
Hipoxia – Uma carência de oxigénio no organismo.
HIPV – Hemorragia intraperiventricular.
HIV – Ver “Hemorragia Intraventricular”.
I
IC – Idade corrigida ou idade pós-concepcional.
Icterícia – Tonalidade amarela da pele causada pela
deposição dum pigmento, a bilirrubina, produzido pela
destruição dos glóbulos vermelhos.
Icterícia neo-natal – Acontece quando o fígado
do bebé ainda está imaturo e não é capaz
de processar a bilirrubina (pigmento), que se acumula no sangue,
fazendo com que a pele e os olhos do bebé fiquem amarelados.
O tratamento é feito através da fototerapia.
Idade Ajustada – Ver “Idade Corrigida”.
Idade Corrigida – A idade que um bébé prematuro
teria se não tivesse nascido antes da data prevista. Calcula-se
diminuindo a 40 semanas a idade gestacional do nascimento. Assim,
se um prematuro nasce após 28 semanas de gestação,
faltam 12 semanas para as 40 semanas, só quando tiver 3 meses
atingirá as 40 semanas de idade corrigida.
Idade Gestacional (IG) – O número de semanas desde
o primeiro dia do último período menstrual e a data
de nascimento.
IG – Ver “Idade Gestacional”.
Ileostomia – Uma abertura cirurgicamente criada na parede
abdominal que permite um desvio do intestino delgado para drenar
as fezes para um saco de resíduos. Este procedimento pode
ser necessário em casos de obstrução intestinal
e enterocolite necrosante.
Imunização – Administração de
uma vacina para induzir a produção de anticorpos e
proteger o organismo contra a infecção.
IMV – Ventilação Mandatória Intermitente.
Incubadora – Caixa de plástico transparente onde são
mantidos os bébés prematuros em condições
controladas e para os proteger de infecções. Equipada
com um sistema de aquecimento que permite manter o recém-nascido
quente e evitar a desidratação (a atmosfera é
bastante húmida).
Índice de Apgar – Ver “Apgar (Índice de)”.
INEM – Instituto Nacional de Emergência Médica,
possui ambulâncias medicalizadas próprias para o transporte
de recém-nascidos.
Infecção Nosocomial – Doença infecciosa
contraída no meio hospitalar.
Infecções Estreptocócicas de Grupo B (SGB)
- Um tipo de de infecção bacteriana com que os bébés
podem ser infectados durante o parto.
Inflamação – A resposta do organismo a uma lesão.
Pode incluir dor, calor, vermelhidão e inchaço.
Intervenção Precoce (IP) – Programas e serviços
para crianças com risco de atrasos de desenvolvimento.
Intestino Perfurado – Uma bertura no intestino.
Intravenoso (IV) – Distribuição de líquidos,
alimentos e/ou medicação directamente na veia.
Interno” ou “Estagiário” – Um médico
licenciado que está a completar um período de treino
de 2 a 3 anos antes de fazer o exame para se tornar um médico
especializado. Intubação – A inserção
de um tubo na traqueia através do nariz ou da boca para assistir
a respiração.
IO – Índice de Oxigenação.
IP – Ver “Intervenção Precoce”.
IPPV – Ventilação Pressão Positiva Intermitente.
IV – Ver “Intravenoso”.
IVH –Ver “Hemorragia Intraventricular”.
K
Kernicterus – Impregnação por bilirrubina do
encéfalo, com consequências neurológicas.
L
Lanugo – Uma penugem macia, fina e clara que cobre o corpo
do feto e de alguns bébés prematuros.
Leucomalácia Periventricular (LPV) – Lesão no
cérebro indicando áreas permanentemente lesadas.
Ligação Afectiva – O processo através
do qual os pais e a criança se tornam emocionalmente ligados.
Linhas Percutâneas – Ver “Catéteres Percutâneos”.
Líquido Pulmonar Fetal – Líquido produzido pelos
pulmões antes do nascimento.
LM – Leite materno.
LPV – Ver “Leucomalácia Periventricular”.
M
MAP – Pressão Média das Vias Aéreas (em
Ventilação de Alta Frequência Oscilatória
as siglas MAP e CDP são na prática utilizadas como
sinónimos, apesar de siopatologicamente terem significados
diferentes).
Mastite – Inflamação das glândulas mamárias.
Marcos do Desenvolvimento – Pontos importantes do desenvolvimento
do bébé como gatinhar, andar e falar.
MBP – Ver “Muito Baixo Peso”.
Mecónio – Matéria fecal verde escura expulsa
pelo feto logo após o nascimento.
Monitor – Um aparelho que regista informações
como os batimentos cardíacos, a temperatura corporal, a frequência
respiratória e a tensão arterial.
Monitor cardio respiratório – Aparelho que indica certos
elementos de vigilância do bébé: frequência
cardíaca, frequência respiratória, tensão
arterial, nível de oxigénio. Ligado ao bébé
através de fios em cujas extremidades se encontram eléctrodos
colocados na pele (3 em geral para as frequências cardíaca
e respiratória) ou através de um captador luminoso
(para a oxigenação) ou um aparelho de medir a tensão
arterial.
Muito Baixo Peso (MBP) – Se o peso ao nascer é inferior
a 1500g. Se o peso é < 1000g, designa-se por extremo baixo
peso.
N
Não Invasivo – Uma descrição de um procedimento
que não requer injecção, incisão ou
inserção num orifício do corpo.
NEC – Ver “Enterocolite Necrosante”
Neonatologista – Um médico especializado nos cuidados
clínicos e desenvolvimento de bébés prematuros
e de recém-nascidos doentes.
Neurologista – Um médico especializado no diagnóstico
e tratamento de doenças do sistema nervoso.
Nutrição Parentérica (Hiperalimentação)
– Distribuição de nutrição directamente
na corrente sanguínea do bébé, fornecendo os
nutrientes necessários como os hidratos de carbono, electrólitos,
proteínas, minerais, vitaminas e gorduras sem se utilizar
o aparelho digestivo.
O
OEA – Ver “Otoemissões Acústicas”.
Oftalmologista – Um médico especializado que pode diagnosticar
e tratar lesões oculares, incluindo a prescrição
de óculos, de medicação e realização
de cirurgias.
OMS – Organização Mundial de Saúde.
OPT – Optimização do volume pulmonar.
Organismos Gram-Negativos: Um tipo de bactéria que pode causar
infecções após a sua entrada no organismo do
bébé através de um tubo de respiração
ou durante o parto.
Otoemissões Acústicas (OEA) – Método
de rastreio da audição. Óxido Nítrico
– Gás distribuído para os pulmões para
melhorar a oxigenação de bébés extremamente
doentes.
Oxímetro – Aparelho que mede a quantidade de oxigénio
transportada pelos glóbulos vermelhos. A medição
faz-se através de um captador luminoso e indolor colocado
na mão ou no pé. O resultado é expresso em
percentagem de saturação da hemoglobina em oxigénio.
P
PaCO2 – Pressão Parcial de Dióxido de Carbono
Arterial,
PaO2 – Pressão Parcial de Oxigénio Arterial,
Paralisia Cerebral (PC) – Doença motora com aspectos
clínicos variáveis que se traduz por alteração
da força muscular, por vezes acompanhada de movimentos involuntários.
PC – Ver “Paralisia Cerebral”.
PCA – Persistência do Canal Arterial.
PEATC – Ver “Potenciais Evocados Auditivos do Tronco
Cerebral”.
Pediatra – Um médico especializado na assistência
à criança e ao adolescentenos seus diversos aspectos,
sejam eles preventivos ou curativos. Aspectos preventivos incluem
acções como aleitamento materno, imunizações
(vacinas), prevenção de acidentes, além do
acompanhamento e das orientações necessárias
a um crescimento e desenvolvimento saudáveis. Os curativos
correspondem aos diversos procedimentos e tratamentos das mais diversas
patologias exclusivas ou não da criança e adolescente.
Pequeno para a Idade Gestacional (PIG) – Diz-se do recém-nascido
cujo peso ao nascer está abaixo do percentil 10 para a sua
idade gestacional.
Período Perinatal – O momento que precede imediatamente,
durante e após o nascimento, normalmente da 28ª semana
de gestação até ao 7º dia após
o parto.
Período Neonatal – Os primeiros 28 dias de vida.
Persistência ou Patência do Canal Arterial (PCA) –
Canal que faz parte da circulação do feto e que não
encerrou após o nascimento sendo necessário fazer
tratamento.
PIG – Ver “Pequeno para a Idade Gestacional”.
PN – Peso de nascimento.
Pneumonia – Uma infecção dos pulmões
que leva a dificuldades respiratórias, tosse, dor no peito
e febre.
Pneumotórax – Ruptura nas vias aéreas com saída
de ar para o espaço entre o pulmão e a parede torácica.
PNV – Plano Nacional de Vacinação.
Posição de Canguru – Uma técnica de colocação
dos bébés no peito dos pais para permitir um contacto
directo com a pele.
Potenciais Evocados Auditivos do Tronco Cerebral (PEATC) –
Tal como os OEA, é um método de rastreio da audição.
Pré-Eclâmpsia – Situação da mãe
que associa a hipertensão a alterações da função
hepática e da coagulação e que determina muitas
vezes a necessidade do nascimento antes do tempo.
Prematuro – Recém-nascido com menos de 37 semanas de
gestação. Ver também “Grande Prematuridade”.
Pressão Respiratória Positiva Contínua (CPAP)
– Distribuição de oxigénio sob pressão
para ajudar a respirar e reduzir os episódios de apneia.
Um método de apoio respiratório que distribui um fluxo
constante de ar para os pulmões do bébé para
manter os alvéolos (sacos de ar) abertos a cada respiração.
Com este método é o bébé que se encarrega
de fazer toda a respiração.
Problemas de Desenvolvimento – Insucesso no alcance das esperadas
capacidades associadas à idade, podem incluir a coordenação
motora bruta e delicada (como virar-se sozinho, sentar-se ou apanhar
pequenos objectos com o polegar e outro dedo), sociabilidade, comunicação
e incapacidade de aprendizagem.
Prognóstico – Uma previsão do curso provável
e do fim da doença.
Punção Lombar – Ver “Drenagem Vertebral”.
R
Radiografia – Uma técnica de diagnóstico que
utiliza a radiação para ver as estruturas internas
do organismo.
RCIU – Restrição do Crescimento Intra-Uterino.
Reanimação – Ver “Ressuscitação
Cardiopulmonar”.
Recém-nascido (RN) – Do nascimento até aos 28
dias de idade.
Refluxo Gastroesofágico – O afluxo do conteúdo
do estômago até ao esófago, resultando ocasionalmente
no vomitar.
Respiração Assistida – Um tipo de respiração
apoiada no qual a máscara que cobre o nariz e a boca do bébé
tem um saco ligado e que é utilizado para bombear ar e/ou
oxigénio para os pulmões do bébé.
Ressuscitação Cardiopulmonar (Reanimação)
– Um método de reanimar uma pessoa cujos batimentos
cardíacos e a respiração pararam ou diminuíram
de uma forma anormal.
Restrição do Crescimento Intra-Uterino (RCIU) –
Aplica-se quando há um deficiente crescimento dentro do útero.
(sinónimo de ACIU)
Retinopatia da Prematuridade (ROP) – Uma doença da
retina do olho característica dos bébés prematuros
e que se traduz no crescimento anormal dos vasos sanguíneos
oculares.
Rigidez – Músculos muito tensos.
RN – Ver “Recém-nascido”.
RNMBP – Registo Nacional de Recém-nascido com peso
nascimento inferior a 1500g.
ROP – Ver “Retinopatia da Prematuridade”.
S
SDR – Ver “Sindroma de Dificuldade Respiratória”.
Sépsis – A presença de uma bactéria e/ou
respectivas toxinas na corrente sanguínea.
SGB – Ver “Infecções Estreptocócicas
de Grupo B”.
Shunt – Uma passagem implantada cirurgicamente entre 2 áreas
do corpo, como por exemplo um shunt ventriculoperitoneal que drena
o líquido dos ventrículos cerebrais para a actividade
abdominal de uma criança com hidrocefalia.
SIMV- Ventilação Mandatória Intermitente Sincronizada.
Sindroma de Dificuldade Respiratória (SDR) – Um distúrbio
respiratório em pulmões imaturos causado pela ausência
de surfactante.
Sindroma HELLP (HELLP): Trata-se de uma complicação
obstétrica com risco de vida, sendo considerada por muitos
uma variação da pré-eclâmpsia. Pode surgir
na gravidez ou, por vezes, após o parto. HELLP é a
abreviação dos três principais elementos do
sindroma:
• H - Hemólise, do inglês: Hemolytic anemia;
• EL - Enzimas hepáticas elevadas, do inglês:
Elevated Liver enzymes;
• LP - Baixa contagem de plaquetas, do inglês:Low Platelet
count.
A morbilidade e mortalidade materno-fetal dependem da gravidade
da apresentação clínico-laboratorial e da idade
gestacional em que esta síndroma se instala. A causa exacta
é desconhecida , a sintomatologia muito inespecífica
e o tratamento mais eficaz é o parto.
Sonografia – Ver “Ecografia”.
Surfactante – Uma substância produzida pelo pulmão
que ajuda a manter os pequenos alvéolos (sacos de ar) expandidos
e previne que estes se danifiquem. Os prematuros não o produzem
em quantidade suficiente pelo que muitas vezes tem que lhes ser
administrado.
Surfactante Exógeno – Um líquido administrado
directamente nos pulmões que corrige a ausência de
surfactante endógeno, evitando deste modo significativos
problemas respiratórios.
T
TAC – Tomografia axial computorizada.
Taquicardia – Frequência cardíaca mais elevada
que o normal.
Taquipneia Transitória do Recém-nascido – Uma
respiração rápida que melhora gradualmente
nas primeiras horas ou dias após o nascimento.
Te – Tempo expiratório.
Tensão Arterial – A pressão que o sangue exerce
sobre as paredes dos vasos sanguíneos. Esta tensão
permite ao sangue fluir através dos vasos sanguíneos.
Terapeuta da Respiração – Um profissional clínico
treinado no uso do equipamento respiratório.
Terapeuta Ocupacional – Um profissional clínico que
se especializou no auxílio de tarefas relativas ao desenvolvimento
e que incluem o uso dos braços, mãos, boca e língua.
Terapia com Oxigénio – Qualquer método de distribuição
de um suplemento de oxigénio a um bébé.
Termo ou RN de Termo – Diz-se do recém-nascido cuja
idade gestacional está entre 37 semanas e 41 semanas e 5
dias.
TET – Ver “Tubo Endotraqueal”.
Ti – Tempo Inspiratório.
Transfusão de sangue – Administração
de sangue de um dador saudável para um doente.
Tratamento por Nebulizador – Um método de administração
de medicação através da transformação
do medicamento em pequenas gotículas para inalação.
Tubo Endotraqueal (TET) – Um tubo inserido através
do nariz ou da boca até à traqueia, permitindo a ligação
ao ventilador e que o ar e/ou oxigénio fluam para os pulmões
sem passar pelo nariz.
Tubo Nasogátrico (Tubo NG) – Um tubo fino e flexível
que é inserido através das narinas, passando pelo
esófago até ao estômago, utilizado para distribuir
alimentos no estômago ou para remover líquidos deste.
Tubo NG – Ver “Tubo Nasogátrico”.
Tubo OG – Ver “Tubo Orogástrico”.
Tubo Orogástrico (Tubo OG) – Um tubo fino e flexível
que é inserido através da boca, pelo esófago,
até ao estômago utilizado para distribuir alimentos
no estômago ou para remover líquidos deste.
Tubo Traqueal – Um tubo flexível que é cirurgicamente
inserido na traqueia para ajudar o bébé a respirar.
U
UCIN – Ver “Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais”.
UCF’s – Unidades Coordenadoras Funcionais , estruturas
de ligação entre os centros de saúde e os hospitais.
Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN) – Departamento
do hospital onde são tratados os recém-nascidos que
necessitam de cuidados intensivos.
V
VAF – Ventilação de Alta Frequência,
VAFO – Ventilação de Alta Frequência Oscilatória.
VC – Ventilação convencional.
Vc (Vt) – Volume corrente (sinónimo de volume tidal).
Ventilador – Um aparelho que mantém o fluxo normal
de ar para dentro e para fora dos pulmões. É um equipamento
que leva ar ao pulmão e permite a contracção
passiva dos pulmões e tórax depois de se terem dado
as trocas de oxigénio(O2) por dióxido de carbono (CO2).
Há muitos modos de utilização dos ventiladores
e vários tipos de equipamentos dependendo das situações
clinicas e também das escolhas feitas nas unidades. O objectivo
da ventilação é manter o pulmão expandido
e permitir as trocas gasosas .
Hoje utiliza-se muito o CPAP nasal (Ver “CPAP”). No
entanto, nalguns bebés que têm o pulmão mais
colapsado e músculos menos desenvolvidos, é necessário
fazer ventilação invasiva usando um tubo dentro da
traqueia (Ver “Ventilação Invasiva”) .
Ventilação Invasiva – Esta ventilação
pode ser feita de forma mais ajustada com o bebé com vários
modos possíveis ou também pode ser feita usando frequências
suprafisiológicas e menores volumes como com a Ventição
de Alta frequência.
Vírus Sincicial Respiratório (VSR) – Um vírus
comum, facilmente transmitido que causa doenças respiratórias.
A infecção pode estar limitada ao tracto respiratório
superior (nariz, garganta e seios nasais) ou pode alastrar-se ao
tracto respiratório inferior (pulmões e bronquíolos),
dando origem a pneumonia e a bronquiolite.
VSR – Ver “Vírus Sincicial Respiratório”.
X
XXS – Designação em Inglês para “Extra
Extra Small / Extra Extra Strong”, extremamente pequeno /
extremamente forte.
Fontes:
• “Nascer Prematuro – Um manual para os pais dos
bébés prematuros” – Secção
de Neonatologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria (Hercília
Guimarães, Teresa Tomé, Daniel Virella, Gabriela Mimoso)
• “Guia dos Pais do Bébé Prematuro”
– Abbott Laboratórios Limitada
• www.sosprema.com
• www.nascerprematuro.org
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